Insatisfação de moradores cria entrave para realização do GP de Miami da F1

Uma ação judicial dos moradores de Miami Gardens tenta impedir permanentemente a realização de corridas na região

O GP de Miami ganhou mais um capítulo de sua arrastada novela. Apesar de um contrato de dez anos com a Fórmula 1 para a realização de corridas, a estreia segue sem a menor perspectiva de acontecer nos próximos tempos. É que há uma batalha forte com organização, prefeitura e F1 de um lado e os moradores da região do futuro autódromo do outro. E a disputa foi a um outro patamar neste domingo (1), com os residentes entrando com um processo para barrar a realização da prova.

A corrida passa por uma série de complicações desde o acordo com o Liberty Media. Já houve troca de traçado e, desde que o Hard Rock Stadium – casa dos Miami Dolphins, da NFL – foi escolhido como sede da pista, mais embates aconteceram. No centro disso tudo, moradores da região do Miami Gardens e o prefeito do condado de Miami-Dade, o republicano Carlos Giménez, que tenta uma vaga no Congresso Federal nas próximas eleições americanas.

O governante é acusado pelos moradores da região de não respeitar as opiniões dos moradores, seguindo com o projeto mesmo após diversas manifestações locais que pediam que a corrida fosse barrada em um autódromo urbano. O máximo que aconteceu foi uma leve mudança no traçado, bem como nos horários das provas, empurrando os treinos livres para mais tarde para que não afetassem os turnos das escolas do bairro. Não adiantou.

GP de Miami não tem tido vida fácil para acontecer (Foto: Divulgação)

Após uma votação entre comissários locais em fevereiro que permitiu que esportes a motor pudessem ser realizados na região, os moradores se organizaram e, agora, entraram com uma ação de Processo Federal de Direitos Civis contra as partes envolvidas na tentativa de realização da corrida da F1. E a alegação é baseada em discriminação racial, já que a população local é composta majoritariamente por afro-americanos. A ação ainda acusa o prefeito de conspirar com os demais réus – a F1, os Dolphins e o Liberty Media – para levar a F1 ao local e que isso violaria os direitos constitucionais dos residentes.

“Tentar introduzir uma corrida em nossa comunidade sem quase nenhuma contribuição dos residentes que seriam afetados é ultrajante e desrespeitoso com uma comunidade que é predominantemente afro-americana e que frequentemente tem suas vozes ignoradas. Isso é racismo, puro e simples. Uma corrida de F1 na nossa comunidade iria certamente afetar a qualidade de vida. Não vou conseguir sentar no meu quintal sem um protetor de ouvido e me preocupar com o aumento da minha pressão arterial pelo barulho. Não poderei ir ao mercado, shopping, farmácia, academia ou qualquer coisa do tipo sem ficar presa em um engarrafamento enorme”, disse Betty Ferguson, ex-comissária do condado de Miami-Dade e residente de Miami Gardens.

Os moradores buscam uma medida que proíba permanentemente a realização de uma corrida de F1 na região, bem como qualquer outro evento de esporte a motor. Barbara Jordan, comissária local que há meses tenta barrar a prova, cobra o fato de que não houve consulta aos moradores para a avaliação do projeto.

O Liberty Media e o promotor da corrida, Stephen Ross — que é dono do Miami Dolphins — trabalham para garantir a prova há cerca de dois anos. Os moradores, contudo, seguem se provando bem resistentes à ideia e agora tentam uma medida definitiva.

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