Verstappen sobrevive ao caos e vence corrida maluca no GP do Canadá de Fórmula 1
Foi uma corrida do jeito que o amante do automobilismo gosta: chuva, pista seca, caos e belíssimas disputas valendo o pódio. Mas a vitória do GP do Canadá ficou mesmo com Max Verstappen
O caos era esperado, e ele veio, mas o salseiro trouxe neste domingo (9) a melhor corrida da temporada 2024 da Fórmula 1. A água no chope, por assim dizer, é que o vencedor foi novamente Max Verstappen, porém o neerlandês precisou contar com a ajudinha do safety-car para assumir a liderança e ditar o ritmo.
É claro que a chuva roubou a cena, e é claro que não faltou confusão ao longo da prova, a começar pelo pequeno enrosco de Sergio Pérez e Pierre Gasly, porém nada que forçasse a entrada do safety-car. O carro de segurança, contudo, deu o ar da graça em dois momentos: primeiro com Logan Sargeant e, depois, num erro de Carlos Sainz que destruiu a bela corrida de Alexander Albon.
Mas o que contou mesmo foi o momento das paradas — e a sorte, que dessa vez sorriu para Verstappen no instante da primeira intervenção sob bandeira amarela. Àquela altura, era Lando Norris o líder e incrivelmente mais rápido, com 11s de vantagem sobre o neerlandês, porém a janela abriu no momento para obrigar Lando a ter de dar mais uma volta na pista.
Com Verstappen na ponta — e agora com um jogo de pneus rendendo muito mais —, não tinha o que fazer. Dando aula em relargadas, só precisou cuidar para manter os demais adversários a uma distância segura. A McLaren, na verdade, até veio forte com Norris, e a Mercedes arriscou um pit-stop extra para buscar o pódio no fim. Mas a vitória já estava mais uma vez decidida na temporada 2024 da F1.
A briga pelo top-3, aliás, foi muito boa no fim. Primeiro, George Russell forçou de todas as formas ultrapassagem sobre Oscar Piastri a seis voltas do fim e levou a pior, já que houve contato. Lewis Hamilton, então, aproveitou-se para buscar o australiano e ganhou o terceiro lugar, só que Russell não se deu por vencido e foi buscar o pódio na marra.
Hamilton terminou em quarto, com Piastri na quinta colocação. Fernando Alonso foi o sexto, à frente do companheiro de equipe, Lance Stroll. Daniel Ricciardo levou a RB ao oitavo posto, enquanto a Alpine fechou a zona de pontos, com Pierre Gasly e Esteban Ocon.
A Fórmula 1 volta entre os dias 21 e 23 de junho, em Barcelona, com o GP da Espanha, décima etapa da temporada 2024.
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Confira como foi o GP do Canadá de F1:
Assim que o pit-lane foi liberado, os pilotos partiram para a formação do grid de largada com a pista ainda bastante molhada, portanto os pneus de chuva extrema foram a escolha — e ao menos para aquela meia hora antes da largada, eram os ideais. Piastri, por exemplo, arriscou os intermediários e teve trabalho para segurar o carro ao longo dos 4.361 m do circuito Gilles Villeneuve.
A chuva, no entanto, deu uma leve trégua para a largada, porém a ameaça de mais água até o final era iminente. E, de fato, voltou a garoar instantes antes de a pista ser liberada para a volta de apresentação dos pilotos.
Apesar das condições — 16°C de temperatura ambiente, 20°C de asfalto e 76% de umidade relativa do ar —, apenas os carros da Haas resolveram partir para o primeiro stint com os compostos de faixa azul, enquanto todos os demais foram de intermediários. Na pole-position, Russell tinha a companhia de Verstappen, enquanto os carros da McLaren ocupavam a segunda fila, Norris e Piastri nessa ordem.
Luzes apagadas, Russell sabia que não poderia errar a partida para neutralizar qualquer ataque de Max, e foi exatamente o que aconteceu. Foi por pouco, mas o suficiente para mantar o tricampeão atrás, enquanto Alonso pulava para quinto, trazendo consigo Hamilton. Daniel Ricciardo, por sua vez, perdia dois postos, caindo para sétimo.
De repente, ao final da volta 1, Kevin Magnussen surgiu no top-10, ganhando sete posições; Nico Hülkenberg vinha no mesmo embalo no instante em que mais um temporal desabava sobre Montreal. Tática certeira do time chefiado por Ayao Komatsu.
