Líder de hegemonia similar à da Ferrari dos anos 2000, Horner vê Vettel “entre os melhores da história”

Chefe da Red Bull e membro da 'santíssima trindade' do time dos energéticos ao lado de Adrian Newey e Sebastian Vettel, Christian Horner exalta tetracampeão mundial, comenta dificuldades com as mudanças no regulamento para 2014 e aponta segredo do sucesso do pupilo alemão: "Ele é totalmente comprometido com aquilo que faz"

 
O sucesso absoluto da parceria entre Sebastian Vettel e a Red Bull nas últimas quatro temporadas da F1 causa verdadeiro assombro não apenas entre os fãs da categoria como também dentro do próprio paddock. Um domínio como o atual não era visto desde a histórica união entre Michael Schumacher e a Ferrari, no início da década de 2000. Na ocasião, foram cinco títulos consecutivos de pilotos – feito que pode ser igualado por Vettel em 2014 – e seis de construtores, entre 1999 e 2004. Ninguém esperava que isso pudesse ser repetido tão cedo, mas a verdade é que a história teve pressa para ser reescrita.
 
Para efeito comparativo, em números absolutos, entre 2009  ano da chegada do mais novo tetracampeão mundial à escuderia dos energéticos  e 2013, foram disputados 94 GPs. A Red Bull venceu exatamente metade deles – 47, sendo 38 com Seb. A proporção do domínio ferrarista no mesmo período dez anos antes é maior, mas bastante semelhante: em 83 corridas entre 1999 e 2003, o time de Maranello venceu 48, sendo 37 de Schumi. A repetição é flagrante e com contornos incrivelmente parecidos. 
 
A exemplo do que ocorria com a Ferrari, que contava com Schumacher, Ross Brawn e Jean Todt como forças motrizes daquele histórico domínio, o time rubrotaurino também é formado por uma tríade quase sagrada nos dias atuais: um piloto genial como Vettel, o maior projetista de todos os tempos, Adrian Newey, e o precoce e talentosíssimo chefe de toda a organização, Christian Horner, um ex-piloto de resultados para lá de medianos e que soube refazer seu caminho para alcançar a glória na categoria máxima do automobilismo fora do cockpit, liderando um dos conjuntos de maior sucesso em todos os tempos.
Christian Horner e Sebastian Vettel, nomes para a história da F1 (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
É ele quem afirma, com conhecimento de causa, que sua acertada aposta merece estar entre os gigantes, no mesmo Olimpo que abriga o próprio Schumacher, Ayrton Senna, Jim Clark, Juan Manuel Fangio e alguns poucos outros. "Eu acho que, sem qualquer dúvida, Sebastian precisa estar entre os melhores pilotos da história da F1. Basta ver todos os recordes que ele bate e continua batendo", afirmou o dirigente. "Do meu ponto de vista, ele ainda é muito jovem e apenas fica melhor a cada dia. Além disso, Seb possui um grande talento, mas também se dedica ao máximo ao seu trabalho. Quer dizer, ele é totalmente comprometido com aquilo que faz" – característica comum aos maiores campeões.
 
"Ele é uma pessoa muito fácil de se lidar. É uma pessoa bastante focada. Possui um senso crítico sobre seu trabalho bastante duro. Mas é um grande prazer trabalhar com ele." Para o britânico, nas entrelinhas, Seb é um piloto sem defeitos. Quando questionado sobre qual seria o ponto fraco da estrela alemã, a resposta, com o típico humor natural aos campeões, não deixou dúvidas: "As piadas. As piadas são muito fracas. A maioria delas."
 
Trabalho, união e sintonia: as chaves do sucesso
 
Perguntado pelo GRANDE PRÊMIO sobre qual é o segredo do sucesso da Red Bull, Horner não titubeou e apontou trabalho e união como itens principais. "Eu acho que é uma combinação de fatores que faz a equipe ser tão forte e ter se tornado tão forte, especialmente na segunda parte desta temporada. Acredito que isso se deve ao trabalho de total união que esse time possui", afirmou. "Para vencer neste mundo e desta forma, você precisa que todos trabalhem da mesma maneira e em perfeita sintonia. Em harmonia mesmo. E é isso que procuramos fazer a cada dia. Mas não é fácil trabalhar desta maneira, é um desafio, mas acho que estamos conseguindo fazer isso e melhorando a cada ano."
 
"É um desafio se manter no topo deste esporte. Mas cada membro desta equipe está sempre motivado para conseguir manter esse status", prosseguiu.
 
A conquista antecipada dos títulos de 2013, para Christian, também contribuiu com os planos do time para 2014. "Claro que foi bom ter conquistado o título por grande antecipação neste ano, pois isso também nos possibilitou trabalhar no novo carro, ou seja, direcionar mais recursos nos preparativos para o próximo ano. Nos dois últimos anos, nós vencemos, mas as regras não mudaram e fomos capazes de trabalhar de forma equilibrada e bem. Mas, para o ano que vem, acho que vai ser desafiador para todas as equipes."
 
As mudanças para 2014
 
A exemplo das demais equipes, Horner também se preocupa com as grandes alterações técnicas no regulamento para o próximo campeonato, e aponta a troca dos motores V8 aspirados pelos V6 turbo como a maior delas. "Eu acho que a mudança mais drástica para 2014 é, sem dúvida, o motor. E provavelmente está será a alteração mais severa que já tivemos nos últimos anos na F1", ressaltou o britânico. "Isso terá um impacto dramático sobre todos, sem a menor sombra de dúvidas. E apenas nas primeiras corridas do próximo ano é que teremos uma noção melhor de tudo isso."
 
E apontou para o início de uma nova dinâmica para a definição da hierarquia do grid do próximo ano: a da potência dos propulsores como um fator mais determinante para bons resultados do que a construção do chassi em si. "Acho que, claro, os fabricantes serão o diferencial para cada equipe em 2014. E esse é um preço que teremos de pagar, porque os motores vão se tornar a chave do sucesso, muito mais do que o carro em si."
 
A durabilidade dos motores, para o chefe da Red Bull, é o item que exige maior preocupação no novo projeto. "Atualmente, é impossível falar sobre o que os outros estão fazendo ou como estão trabalhando. O que podemos falar é sobre nós. Estamos trabalhando muito e tentando fazer o melhor que pudermos, especialmente no que diz respeito à confiabilidade, que é a maior preocupação de todos neste momento."
 
Seb e Dani
 
Escolhido por Horner como substituto de Mark Webber na equipe a partir de 2014, Daniel Ricciardo ganhou elogios e já provoca no inglês uma expectativa de relação pacífica dentro dos boxes rubrotaurinos – diferente da convivência áspera entre Vettel e Webber nos últimos cinco campeonatos. "Eu acho que a relação entre Sebastian e Daniel será muito diferente", afirmou.

"Daniel é muito mais jovem e ainda está aprendendo como tudo isso funciona. Com Mark era diferente, porque Mark estava no auge de sua carreira quando Seb entrou na equipe. Era uma dinâmica diferente. Eu acho que, agora, Daniel precisa apenas olha e aprender tudo que puder com Seb", explicou.

 
"Daniel é extremamente rápido e muito suave. Possui um talento natural e convive bem com a pressão. Sabe como reagir bem à ela, o que é sempre encorajador. Realmente, estamos ansiosos para ver o que ele pode fazer", encerrou o dirigente.
 
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