Mercedes aposta no ‘longo prazo’ para tentar pegar Ferrari de jeito na Rússia

A Ferrari larga favorita neste domingo em Sóchi, diante, claro, da ampla vantagem imposta por Charles Leclerc ao cravar a pole-position. Mas a Mercedes, que perde em velocidade no circuito russo, joga com uma intrigante estratégia para tentar surpreender a rival. No fim das contas, o GP da Rússia caminha para uma tensa guerra de táticas

A Ferrari é muito favorita à vitória no GP da Rússia. A proporção exata desta afirmação está na fabulosa volta que Charles Leclerc deu pelo Parque Olímpico de Sóchi, neste sábado (28). Mesmo cometendo ao menos três pequenos erros, o monegasco cravou 1min31s628. Ninguém andou em seu ritmo, nem mesmo o companheiro Sebastian Vettel, que somou muito mais de três erros durante a classificação. Na verdade, quem ficou mais perto foi Lewis Hamilton. O líder do campeonato protagonizou um giro perfeito, mas 0s4 mais lento que Leclerc. Sem dúvida, o jovem pole parte, neste domingo, para mais uma vitória em 2019. 
 
É claro que ter Hamilton na primeira fila não é exatamente o que os vermelhos desejavam. Para a Mercedes, entretanto, foi quase como um pole, especialmente em um cenário em que não consegue tirar mais performance do que a adversária. Ao fim do treino, um espantado Lewis disse que a Ferrari "possui algo como um modo jato" e não escondeu o susto ao perceber que o ‘modo festa’ do motor alemão já não é mais suficiente. De fato, o W10 perde muito em velocidade de reta. Foram cerca de 0s7! O carro prata se recupera na aproximação das curvas lentas, principalmente no terceiro setor do traçado, mas ainda não é o bastante. Mesmo assim, o inglês cortou uma grande diferença no giro que deu nos instantes finais do Q1. 
Lewis Hamilton (Foto: Mercedes)

“Nós precisamos fazer alguma coisa”, disse o pentacampeão. E o que fez a Mercedes? A única coisa que poderia: decidiu apostar na estratégia.

"Estou muito feliz pela equipe. Lewis tirou tudo da volta. Uma pena para Valtteri [Bottas] porque ele também aproveitou bem a volta. Mas com 0s7 a 0s8 perdidos na reta para a Ferrari, não há muito o que fazer, é uma diferença enorme", disse Toto Wolff após a decisão do grid.

 
A equipe prata já reconhece que não pode com essa Ferrari renovada e esse Leclerc que caiu como uma luva dentro da SF90. Portanto, o caminho para tentar pegar a rival é seguindo pela ousadia. Enquanto a escuderia obedeceu a uma ordem natural de largar com os pneus macios vermelhos, os prateados vão por uma intrigante tática: Hamilton e Valtteri Bottas saem de pneus médios amarelos. A escolha surpreende porque, segundo os dados da Pirelli, não é a tática mais veloz. Ainda assim, a Mercedes crê na resistência x velocidade.
"Estamos em desvantagem por causa do motor. Mas isso não significa que não podemos vencer a corrida por conta própria. Temos um carro forte, pilotos fortes e uma boa estratégia", falou o chefão da Mercedes.
 
De forma geral, a tendência é que Hamilton e Bottas permaneçam mais tempo na pista, porque o composto médio – um estágio mais duro que o do usado em 2018 – não apresenta um nível alto de degradação e pode ir, em tese, até por volta do 22º giro da corrida, que tem 53 no total. Depois, é trocar para o pneu duro e seguir até o fim. No caso do pneu vermelho, o pit-stop deve acontecer até a volta 19 – pode até pensar em ir mais além, mas aí compromete a posição de pista. O composto branco deve também ser a opção ferrarista para a segunda parte da prova. "A Ferrari está de mãos atadas, porque, quando o pneu macio acaba, você tem de ir aos boxes", alertou Bottas
 
Ou seja, será uma corrida tensa, baseada na estratégia. Mas Hamilton, especialmente, terá de impor um bom ritmo de corrida, como demonstrou ter nas simulações de sexta-feira, andando até 0s5 melhor que Charles com o mesmo composto. Como em Spa e Monza, o britânico terá a difícil missão de acompanhar os carros vermelhos na parte inicial da corrida e, diferentemente de Singapura, vai precisar torcer para que não haja nenhum safety-car neste período ou que isso só aconteça depois da parada ferrarista. Do contrário, tudo cai por terra. Sempre lembrando que a natureza da pista russa chama intervenções, uma vez que se tem trechos apertados e de baixa velocidade, fora a grande distância entre o grid e a primeira freada, que, neste caso, acontece na curva 2. 
Sebastian Vettel e Charles Leclerc (Foto: Ferrari)

Interesse que, neste estágio do ano, a Mercedes, antes dominadora, agora precisa correr atrás de vários prejuízos – é notória a ausência de vitórias nesta segunda parte do campeonato, além da clara dificuldade de desempenho em uma pista em que só ela venceu até hoje. Os títulos parecem apenas uma questão de tempo, mas o curioso desta parte final de temporada é acompanhar a maneira como a esquadra prata vai sair dessa fase em que, além de ter sido pega de surpresa pela Ferrari, ainda não consegue responder de forma rápida. É mais um tempero ardido nesse Mundial que já é um dos mais peculiares dos últimos anos.

A largada do GP da Rússia está marcada para 8h10 (horário de Brasília) deste domingo. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.


 

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