Opinião GP: Interlagos, sua linda, jamais deixe o calendário da F1

Uma vez mais, Interlagos não decepcionou. Mesmo sem a chuva tão característica da cidade paulistana, o GP do Brasil proporcionou uma das melhores corridas do ano, e isso pode ser colocado na conta do circuito paulistano, que, por alguma razão, sabe proporcionar boas corridas. Por isso, fica o pedido: a etapa brasileira simplesmente não pode deixar o Autódromo José Carlos Pace

A EDIÇÃO 2019 DO GP DO BRASIL é a prova maior de que a F1 simplesmente não pode deixar Interlagos. Não pode. A corrida que viu a vitória maiúscula de Max Verstappen, neste domingo (17), acompanhou uma reviravolta que só pistas como a de São Paulo podem proporcionar. Bastou apenas um safety-car para mudar toda a história de uma etapa que caminhava para um desfecho, digamos assim, mais normal, ainda que disputado. Mas Interlagos queria mais e assim foi.
 
Com as arquibancadas cheias, algo que tem acontecido com frequência por aqui, a prova paulistana se junta agora às corridas inesquecíveis desta maluca temporada da F1, que, não por acaso, também têm em comum o fato de terem sido realizadas em circuitos de verdade, como Hockenheim, Red Bull Ring, Silverstone e Hungaroring. Sem parar para pensar muito, a etapa brasileira já está entre as melhores do ano, senão a melhor. E, certamente, uma das mais emocionantes desde a incrível decisão de campeonato de 2008.
Pierre Gasly segura Lewis Hamilton e termina GP do Brasil em segundo (Foto: MSI)
Tudo isso também porque Interlagos reúne a alma da F1. Autódromo histórico – no ano que vem, vai completar 80 anos –, a pista tem características únicas. Falando de dentro para fora, possui um dos paddocks mais apertados de todo o calendário. Pode soar estranho, uma vez que a Fórmula 1 passa por circuitos majestosos e modernos, mas é esse espaço pequeno atrás dos boxes que aguarda um ar ainda romântico, em que é possível viver mais de perto a categoria e suas figuras. Apesar da reforma, concluída apenas neste ano, o diminuto local ainda preserva essa mágica faceta.
 
A pista em si é algo a parte. Apesar de ser uma das mais curtas do calendário, é muito técnica, tem suas subidas e descidas, seus trechos maios sinuosos e de alta velocidade. E não perdoa erros, como autódromos de verdade devem ser. E agora ainda descobrimos que não precisa de chuva para proporcionar boas provas. Calor demais, toques grandes e pequenos ou quebras já são mais do que suficientes. 
 
A história, de fato, está ao lado de quem defende a permanência do circuito no calendário. E isso sem citar as corridas épicas, como as vitórias dos cinco brasileiros aqui, mas também as seis decisões de título, de Fernando Alonso em 2005 e 2006 a Sebastian Vettel em 2012. Interlagos tem tudo que é necessário, em resumo.
 
E o que aconteceu ontem foi de levantar da cadeira e aplaudir de pé. Verstappen dominou o domingo. Largou da pole, liderou o primeiro trecho até o pit-stop e, nem aquela saída estabanada de Robert Kubica, que o espremeu no pit-lane, foi capaz de lhe tirar a ponta. Tão logo voltou à pista, foi atrás de Lewis Hamilton, que então comandava as ações, e não perdeu tempo, ultrapassando o hexacampeão sem delongas. Depois, ainda contou a agilidade da Red Bull nos boxes para permanecer na frente no momento do primeiro safety-car – por conta da explosão do motor da Mercedes. E se na frente, Max dava show, o pelotão que vinha atrás não fez feio. Alex Albon, Pierre Gasly e Carlos Sainz mostravam do que são feitos.
 
O primeiro, depois de uma linda ultrapassem em Sebastian Vettel, ainda precisou se defender de Hamilton, que acabou o tirando da disputa – o inglês, mais tarde, assumiu a culpa pelo toque. Gasly, por sua vez, protagonizou talvez o momento mais épico do ano, ao segurar com maestria de veterano uma Mercedes do Café até a linha de chegada, enquanto Sainz saiu de último para o pódio.
Max Verstappen e Pierre Gasly (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
Esse roteiro de tirar o fôlego acontece no momento em que a Fórmula 1 discute com Interlagos a renovação do contrato que se encerra no ano que vem. Ao GRANDE PRÊMIO, Tamas Rohonyi, promotor da corrida brasileira, afirmou que, se o Mundial não renovar o vínculo com o autódromo paulistano, vai ficar sem etapa no país. “Eles não têm escolha”. É um fato. 
 
A ideia é estender o acordo para mais dez anos. Mas isso ainda não é bastante. A verdade é que Interlagos precisa ficar para sempre. 

O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana.

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