Na volta 3, Russell já conseguia abrir 2s5 para Verstappen, mas o destaque era todo para Magnussen, brigando contra Piastri pelo quarto lugar — e levando com muita facilidade. O dinamarquês era o mais rápido até então, e Hülkenberg já crescia nos retrovisores de Hamilton e Alonso, em sexto e sétimo, respectivamente.
Enquanto isso, Pérez era apenas 18º, perdendo posições após colisão com Pierre Gasly, e o piloto da Alpine chegou a ficar meio de lado. Já a Ferrari seguia o martírio no meio do pelotão, longe do top-10. Com problemas de motor, Leclerc era informado pelo engenheiro que a perda já era de 0s5 por volta nas retas.
Na volta 7, em duelo válido pelo quinto lugar, Hamilton tentou se valer de um pequeno vacilo de Alonso, mas acabou perdendo o ponto de freada na primeira chicane, sendo obrigado a devolver posição. O curioso é que Fernando, ao sair do traçado, por muito pouco não perdeu o controle do carro, mas segurou bem e manteve o posto.
A alegria da Haas durou 8 voltas. Magnussen foi o primeiro a entrar nos pits para trocar pelo intermediários, já que a pista melhorava consideravelmente à medida que, sem chuva, o asfalto começava já a formar um trilho. Só que o pit-stop foi muito atrapalhado, e Kevin retornou apenas em 14º.
Volta 11, Verstappen já surgia a pouco mais de 1s de Russell após sequência de voltas rápidas. Vários trechos da pista já tinham trilho, porém ainda não era momento para arriscar slicks. A Haas, aliás, não teve outra escolha a não ser chamar enfim Hülkenberg dois giros depois para a troca. O alemão despencou para o penúltimo lugar.
Na frente, a diferença entre Russell e Verstappen era cada vez menor, só que a dificuldade para ultrapassar ficou evidente ante a não liberação do DRS — procedimento normal de condições de chuva. Quem vinha babando atrás era Norris, tirando mais de 1s por volta e muito perto de se colocar na briga.
No giro 17, Max ainda pegou a linha branca na parte de dentro da chicane e escapou, virando presa fácil para Lando. Com o trilho ainda mais evidente, o DRS foi liberado. Norris tentou no retão de Montreal, porém Verstappen resistiu, mantendo-se 0s4 à frente. O #4 da McLaren tentou novamente, agora com muito mais ação. Perto da chicane que traz para a reta dos boxes, no giro 20, o tricampeão deu o lado de fora, e foi por ali mesmo que Norris passou, em um belíssimo movimento.
Russell era o próximo da fila, e não havia o que fazer. Lando executou a mesma manobra e abriu o giro 22 na liderança. George ainda perdeu totalmente a tomada da curva e retornou ao traçado em cima de Verstappen, que foi esperto não só para evitar a batida, como também recuperar o segundo posto.
Enquanto isso, a transmissão buscava Charles Leclerc sendo ultrapassado por Albon e Yuki Tsunoda, completamente sem ritmo. Norris, por sua vez, já levada 11s de vantagem, só que tudo foi por água abaixo no momento em que Sargeant rodou sozinho e bateu de traseira, ficando atravessado na pista.
O safety-car entrou na pista, e como é de praxe, a intervenção abriu a primeira janela de pits. Verstappen, Russell, Piastri, Hamilton e Alonso aproveitaram o momento e conseguiram parar na volta do carro de segurança, só que Norris entrou apenas no giro seguinte. A diferença era grande o bastante para devolvê-lo num bom terceiro lugar, mas seria preciso remar tudo de novo em busca da liderança.
De repente, Leclerc foi para os boxes e calçou slicks, arriscando tudo em uma corrida já bastante comprometida. Ainda houve muita demora nos boxes, possivelmente para tentar resolver o problema de motor, e Charles voltou em 19º.
O carro de segurança saiu na abertura do giro 30, e Max, sempre muito bom em relargadas, manteve o primeiro lugar com tranquilidade. Só que, como era previsto desde voltas atrás, a chuva voltou a cair tão forte que o DRS voltou a ficar inativo, ou seja: Leclerc retornou aos boxes. Erro grotesco de estratégia de uma Ferrari que foi do céu ao inferno em um espaço de duas semanas
Na volta 32, veio a que provavelmente será a ultrapassagem mais bonita da temporada: Albon colocou na linha de fora para fazer a ultrapassagem sobre Ricciardo e, de quebra, ainda levou Ocon por dentro na primeira perna da chicane que leva para a reta principal. Manobra belíssima que valou o nono lugar.
