Norris despenca em briga contra gigante Verstappen e não está pronto para reinar na F1

Lando Norris perdeu. A derrota já estava evidente há algumas semanas, mas agora foi confirmada matematicamente. É uma demonstração de forças e fraquezas, certezas e dúvidas

Chegou ao fim oficialmente qualquer possibilidade de Lando Norris surrupiar de Max Verstappen o título do Mundial de Pilotos da Fórmula 1 2024. A verdade é que a aula magna do Brasil encerrou efetivamente o campeonato a favor do agora tetracampeão, mas só agora, com o fato consumado em Las Vegas, é que dá para colocar uma exclamação nas conclusões sobre como a derrota foi construída.

Apesar das conclusões precisarem esperar o fim da história, a régua passada no que poderia ser e no faz de contas que talvez aconteça, as razões para a derrota estiveram estirados frente aos olhos por longos períodos de tempo. E é necessário repassar, mas partindo de um princípio fundamental: hoje, em novembro de 2024, Verstappen é mais piloto que Norris em absolutamente todos os quesitos. É mais completo e mais espetacular. É mais cerebral e mais agressivo. É o cara da F1.

Mas outra coisa precisa ser estabelecida antes da sequência. Pelo fato da McLaren ter tido, por boa parte do ano, o carro #1 do grid em média frente às rivais, há uma sensação equivocada de que Norris teve em mãos um carro dominante em 2024. E não teve, a não ser em corridas específicas, como o GP dos Países Baixos, por exemplo.

“Não foram tantas oportunidades perdidas quanto as pessoas pensam”, disse em entrevista recente ao portal inglês The Race.

Lando Norris nunca dominou tanto na F1 quanto no GP dos Países Baixos de 2024 (Foto: AFP)

“Em geral, acham que foi muito pior do que realmente foi e que éramos muito mais rápidos do que realmente fomos. É um cumprimento, de certa forma, porque mostra como evoluímos”, falou.

“E estou orgulhoso de que, em dias em que éramos realmente tão rápidos, como Singapura ou Zandvoort, fui eu quem estive lá tirando o máximo dessas oportunidades”, colocou.

Isso não é limpar a barra de Norris a sabão de coco, longe disso. O que pega mais contra o piloto da McLaren nem é a perda do título num campeonato em que já começou dezenas de pontos atrás contra o atual tricampeão e melhor piloto do mundo. Verstappen ainda tinha o carro dominante de 2023 nas primeiras corridas do ano, ao menos até Miami, e fez a classificação do campeonato assim indicar. O pior de tudo é o fato de que, mesmo desde que a Red Bull deixou de ter o melhor carro, Miami em diante, Norris fez menos pontos que Verstappen. Jamais chegou realmente perto de converter a desvantagem do campeonato.

As chances se perderam por diferentes arestas. Uma delas, talvez a mais forte, a força mental e destreza para dançar durante um combate sangrento. Todas as vezes em que foi preciso apertar o cinto e jogar duro, Verstappen mostrou que a personalidade está posicionada no lugar certo. Norris, não. Parecia sempre deslocado com uma luta de espadas, como quem quisesse resolver tudo num aperto de mãos que ninguém quis oferecer.

No fim das contas, Norris terminou 2024 engolido por Verstappen (Foto: McLaren)

Foi assim nas brigas de pista em que Max jogou tão duro quanto as regras permitiram e fizeram de Norris, como no México, uma vítima assustada atrás do bicho papão. Depois de toda aquela confusão, que no fim das contas renderia 20s de punição a Verstappen, ficou pacientemente atrás vendo as chances de pegar Carlos Sainz e vencer a corrida cair por terra. Verstappen, por outro lado, jamais temeu Norris quando os dois se encontraram.

Há uma conversa honesta para se ter por aqui. Norris tem um traço equivocado de personalidade por ser piloto que dá o espaço justo para oponentes em brigas por posição? Não, é claro, mas é sempre preciso ler a sala e entender do que é feito o oponente contra quem briga. Grandes rivais se moldam um ao outro, é normal que seja assim, até para minimizar os pontos mais fortes contra os quais lutam. Faltou a Norris saber como duelar na pista como Verstappen.

Claro que não é só isso. Quando as coisas não se manifestaram a favor, Norris deixou que a situação se apossasse de si. Foi o que aconteceu no Brasil, após a estratégia da McLaren cair por terra e a sorte sorrir para Verstappen. Foi o que aconteceu também na classificação do Azerbaijão, com o erro no momento-chave do Q1. Aconteceu mais do que deveria.

E isso sem falar nas largadas. O piloto termina o ano se defendendo e dizendo que não larga tão mal assim, que Verstappen é quem larga bem, e que se você tiver um carro dominante nada disso importa, como em Zandvoort. E de fato tudo isso é verdade, mas também mostra uma resignação que beira o inaceitável. Então, Lando, você só vai ser campeão se tiver um carro dominante? Enquanto as forças estiverem equilibradas vai pacientemente assistir o oponente te jantar sempre que preciso? É necessário evoluir. É necessário ter o bom e velho instinto assassino.

Resta esperar o repeteco da briga para 2025 (Foto: Pirelli)

Na contagem geral de 2024, que ainda tem a briga pelo título Mundial de Construtores pela frente, vai sair satisfeito, jura, com o que aprendeu.

“Foi melhor do que as pessoas pensam. Certamente perdemos oportunidades, mas estou contente com minha temporada. Tirei muita coisa dela. As coisas são não caminharam de acordo com nosso plano. Algumas corridas simplesmente escaparam de nós, mas estou feliz com o ano que tive, porque ficou claro que, quando as coisas dão certo, podem ser incríveis”, afirmou.

Para 2025, as meias palavras já não vão bastar. Será um ano em que a McLaren vai chegar com status de favorita, e sabe disso. “Isso é muito claro. Enquanto equipe, ano que vem é o ano. Lutar pelos dois títulos desde o começo é um dever. Será a primeira vez na F1 em que posso dizer ‘estamos na briga pelo título’ no início do ano”, completou.

As expectativas serão outras. A McLaren terminará o ano fazendo festa caso conquiste o Mundial de Construtores, primeiro desde 1998, e certamente será um feito imenso para uma equipe que há 10 anos terminou o campeonato com a nona colocação entre dez equipes. A recuperação é elétrica, sem dúvida alguma. A McLaren voltou a ser um time grande na F1, e Norris é parte fundamental na retomada. Agora é preciso se tornar o piloto capaz de encaminhar esse emblema laranja ao ponto mais alto do campeonato individual. A pressão para 2025 será um colosso.

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