Na Garagem: Piquet aproveita azar de Mansell no Canadá e vence pela última vez na F1

Em 2 de junho de 1991, Nigel Mansell partia para uma vitória dominante no Circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, no Canadá. Mas um erro quando o ‘Leão’ já comemorava o triunfo por antecipação colocou tudo a perder. Nelson Piquet comemorou um inesperado último triunfo na Fórmula 1 a bordo da Benetton. Há 30 anos

Castroneves passou Palou para vencer a Indy 500 (Vídeo: NBC)

Há exatos 30 anos, Nelson Piquet vencia pela última vez uma corrida no Mundial de Fórmula 1. Mas o triunfo naquela tarde de 2 de junho de 1991 veio de forma totalmente inesperada, depois de um enorme azar de Nigel Mansell, o grande protagonista do GP do Canadá com a Williams, que perseguia sua primeira vitória naquele ano com o FW14, o embrião do que viria a ser o ‘carro do outro planeta’, na temporada seguinte. Piquet assumiu a liderança da corrida depois que o ‘Leão’ ficou parado na saída do grampo e cruzou a linha de chegada para triunfar no Circuito Gilles Villeneuve. Galvão Bueno, muito gripado à época, tentou achar um resquício de voz para narrar o triunfo no circuito canadense na tela da TV Globo.

No início de junho daquele ano, a economia, tal como nos tempos de hoje, andava em frangalhos. Marcílio Marques Moreira, ministro da Economia do governo de Fernando Collor à época, dizia que o Brasil estava “no fundo do poço”. A novela ‘O Dono do Mundo’, no horário nobre da TV Globo e protagonizada por Tarcísio Meira, vivia em crise de audiência.

Já nos gramados, o Criciúma, treinado por um então desconhecido Luis Felipe Scolari conquistava o título da Copa do Brasil, enquanto São Paulo e Bragantino se classificavam para disputar a final do Brasileirão, nos tempos em que Telê Santana ainda tinha fama de pé frio…

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Nelson Piquet venceu de forma inesperada o GP do Canadá de 1991 (Foto: Forix)

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Nigel Mansell, na Fórmula 1, também convivia, de certa forma, com a fama de pé frio e azarado. E eis que britânico fez jus aos dois rótulos no GP do Canadá de 1991. Mas aquele fim de semana começou bastante positivo para a Williams, com o britânico e seu companheiro de equipe, Riccardo Patrese, no comando dos treinos livres. E assim foi também na classificação. O italiano conquistou a pole, com 1min19s837, enquanto Mansell foi o segundo, 0s388 atrás.

Ayrton Senna, que havia vencido as quatro primeiras corridas daquele ano, foi o terceiro do grid, com tempo 0s481 mais lento que o de Patrese. Senna dividiu a segunda fila com o arquirrival Alain Prost, na Ferrari. Roberto Pupo Moreno alcançou, em 1º de junho, o melhor grid da carreira na F1 e conquistou o quinto lugar no alinhamento inicial em Montreal com a Benetton, enquanto Nelson Piquet, seu companheiro de equipe, foi somente o oitavo.

A Williams mostrava desempenho ascendente nas últimas temporadas, mas ainda não tinha vitória em 1991. Parecia mesmo que havia chegado a hora e a vez naquela tarde de 2 de junho. Mansell passou Patrese na largada e assumiu a liderança, sendo seguido por Senna, Prost, Jean Alesi, da Ferrari, e Gerhard Berger, da McLaren. Dentre os líderes, o austríaco foi o primeiro a abandonar em razão de problemas elétricos no MP4/6.

Piquet, que superou Moreno na largada, assumiu a sexta posição com o abandono de Berger. Já o ‘Baixo’ foi mais um a deixar a prova, na décima volta, em razão de problemas na suspensão do seu Benetton. Pouco depois, o tricampeão ganhou mais uma colocação depois de deixar Prost para trás. O ‘Professor’ enfrentava uma falha no sistema de câmbio da sua Ferrari.

As demais voltas reforçaram o GP do Canadá como uma corrida de sobrevivência. Senna abandonou a corrida na volta 25 em razão de um problema no alternador da sua McLaren, e dez voltas depois foi a vez de Alesi deixar o combate depois de ver o motor Ferrari explodir.

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O azar tirou a vitória das mãos de Nigel Mansell no GP do Canadá de 1991 (Foto: Reprodução)

A corrida, então, tinha Mansell em primeiro, Patrese em segundo, Piquet em terceiro e Stefano Modena, com a Tyrrell, em quarto, sendo seguido pela Leyton-House de Ivan Capelli, o Dallara de JJ Lehto, a Jordan de Andrea De Cesaris, a Minardi de Pierluigi Martini e a outra Jordan, de Bertrand Gachot.

A ordem da prova mudou novamente depois da volta 40. Patrese teve um furo no pneu e precisou fazer um pit-stop não programado para fazer a troca. Piquet, então, assumiu a segunda posição, só atrás de Mansell. Mas o tricampeão estava muito atrás do ‘Leão’, que tinha uma vantagem de mais de 50s. Tudo aparentemente sob controle para o britânico.

Patrese chegou a cair para sexto, mas conseguiu escalar novamente o pelotão graças ao forte desempenho do FW14 empurrado por motor Renault e conseguiu voltar à terceira posição. Nas voltas finais, no entanto, o italiano enfrentou novos problemas, daquela vez, no câmbio, e perdeu o terceiro lugar para Modena.

Mansell, por sua vez, abriu volta 69, a última da corrida, já acenava para o público nas arquibancadas em Montreal e vinha em ritmo bastante lento. Ao passar pelo grampo do circuito canadense, o carro apagou. Daí, existem duas versões para o que aconteceu. Uma delas dá conta de que Mansell, ao andar de forma tão lenta, fez com que o alternador não gerasse energia suficiente para manter a carga da bateria do carro, o que fez o FW14 #5 da Williams parar.

Outra, contada pelo próprio Mansell, foi a seguinte: “É quase inacreditável. Reduzi no grampo de quinta para quarta marcha, como fiz nas 68 voltas anteriores, e depois foi para neutro [ou ponto morto], e o motor desligou quase simultaneamente, como se houvesse uma falha elétrica. Simplesmente parou. Quando você está tão na frente e faz uma corrida fantástica, como acho que fiz, não há nada a dizer, a não ser que teremos de tentar novamente. Até aquele momento, não havia sofrido nenhum problema”, lastimou o azarado ‘Leão’.

Ao passar por Mansell, Piquet se mostrou incrédulo. E sortudo. “Quando o vi, não pude acreditar. Foi muito bom, muito bom, foi muita sorte”. Ao comentar se lamentava pelo azar do ex-companheiro de equipe nos tempos de Williams, Nelson respondeu. “Não sinto pena de ninguém”.

Modena cruzou a linha de chegada em segundo com o seu Tyrrell-Honda e conquistou o melhor resultado da sua carreira na Fórmula 1. Patrese ainda terminou em terceiro e levou um troféu que mais pareceu um prêmio de consolação para a Williams naquela tarde. Andrea De Cesaris e Bertrand Gachot terminaram em quarto e quinto, respectivamente, e marcaram os primeiros pontos da história da Jordan, que estreava em 1991 com o famoso carro verde da 7up. E Mansell, mesmo com todo o desastre, não ficou de mãos abanando e marcou 1 ponto com o sexto lugar na corrida.

Nelson Piquet concluiu sua história na F1 com três títulos mundiais, 23 vitórias, 24 poles, 23 voltas mais rápidas e 60 pódios em ciclo que durou entre 1978 e 1991.

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