Na Garagem: Corrida adiada na Bélgica via segunda vitória de Senna na F1 há 30 anos

Como aconteceu em Portugal, Ayrton Senna levou a lendária Lotus preta e dourada com o patrocínio da John Player Special à vitória em Spa-Francorchamps debaixo de forte chuva há exatos 30 anos. No seu primeiro ano com um carro verdadeiramente competitivo, o brasileiro já despontava como um provável campeão do mundo

O GP da Bélgica de 1985 estava marcado originalmente para o dia 2 de junho, mas precisou ser reagendado para 15 de setembro. Com isso, os carros estavam na pista em Spa-Francorchamps apenas uma semana depois do GP da Itália, em Monza O motivo foi a degradação da camada superior do asfalto. Ou num português mais rude, a corrida não aconteceu em junho porque o asfalto da pista belga quebrou.

Não foi a primeira mudança de calendário na temporada de 1985. A F1 queria outro GP nos Estados Unidos, além da corrida em Detroit. O GP de Nova York era a corrida prevista para o dia 15 de setembro. Além disso, um terceiro GP na Itália, em Roma, estava previsto para o dia 13 de outubro. Com o cancelamento dessas duas provas, o GP belga pulou para setembro e o GP da Europa entrou no lugar da corrida romana.

Cenário agitado também entre as equipes. Por conta de problemas financeiros, a RAM correu com apenas um carro na Bélgica, pilotado pelo francês Philippe Alliot. Niki Lauda, da McLaren, sofreu um acidente no treino de sábado e machucou o pulso, ficando de fora da corrida — e com isso, o time de Woking correu só com Alain Prost. A Tyrrell correu apenas com Martin Brundle — Stefan Bellof morreu oito dias antes numa prova de Esporte-Protótipos nesse mesmo circuito de Spa. Assim, o grid ficou reduzido a 24 carros.

Há 30 anos, Ayrton Senna conquistava em Spa-Francorchamps sua segunda vitória na F1 (Foto: Forix)

Durante os treinos, Prost tem um bom desempenho com sua McLaren-Porsche e marca a pole com o tempo de 1min55s306, 0s1 à frente de Ayrton Senna, na Lotus-Renault — o brasileiro marcou 1min55s403. Michele Alboreto, da Ferrari, rival de Prost na briga pelo título, foi apenas quarto no grid, com o tempo de 1min56s021. Entre eles, estava metido outro brasileiro: com a marca de 1min55s648, estava a Brabham de Nelson Piquet.

Prost tomou a liderança do campeonato apenas na Holanda, a 11ª das 16 etapas. Alboreto liderou o campeonato desde o GP de Portugal, na segunda prova do ano, vencida por Senna. Ambos tiveram três corridas fora da zona de pontuação até a Bélgica, mas quando a F1 chegou a Spa-Francorchamps, o ‘Professor’ tinha 12 pontos de vantagem para Alboreto.

Isso porque apesar de terminar sempre na zona de pontuação, o italiano não conseguiu deter a arrancada de Prost após o GP da Inglaterra, o oitavo da temporada. Entre a prova de Silverstone e o GP da Itália, o francês três vitórias e dois segundos lugares, somando 39 pontos. Nesse mesmo intervalo, o italiano somou apenas 22 pontos. Os 17 pontos tirados por Prost equivaliam a quase duas vitórias sem que Alboreto pontuasse.

Riccardo Patrese encarou o temporal em Spa a bordo da Alfa Romeo (Foto: Forix)

Assim, o piloto da Ferrari precisava de uma vitória para continuar sonhando com o título. A chuva parou na hora da largada, mas a pista estava molhada por conta do aguaceiro que caiu pela manhã naquele domingo de 15 de setembro. Senna pulou na ponta e Prost e Piquet se engalfinharam na curva La Source. Piquet rodou no grampo no fim da reta e Prost escapou por centímetros de bater na Brabham do brasileiro. Piquet caiu para o fim do pelotão com essa rodada.

Três voltas foi o que durou a corrida de Alboreto: a quebra da embreagem tirou o italiano da prova e tornou mais difícil o sonho do primeiro título do país da bota depois de Alberto Ascari, no longínquo ano de 1953. Pouco a pouca, a pista foi secando, e os pilotos começaram a ir aos boxes para trocar os pneus de chuva por slicks.

Elio de Angelis, na outra Lotus, liderou a corrida momentaneamente com a parada dos rivais nos pits, mas logo seria superado por Senna. Nigel Mansell era o segundo com a Williams-Honda, enquanto Prost e Keke Rosberg, este na outra Williams, lutavam pelo pódio. O finlandês teve problemas nos freios e precisou voltar aos boxes para consertar o carro.

Em 1985, Senna já despontava como o 'Rei da Chuva' na F1 (Foto: Forix)

A chuva voltou a dar o ar da graça em Spa, e Senna sumiu na ponta, colocando 30s de vantagem sobre o inglês da Williams. Era a segunda vitória de Senna em 1985, a segunda na F1 e a segunda na chuva. Ayrton conseguiu outras quatro vitórias em Spa, firmando-se como rei da pista belga — ele só foi destronado em 2002 com a sexta vitória de Michael Schumacher nas Ardennes.

Prost ficou quase um minuto atrás de Ayrton, mas somou quatro pontos importantes na luta pelo título, abrindo 16 de vantagem para Alboreto. O francês obteve um quarto lugar na etapa seguinte, o GP da Europa — após bater na trave em 1983 e 1984, o ‘Professor’ era campeão do mundo.

O episódio do asfalto rachado em Spa-Francorchamps em 1985 é um evento raríssimo na F1. Somente em outras três vezes o asfalto de um circuito cedeu. Todas elas na América do Norte: GP dos Estados Unidos em 1982 (Detroit); GP dos Estados Unidos Meio-Oeste de 1984 (Dallas) e GP do Canadá de 2008 (Montreal).

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