McLaren larga favorita e tem tarefa única no GP da Itália de F1: vencer em dobradinha

É bem verdade que a classificação se mostrou mais equilibrada do que há seis dias, nos Países Baixos, mas é igualmente certo dizer que a McLaren não perdeu terreno de lá para cá e a dobradinha no grid do GP da Itália a coloca, sim, como favorita. E a vitória é mais do que uma obrigação, especialmente diante das mazelas vividas pelos rivais da Red Bull. Não será fácil, especialmente pelas potentes Mercedes e Ferrari, mas não é hora de vacilar

De fato, não foi um desempenho tão superior quanto o apresentado seis dias atrás, nos Países Baixos, mas a McLaren soube se impor em Monza, neste sábado (31). Era imperativo conquistar a pole e fechar a primeira fila, especialmente diante dos perrengues da Red Bull e de Max Verstappen — que larga apenas em sétimo. Lando Norris parte favorito, portanto, e precisa deixar a Itália com uma nova vitória, para seguir o plano de reproduzir a performance de Sebastian Vettel em 2013 e alcançar o neerlandês no Mundial de Pilotos.

As margens foram menores desta vez, é bem verdade, mas a esquadra laranja terminou a classificação com a sensação de que poderia um pouco mais. Norris brilhou mesmo no Q3, quando a McLaren ampliou o ritmo — o time de Andrea Stella trabalhou no acerto, voltou a uma especificação mais convencional e aprimorou a performance em curva. E tudo isso aliado a uma melhor aderência foi suficiente para a posição de honra — a segunda consecutiva em 2024, mas a sexta da carreira na F1. A volta que rendeu o primeiro lugar veio em 1min19s327 — pouco mais de 0s1 melhor que o giro dado pelo colega de garagem, Oscar Piastri, que, desta vez, garantiu a dobradinha.

Embora tenha sido o melhor resultado possível, Lando defendeu que dava para ter feito mais. “Não foi como em Zandvoort, onde fui 0s3 ou 0s4 mais rápido. Em Monza, há muito menos curvas e fica mais complicado unir tudo. Trabalhamos muito nos detalhes, acho importante começar com uma boa base e continuar trabalhando nos detalhes. E avançamos muito nesse aspecto”, disse Norris.

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“Honestamente, a minha volta não foi boa, me dói dizer isso, minha primeira volta no Q3 foi melhor, enquanto a segunda não foi ótima, mas ainda assim foi suficiente para a pole. Foi uma surpresa e estou feliz. Em classificação, você busca tudo. Tentei forçar e passei um pouco do ponto na curva 2, estava 0s1 atrás em relação à volta anterior e pensei: ‘Isso vai ser ruim’. Nesse ponto, forcei novamente na freada na segunda chicane e recuperei 0s1. A partir daí reduzi alguns centésimos em cada curva”, reconheceu o britânico de 24 anos, que tenta tirar pontos de Verstappen.

Do outro lado do box, Piastri viveu uma experiência semelhante a do companheiro de equipe, mas com alguns erros mais decisivos. De toda a forma, ainda foi o bastante para uma primeira fila que agora coloca a McLaren em uma posição de construir a própria narrativa. E isso, claro, passa por uma largada sem erros e sem espaços para os rivais. “Se você pensar em Zandvoort, entendo que posso ser visto como o favorito, mas também temos muitos dados que nos dizem que podemos ter uma corrida muito, muito acirrada. Oscar e eu estamos na primeira fila, certamente temos um bom carro, mas ainda há alguns pontos de interrogação, a começar pela granulação e pela degradação [dos pneus]. Mas não estou me escondendo, estamos na melhor posição para começar uma boa corrida”, assegurou o #4.

A verdade é que Lando sabe que está diante de uma chance de ouro, porque o adversário está em clara desvantagem. Verstappen e a Red Bull se viram em apuros depois de uma queda inesperada de desempenho. Até o Q2, parecia nítido que o tricampeão poderia almejar mais, tanto que terminou a fase intermediária colado no líder Lewis Hamilton. Mas algo aconteceu no trecho decisivo. De repente, o RB20 parou de responder, apresentou enorme desequilíbrio na parte dianteira, o que tirou completamente a confiança do neerlandês. O cenário foi tão absurdo que Max se viu atrás até mesmo do colega Sergio Pérez por um instante e precisou lidar com a perda de aderência com pneus novos. Um desastre.

