“Não deveria ter acontecido”: pilotos cobram F1 e FIA após caos no Catar por calor extremo
Vários pilotos passaram mal durante e após o GP do Catar por conta do calor extremo. Lando Norris disse que algo precisa ser pensado por Fórmula 1 e FIA para o ano que vem, enquanto Charles Leclerc deixou claro que não é questão de falta de preparo físico
Como se não bastasse a necessidade de três paradas em uma corrida de 57 voltas por conta do desgaste perigoso dos pneus, o forte calor potencializou o caos no GP do Catar, 17ª etapa de Fórmula 1, tanto que praticamente todos os pilotos do grid tiveram algum tipo de mal-estar durante a após a prova. E eles cobraram por soluções imediatas para que a situação extrema não se repita no ano que vem.
Um dos mais vocais foi Lando Norris, terceiro colocado da corrida catari. O britânico da McLaren disse que “encontrou o limite” do que os pilotos são capazes de suportar ao longo de um GP. “O triste é termos descoberto desta forma”, acrescentou.
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Os termômetros em Lusail não deram trégua desde a sexta-feira, com a temperatura sempre acima dos 30°C, além dos ventos fortes levando muita areia para o asfalto. Só que no domingo, a umidade relativa do ar muito alta potencializou o clima de ‘sauna’, com a sensação térmica em quase 40°C mesmo às 20h da noite em Lusail.
A consequência dessa combinação pôs os pilotos em risco. Logan Sargeant, por exemplo, nem viu a bandeirada, abandonando após sofrer de desidratação intensa durante a corrida. O companheiro de equipe, Alexander Albon, também precisou de ajuda para deixar o carro e foi levado ao centro médio após “exposição aguda ao calor”.
Lance Stroll, que conseguiu cruzar a linha de chegada, contou que teve apagões ainda no carro: “Estava tonto, sofrendo com pressão baixa e desmaiando no carro”, relatou o canadense. Já Esteban Ocon chegou a “vomitar por duas voltas”, nas 15 e 16, e pensou “Merda, vai ser uma longa corrida”.
“Tentei me acalmar, lembrar que o lado mental é a parte mais forte do corpo no esporte, consegui me controlar e terminar a corrida. Mas, sinceramente, não esperava que fosse tão difícil”, completou o #31 da Alpine.
“Nunca é uma situação agradável de se estar”, continuou Norris. “Alguns acabam no centro médico ou desmaiados, coisas assim. É algo muito perigoso de acontecer”, alertou, frisando que não se trata apenas de dizer ao pilotos para “treinarem mais”.
“Estamos em um carro fechado que esquenta extremamente em uma corrida muito exigente fisicamente. É frustrante, pela TV não parece ser tão físico. Mas quando se tem pilotos abandonando ou terminando em péssimo estado, é demais para a velocidade que atingimos, é muito perigoso”, seguiu.
Ano que vem, o GP do Catar acontecerá no início de dezembro, e espera-se que as temperaturas sejam bem mais amenas que as vistas na edição de 2023, mas Norris cobrou da F1 ações para evitar que o caos visto no último domingo se repita:
“Sei que a corrida do próximo ano será no final da temporada, com o clima muito mais frio, mas é algo que precisa ser pensado. Tenho certeza de que falaremos sobre isso porque, em primeiro lugar, não deveria ter acontecido”, completou o inglês.
Embora não tenha ido parar no centro médico, Charles Leclerc também sofreu bastante com o forte calor e endossou o coro, dizendo ainda que se o cenário se repetir em 2024, terá de ser discutido entre os pilotos antes da corrida.
“Acho que se nos encontrarmos na mesma situação no ano que vem, vamos ter de discutir entre nós, pilotos. Sempre olhamos uns para os outros ao final da corrida quando estamos sentados, e dessa vez deu para sentir que foi diferente. Alguns realmente passaram mal”, continuou, também alertando que não se trata de um preparo físico melhor: “É uma desidratação a tal ponto que sua visão piora muito. A frequência cardíaca dispara, e é muito difícil controlar tudo isso, portanto foi muito, muito difícil”, finalizou Leclerc.
A Fórmula 1 volta daqui a duas semanas, entre os dias 20 e 22 de outubro, em Austin, com o GP dos Estados Unidos, o primeiro da última perna tripla da temporada. E o GRANDE PRÊMIO acompanha tudo.
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