Red Bull admite problema com ajuste de classificação na F1: “Não somos os melhores”

Pierre Waché, diretor-técnico da Red Bull, explicou o que cria dificuldades constantes para a atual dominadora da F1 em ritmo de classificação

Quem acompanhou a Fórmula 1 com afinco desde a introdução do novo conjunto de regras, no ano passado, não imagina que a Red Bull apresenta algum problema recorrente. Afinal, a equipe da marca de bebidas energéticas é quem domina o campeonato de maneira implacável. Entretanto, é justamente o que afirma o diretor-técnico Pierre Waché: a equipe tem problemas constantes para ajustes de classificação.

Waché não quis entrar em questões muito técnicas para evitar dar pistas para equipes rivais, mas explicou o pouco das questões gerais que dificultar a criar setup de ritmo de classificação. Segundo ele, a Red Bull, mesmo com toda a pompa de Max Verstappen, não é a melhor equipe para isso. A resposta para entender do que se trata está tanto na atual geração de carros quanto na maneira de operar os pneus.

“Não sei o que os rivais sabem, mas eu sei que não tenho todas as respostas e ainda estamos trabalhando duro para encontrá-las”, afirmou em entrevista ao portal neerlandês RacingNews365.

“Quando mexemos no carro para fazer com que os pneus funcionem melhor e desgastem menos, sabemos que temos de abrir mão de alguma coisa. Na classificação, por exemplo, não somos a melhor equipe. De vez em quando temos de pagar o preço por isso ao não entender algo, porque acabamos escolhendo um setup mais voltado para a corrida e, com isso, sacrificamos um pouco a classificação”, explicou.

Max Verstappen domina implacavelmente, mas Red Bull tem questões (Foto: Red Bull Content Pool)

“Se entendêssemos melhor esse aspecto do carro, poderíamos ir bem tanto na classificação quanto na corrida, mas ainda falta informação para fazer com que isso aconteça. Não é apenas por conta da atual geração de carros que á mais difícil encontrar equilíbrio entre os setups de classificação e corrida: os pneus também são uma questão”, disse.

“Por exemplo, os pneus traseiros ficaram bem mais largos. Além disso, há o destaque do efeito-solo. É muito mais complicado guiar tanto com pouco quanto com muito combustível, porque os carros são empurrados para o chão de maneira muito diferente nos dois casos. A diferença é clara para o piloto, mas também é clara no desgaste de pneus, que difere tremendamente de uma situação para outra”, colocou.

“Acaba sendo muito difícil encontrar o equilíbrio perfeito entre o ajuste ideal na classificação e na corrida. A combinação dos fatores torna muito difícil que haja um setup ideal na geração atual de carros”, seguiu.

De acordo com Waché, porém, o trabalho nos simuladores é tremendamente fundamental para que a equipe entenda como realizar ajustes e o impacto de cada um.

Adrian Newey está na Red Bull desde 2006 e é o #1 da parte técnica (Foto: AFP)

“Os testes de simulador têm impacto de importância impossível de mensurar na Fórmula 1 atual. Alguns milímetros de aerodinâmica fazem toda a diferença para os carros. Além disso, ainda temos de fazer ajustes na pista, mas o trabalho inicial vem de muito antes do fim de semana. Vimos em Singapura ano passado a importância desse trabalho. Chegamos para o fim de semana com uma ideia completamente equivocada e não deu para acertar naqueles três dias. Não os recuperamos. Todos tivemos culpa nisso, então estamos motivados para que não aconteça novamente”, apontou.

“Em pistas como Singapura e Mônaco, por exemplo, dá para ver que temos dificuldade. É porque na classificação ainda não estamos no topo. Em pistas de rua, não dá para compensar [pelas fraquezas da classificação] na corrida, porque é mais difícil ultrapassar. Em 2023, também passamos por outras corridas em que não éramos perfeitos, mas conseguimos vencer. Mas fica menos óbvio para o público geral que naqueles dias de Singapura”, contou.

Mesmo assim, uma questão fica: se as dificuldades são tantas em pistas de rua, como é que a Red Bull só perdeu em Singapura em 2023? “Durante os fins de semana de corrida em circuitos de rua, tentamos nos concentrar um pouco mais em encontrar o setup certo de classificação. Mas é mais difícil”, declarou.

Apesar do sucesso, a Red Bull escolheu adotar um conceito diferente do carro para 2024. Até agora, Verstappen conquistou as três poles da temporada. “Nosso setor de aerodinâmica fez um trabalho fantástico. Desenvolveram um novo pacote de forma que restou mais liberdade para evoluir o carro ao longo do ano. Assim, não vemos o conceito atual como uma versão final, mas a criação de uma estrutura de possibilidades. Tudo está funcionando bem e a relação entre simulador e pista tem sido casamento exato”, dividiu.

Max Verstappen conquistou a 3ª pole da F1 2024 na Austrália (Foto: AFP)

“Ainda que as regras sejam as mesmas para 2024 e 2025, não quer dizer que começaremos a temporada com o mesmo conceito de carro. Tudo depende do que encontrarmos em nossos estudos para a criação do próximo carro e, caso encontremos outro conceito que nos dê vantagem, mudaremos. Quando chegamos no desenvolvimento do ano passado, ainda teríamos mais duas temporadas sob o mesmo conjunto de regras [2024 e 2025], então sabíamos que, caso o carro não funcionasse, teríamos tempo para consertar. Dava para arriscar. O processo natural é continuar na base do conceito atual, mas não está fora de questão mudar para um novo”, esmiuçou.

“É preciso que a gente se mantenha com a cabeça aberta. Ficar parado é andar para trás em nosso mundo, e é isso que temos de cuidar para melhorar sempre. No fim das contas, o que você consegue encontrar de novo é o que fica como vantagem”, concluiu.

Fórmula 1 retorna com a temporada 2024 em duas semanas, entre os dias 5 e 7 de abril, com o GP do Japão, em Suzuka.

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