Na tabela de tempos, enquanto a diferença entre Norris e Hamilton, o sexto no grid, ficou em menos de 0s2, a distância do pole para o líder do campeonato foi de espantosos 0s7. “Ficamos perplexos”, admitiu o conselheiro Helmut Marko. “A McLaren parecia ter perdido a superioridade que tinha em Zandvoort e, no Q3, voltou ao topo. Com pneus usados, Checo ​​foi tão rápido quanto Max com pneus novos, quer dizer, há algo errado. Normalmente, um jogo de pneus usados ​​é 0s3 ou 0s4 mais lento. Mas continuo convencido de que não estamos afastados da luta pela vitória, porque o desempenho até o Q2 estava lá e também porque é possível ultrapassar em Monza”, completou.

Max Verstappen viveu um dia caótico em Monza (Foto: Red Bull Content Pool)

Verstappen detalhou os problemas e, ao contrário de Marko, não vê chance de briga pelo triunfo neste domingo. “O carro estava inguiável. Não consegui atacar nenhuma curva. Passar 0s4 mais lento que o tempo do Q2, e isso não é normal. E não acho que isso possa ser explicado por uma ligeira queda nas temperaturas”, disparou o piloto #1 — a equipe austríaca chegou a considerar o calor um fator decisivo para o resultado geral. Pérez também enfrentou problemas e fechou a sessão em oitavo, menos de 0s1 atrás do companheiro de time.

“Acho que não temos chance de vitória, mas não por causa da posição no grid. No fim de semana, estivemos muito lentos, quando você não tem um carro bem equilibrado fica difícil administrar os pneus ao longo da prova”, decretou o neerlandês.

Enquanto os taurinos ainda lidam com suas mazelas, Mercedes e Ferrari aparecem sob holofotes. Afinal, ambas colocaram seus carros entre os laranjas e os energéticos — George Russell cravou o terceiro tempo, à frente Charles Leclerc, Carlos Sainz e Hamilton. E tem mais: todo mundo aí tem potencial para entrar na briga. Ainda que o ritmo de corrida da McLaren impressione, não é possível descartar as Flechas de Prata e nem os italianos. Russell chegou a ameaçar a primeira fila em seu giro final, inclusive. Não fosse um segundo setor aquém, o inglês poderia ter feito um estrago. Ainda assim, o piloto tem desempenho suficiente para incomodar os compatriotas de Woking, assim como a escuderia vermelha, que aposta da velocidade de reta para pegar as rivais e escapar da Red Bull.

George Russell é um elemento coringa na Itália (Foto: AFP)

Mas para que tudo dê certo será importante uma boa largada e uma ótima gestão de pneus. Realmente, os produtos da Pirelli serão um ponto fundamental do GP da Itália. Devido às altas temperaturas e ao asfalto novo, agora muito liso e uniforme, o que permite um acerto mais próximo do solo, os compostos têm apresentado uma significativa degradação, o que por si só já demanda um cuidado extra, mas há um segundo fator: a corrida italiana precisa ser completada preferencialmente em uma estratégia de apenas um pit-stop. O tempo perdido no pit-lane é considerável e pode valer até mesmo a vitória.

“Na verdade, as temperaturas vão desempenhar um papel importante na corrida, com as condições amanhã previstas para serem semelhantes às de hoje, e isso definitivamente não vai ajudar equipes e pilotos quando se trata de gerenciamento de pneus. A granulação ainda pode ser uma questão, o que pode abrir a porta para uma possível estratégia de duas paradas”, alertou o chefe da Pirelli, Mario Isola.

“É por isso que, além de garantir que uma opção adicional no caso de um safety-car ou bandeira vermelha, todos os pilotos, com exceção de Yuki Tsunoda, escolheram manter dois conjuntos de pneus duros para a corrida. No papel, o pit-lane muito longo de Monza significa que uma parada é quase obrigatória aqui: então uma tática baseada no uso do C4 (macio) e do C3 (médio), parando entre as voltas 20 e 26, é a mais rápida.”

“Neste ano, no entanto, duas paradas não podem ser descartadas, na combinação de um jogo de médio e dois de duros. Sinceramente, acho que todos vão tentar fazer uma parada só, buscando controlar os pneus, especialmente nas primeiras voltas, para evitar um desgaste excessivo, mas cientes de que têm um plano B na manga, graças aos dois conjuntos de pneus duros”, emendou o dirigente.

A Ferrari pode se tornar um ponto de preocupação para as rivais (Foto: AFP)

De toda a forma e apesar do equilíbrio apresentado na definição do grid, as atenções estão voltadas para a McLaren e para Norris. Se há, de fato, a inspiração em 2013, o plano precisa funcionar a partir de agora. Uma eventual dobradinha em um dia caótico dos rivais já será suficiente para um novo capítulo da temporada 2024 da F1.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Itália de Fórmula 1 e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após treinos livres e classificação, além de antes e depois da corrida. No domingo (1º), os pilotos disputam a corrida em Monza a partir das 10h (de Brasília, GMT-3).

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