Opinião GP: Norris tem chance, mas é preciso força-tarefa para derrubar Verstappen

Lando Norris deu um passo importante não só na temporada, mas também na carreira. A vitória categórica nos Países Baixos tem potencial para mudar os rumos daqui para frente e, empurrado pelo melhor carro do grid, o inglês se vê agora em um cenário aberto, em que a disputa do título não é tão estranha assim. No entanto, algumas arestas ainda precisam ser aparadas. E não só por ele, mas também pela McLaren

NADA COMO UMA VITÓRIA. Mas a de Lando Norris neste domingo, nos Países Baixos, ganha um contorno especial, porque tem potencial para mudar o rumo de sua trajetória não só na temporada 2024 da F1, mas principalmente na carreira daqui para frente. E um forte sinal surgiu ainda sábado. Depois da espetacular pole, o inglês sequer comemorou e preferiu a cautela. Encarou mais como uma efemeridade do que como uma vantagem verdadeira sobre o maior rival, talvez porque soubesse da prova de fogo que teria pela frente no dia seguinte. A tensão foi confirmada no apagar das luzes em Zandvoort. O ponto fraco de tantas outras vezes se fez presente e, ao se aproximar da primeira curva, precisou alinhar atrás da Red Bull de Max Verstappen. De novo, não foi capaz de fazer valer a posição de honra no grid. Seria uma nova oportunidade perdida? Finalmente, não.

Norris se aquietou por um momento, sem perder Verstappen de vista nas 18 voltas seguintes. Esperou para entender do que o adversário era capaz e, quando se viu superior, não hesitou. Ultrapassou o neerlandês com facilidade e tratou de acelerar. Sem erros, cumpriu a estratégia que lhe cabia e impôs uma derrota dolorosa àqueles que antes dominavam o campeonato. A confiança parece ter sido definitivamente restaurada, amparada em uma McLaren sólida e consistente, depois de um salto técnico dos mais impressionantes da era do efeito solo na Fórmula 1. Os 22s896 na linha chegada são a prova máxima de que, hoje, o Mundial vive sob a cor laranja. A celebração foi tímida, talvez entendendo que a diferença de 70 pontos ainda assuste.

Mas a expressão de alívio é simbólica. E acompanha a ideia correta de que a McLaren está no páreo.

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Oscar Piastri fechou na quarta posição em Zandvoort (Foto: AFP)

O problema é que ainda há feridas abertas que precisam ser tratadas urgentemente, antes de se pensar em taças do mundo. É uma realidade complexa, mas verdadeira. E embora tenha dominado o manhoso circuito à beira mar, a sensação após a corrida é de que a McLaren e o próprio Norris precisam acreditar em si e alinhar as forças. Há uma sensação incômoda de que a equipe liderada por Andrea Stella teima em ser grande. O GP dos Países Baixos deixou, novamente, transparecer alguns pontos de dúvida.

A largada é a primeira coisa que vem à cabeça. Uma vez mais, o britânico de 24 anos perdeu a ponta logo nos primeiros metros. Ainda que seja desconfortável falar sobre isso, Norris tem de resolver essa falha ou vai seguir servindo chances ao rival. Foi a quarta vez só nesta temporada — China, Espanha e Hungria foram as outras, sem contar o começo na Bélgica, partindo de quarto e despencando no pelotão logo de cara. Parte do motivo pelo qual o piloto chegou só agora a sua segunda vitória na carreira tem a ver com os erros no apagar dos faróis.

Em uma disputa de título, todo detalhe conta. Inclusive, as decisões estratégicas. Que são mais um fator de preocupação na McLaren. Neste domingo, houve certa inquietação, tão logo Lando assumiu a primeira colocação. É certo que havia uma enorme confiança na performance do MCL38, tanto que o engenheiro William Joseph cogitou com tranquilidade um eventual undercut de Max. Porém, o campeonato acompanhou diversos momentos de hesitação e erros dos laranjas, como na Hungria e na Inglaterra, onde a performance era claramente superior. E quando se ter um carro capaz de vencer em qualquer condição, é bom estar preparado para tudo.

Outro ponto de discussão tem a ver com Oscar Piastri. Ele é um elemento fundamental dessa briga, seja pelo Mundial de Pilotos, seja pelo Mundial de Construtores. Mas a performance inconstante cobra um preço alto. O erro na classificação e também a largada atrapalhada acabaram por afastar o australiano de uma disputa com Verstappen, no que seria a busca pela dobradinha.

Max Verstappen estampou um sorriso, porque a 2ª posição foi quase uma vitória (Foto: AFP)

“Acredito que sem a posição perdida na largada, Oscar poderia ter terminado a corrida à frente do Max”, admitiu o chefe Stella. “O ritmo dele foi excelente depois, mas pagou o preço por aquele início.”

É bem verdade que nem todas as pistas serão tão agradáveis assim ao carro da McLaren quanto essa de Zandvoort, mas é igualmente certo dizer que a equipe inglesa tem, sim, o carro mais forte do grid. Só não é o bastante — por ora. “Eu tenho de fazer melhor. Trabalhei duro o ano todo e ainda estou 70 pontos atrás do Max, então é muito estúpido pensar no título. Faço uma corrida de cada vez e continuo fazendo o que tenho feito até agora, não adianta pensar no futuro, não me importo. Estou apenas focado em uma prova de cada vez”, desabafou Lando.

Norris foi no ponto. É preciso fazer melhor. Há uma chance, sim, e não é estúpido pensar em vencer. Embora a desvantagem seja significativa no embate do título de pilotos, considerando que restam nove etapas, o conjunto técnico da McLaren ainda é poderoso demais para deixar passar. Também é preciso usar melhor a forte dupla da garagem de Woking, especialmente em um momento que a rival austríaca concentra suas forças em Verstappen.

Agora, entre as equipes, o sucesso já é palpável — a diferença está em apenas 30 pontos no momento. Mas será necessário uma força-tarefa. E os oponentes estão de olhos bem abertos: a segunda colocação de Verstappen foi como uma vitória.

Fórmula 1 volta já na semana que vem, entre os dias 30 de agosto a 1º de setembro, com o GP da Itália, direto de Monza.

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