Enquanto isso, Verstappen levava 2s4 para Russell, que mantinha Norris a 1s de distância. Piastri, Hamilton, Alonso, Tsunoda, Stroll, Albon e Ocon fechavam o top-10. Sainz era o 13º e Pérez, apenas o 15º. O detalhe era que Tsunoda, Ocon e Valtteri Bottas vinham ainda sem a primeira parada, certamente apostando no momento para enfim calçar slicks.
Novamente o sol raiou e trouxe de novo o trilho. Dessa vez, na volta 41, a Alpine é quem escolheu arriscar com os slicks para Gasly, mas a dificuldade de andar ainda era grande. Na frente, Norris errava a curva 1 e perdia contato com Russell, enquanto Verstappen levava quase 4s de vantagem sobre o piloto da Mercedes.
Dali em diante, foi um salseiro, porque o tempo de Gasly começou a melhorar consideravelmente. Era, portanto, o momento de parar para trocar pneus. Dos líderes, Hamilton foi o primeiro a parar e colocou compostos médios. Piastri veio em seguida, também com o mesmo tipo.
Verstappen e Russell foram na 46, porém Norris permaneceu. Era um risco, mas muito válido, já que os pneus slicks precisariam de ao menos uns dois giros até atingir a janela ideal de performance. Foram duas voltas que colocaram as distâncias entre os dois em mais de 21s, com tempo de perda de boxes em cerca de 18s.
E Lando conseguiu, de fato, voltar com o carro à frente de Max, em ótimo trabalho da McLaren, só que eram slicks sambando no trecho úmido, enquanto Verstappen já estava no traçado seco. Foi por pouco, e Norris quase perdeu o controle.
Volta 51 de 70, todos já estavam com compostos de pista seca, porém Russell era o único dos líderes com os duros. O ritmo, de fato, era bem melhor que o da McLaren, tanto que passou Norris instantes antes e subiu para segundo, mas um erro na chicane fez o #4 retomar o posto.
Volta 53, e Pérez apareceu com a asa traseira quebrada. O replay mostrou o momento em que o mexicano perdeu o controle e não evitou a batida. Em sequência, foi a vez de Sainz rodar e, com o carro desgovernado, acabar com a corrida de Albon.
Safety-car em ação, e a Mercedes, no pulo do gato, chamou os dois carros para mais uma troca, aproveitando a larga distância que mantinham para Alonso. A estratégia foi válida, já que voltaram em quarto e quinto, porém com chances de atacar Piastri na relargada.
Fim do giro 58, a pista novamente foi liberada, com Verstappen dando mais uma aula de relargada e colocando mais de 1s sobre Norris na metade da volta. E a parte final da prova foi um deleite para o torcedor: inúmeras trocas por posições, Russell endurecendo para cima de Piastri e perdendo postos, mas recuperando o pódio no fim, com sangue nos olhos. Foi um belo final para mais uma vitória de Verstappen na F1.
F1 2024, GP do Canadá, 70 voltas, Resultado Final:
1 | M VERSTAPPEN | Red Bull RBPT Honda | 70 voltas | ||
2 | L NORRIS | McLaren Mercedes | +3.879 | ||
3 | G RUSSELL | Mercedes | +4.317 | ||
4 | L HAMILTON | Mercedes | +4.915 | ||
5 | O PIASTRI | McLaren Mercedes | +10.199 | ||
6 | F ALONSO | Aston Martin Mercedes | +17.510 | ||
7 | L STROLL | Aston Martin Mercedes | +23.625 | ||
8 | D RICCIARDO | RB Honda | +28.672 | ||
9 | P GASLY | Alpine | +30.021 | ||
10 | E OCON | Alpine | +30.313 | ||
11 | N HÜLKENBERG | Haas Ferrari | +30.824 | ||
12 | K MAGNUSSEN | Haas Ferrari | +31.253 | ||
13 | V BOTTAS | Sauber Ferrari | +40.487 | ||
14 | Y TSUNODA | RB Honda | +52.694 | ||
15 | G ZHOU | Sauber Ferrari | + 1 volta | ||
16 | C SAINZ | Ferrari | NC | ||
17 | A ALBON | Williams Mercedes | NC | ||
18 | S PÉREZ | Red Bull RBPT Honda | NC | ||
19 | C LECLERC | Ferrari | NC | ||
20 | L SARGEANT | Williams Mercedes | NC |