Pilotos criticam mudanças no circuito de Monza e pedem participação nas decisões
As mudanças nas zebras foram os principais alvos de crítica por parte dos pilotos, que gostariam de ser consultados pelos responsáveis antes de qualquer decisão
As alterações feitas no traçado do circuito de Monza realmente não agradaram aos pilotos. Além de Alexander Wurz, presidente da Associação de Pilotos de Grande Prêmio (GPDA), George Russell, Daniel Ricciardo e Max Verstappen foram alguns dos nomes que criticaram as mudanças, principalmente as da variante Ascari, uma dos trechos mais tradicionais da praça. Eles também reclamaram do fato de não terem sido consultados para fornecer qualquer tipo de feedback.
Na última quarta-feira (28), Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1, deixou claro que o local que abriga o GP da Itália desde 1950 precisava passar por reformas caso tivesse a intenção de renovar o contrato com a categoria — válido até o fim de 2025 — e permanecer no calendário. O italiano elogiou a qualidade do serviço de recapeamento da pista e também as mudanças nas zebras, parabenizando os responsáveis pelo circuito e dando sinal verde para o início da “segunda fase” das obras.
Porém, antes mesmo do início das atividades de pista, que começam nesta sexta-feira, os pilotos já mostraram toda a insatisfação com as novidades. Wurz, inclusive, revelou que as mudanças foram o grande assunto do dia e geraram muita discussão entre os competidores no grupo do qual todos participam em um aplicativo de mensagens.
“Sim, debatemos sobre as mudanças em nosso grupo de bate-papo. E embora eu não tenha pilotado na nova configuração das zebras em Monza, o antigo modelo em curvas como a Ascari era um trabalho de precisão muito gratificante para os pilotos. Como projetista da pista, jamais teria aceitado qualquer dinheiro para mudar aquelas zebras. Elas não me pareciam perigosas e eram parte integrante das características da pista”, começou o austríaco em conversa com o portal inglês Autosport.
“Tudo bem, é o mesmo para todos, mas não é a primeira pista que perdeu as características ao mudar para a zebra padrão. O mesmo aconteceu no Brasil, que tinha seus próprios truques com as zebras”, continuou. “É difícil explicar, mas a zebra exclusiva que Monza tinha significava que apenas alguns milímetros de diferença no posicionamento do carro e os pilotos poderiam sair de frente ou de traseira, porque o pequeno canal de drenagem de água poderia prender o pneu dianteiro ou não”, acrescentou.
“Como piloto, a gente brincava com isso, e era legal acertar em cheio. Era adequado à pista de Monza com seu estilo, natureza e característica única”, encerrou Wurz.
Os pilotos do atual grid da classe rainha também se manifestaram, sendo que Russell foi o mais vocal entre eles. Como responsável pela função de diretor da GPDA, o britânico da Mercedes criticou a falta de consulta aos competidores antes de qualquer mudança ser realizada.
“Os pilotos são, muitas vezes, os últimos a descobrir quando há mudanças na pista. Pessoalmente, acho uma pena — a Ascari, por exemplo, tinha características únicas. Não acredito que ela seja mais tão impressionante após as mudanças”, lamentou o companheiro de Lewis Hamilton. “Honestamente, não sei quem toma essas decisões. Não acho que seja a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), mas, sim, os próprios circuitos”, prosseguiu.
“Devemos valorizar os circuitos pensados para uma temporada inteira e para todos os tipos de categorias, mas sempre dissemos que estes circuitos estilo ‘old-school’, com características próprias, devem ser preservados a todo o custo”, bradou Russell.
Ricciardo foi outro que falou abertamente sobre as modificações e citou até mesmo o exemplo do circuito Gilles Villeneuve, no Canadá, que contou com a opinião dos pilotos antes de também passar por reformas. “Em Montreal, nos consultaram, e foi ótimo. Todos os pilotos elogiaram muito Montreal porque eles recapearam, mas deixaram as zebras”, começou.
“Ainda parece que muita coisa está passando despercebida sem nenhuma de nossas opiniões. Não precisamos ter a palavra final, mas, pelo menos, deixe-nos dar algum feedback — e talvez economizemos dinheiro para eles”, completou o australiano da RB (Visa CashApp RB).
Verstappen foi mais econômico nas palavras e preferiu esperar antes de dar qualquer opinião sobre as zebras. No entanto, o tricampeão da Red Bull aprovou o novo asfalto, que deve ajudar os pilotos durante o GP da Itália.
“A Ascari está completamente diferente, não sei se para melhor ou para pior, quero ver de perto antes de me expressar. A aderência [da pista] certamente era um problema aqui e agora com o novo asfalto não será mais o caso. Para nós que sofremos com pouca aderência pode ser uma boa notícia”, finalizou.
O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Itália de Fórmula 1 e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após treinos livres e classificação, além de antes e depois da corrida. Na sexta-feira (30), o treino livre 1 acontece às 8h30 (de Brasília, GMT-3). Já a segunda sessão está marcada para as 12h. No sábado (31), o TL3 abre o dia às 7h30, ao passo que a classificação será às 11h. Por fim, no domingo (1º), os pilotos disputam a corrida em Monza a partir das 10h.
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