Reginaldo Leme lembra homenagem de Galvão antes de saída da Globo: “Nunca vou esquecer”
Parceiros de praticamente uma vida toda, Galvão Bueno e Reginaldo Leme recordaram o momento que, na prática, representou o último ato do comentarista na Globo na abertura da transmissão do GP do Brasil de 2019
Galvão Bueno e Reginaldo Leme formaram uma das parcerias mais longevas e marcantes da televisão brasileira. Juntos, ao longo de quase 40 anos, os dois foram as vozes das transmissões da Rede Globo no Mundial de Fórmula 1 e relataram alguns dos momentos mais importantes do esporte no Brasil. Em novembro do ano passado, Reginaldo deixou a emissora depois de 41 anos de trajetória. O último ato do comentarista no canal foi no GP do Brasil, em Interlagos. E, segundos antes da abertura da transmissão, Galvão rendeu uma homenagem ao amigo de uma vida toda.
O bastidor foi revelado pela dupla em uma live promovida pelo canal Senna TV no YouTube na noite da última terça-feira. No vídeo, Galvão e Reginaldo se emocionaram com as lembranças de um momento que tinha cara de despedida.
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Reginaldo foi o primeiro a abordar o assunto. “Cê sabe que é uma coisa que nunca vou esquecer na minha vida: abertura do GP do Brasil. A gente tem aquela contagem regressiva, que a gente ouve o pessoal da transmissão — se não me engano era o Alfredo Bokel falando com a gente —, e aquela contagem regressiva é o seguinte: um minuto, 50 segundos, 40… Quando deu 40, o Galvão mandou eu tirar o fone, mandou o engenheiro de som da cabine fechar o áudio de todo mundo, os microfones de todo mundo, virou-se no meu ouvido para cochichar um negócio…”.
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“No GP do Brasil, a cabine [de transmissão] é muito grande. Galvão geralmente leva os filhos, eu levo a Dani, a Dani tava do meu lado… A Dani [filha de Reginaldo] já sacou que ele ia falar alguma coisa, ele veio — na época, estava negociando minha saída [da Globo] — virou e falou assim: ‘Eu não sei o que vai acontecer, mas se for a nossa última transmissão, eu quero que você saiba que esses 39 anos valeram muito’. Velho, nisso a contagem está em 15, 10, entendeu?… E aí, olho para a Dani, a Dani pega na minha mão, suando, chorando que nem uma criança… E como vou me manter naquele negócio todo e ter 10, 9, 8, 7, 6, aquele negócio rodando? Aí, liga tudo, lenço no olho e tal, e começa a corrida”, recordou.
Leme rendeu palavras de agradecimento ao amigo de tantos anos e de tantas jornadas ao redor do mundo. “Galvão, obrigado por essa, que nunca vou esquecer, tá no meu livro e vou contar todas as vezes que puder”, completou.
O narrador exaltou a amizade com Reginaldo e disse que sentiu que aquela seria a última transmissão de uma dupla que fez história na TV brasileira.
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“Regi, era o mínimo que poderia fazer porque foram realmente 39 anos em que nós vivemos mais tempo juntos nós dois do que com as nossas famílias. Num determinado momento desses 39 anos, durante um ano, tivemos assim, um certo atrito, as pessoas exageram… Normal, absolutamente normal. Mas a amizade só foi aumentando, o carinho só foi aumentando, tanto que quando, há 20 anos, quando Desirée e eu nos casamos, o primeiro casal de padrinhos que pensamos e imaginamos foi Reginaldo e ‘Carmencita’, que é a Carmen Sylvia”, lembrou.
“Então, naquele momento, não tava ainda absolutamente definida a saída do Reginaldo, mas sentia que seria a nossa última transmissão. Gente, e nós fomos privilegiados. Porque, juntos, fizemos a última corrida do Emerson Fittipaldi; fizemos as vitórias e os títulos do Nelson Piquet; juntos fizemos toda a saga do Ayrton Senna, que vai muito além de vitórias e títulos, toda a história de Ayrton Senna na Fórmula 1; as vitórias de Rubens Barrichello; as vitórias de Felipe Massa; todos os brasileiros que por lá passaram… Viajamos por esse mundo de Deus centenas de vezes juntos, nossos jantares, nossos momentos de alegria, nossos momentos de tristeza… Então, foi uma coisa muito forte. Senti que aquele era o último instante”, disse Galvão, trazendo à tona o último ato da dupla na tela da TV e a emoção pelo que representou aquela homenagem.
“E foi uma coisa, assim: ‘Vai abrir a transmissão’. ‘Não, não vai abrir assim: corta o microfone’. E disse exatamente essas palavras que ele falou. E me lembro que virei para a câmera, respirei fundo, ainda dei uma olhadinha de lado e ele ficava chorando um pouco, as lágrimas estavam correndo”, complementou.
Por fim, Galvão, bastante emocionado, agradeceu ao amigo de longa data. “Quero dizer aqui que… Cara, valeu demais, Regi. Valeu muito. Quem sabe Deus não coloca a gente trabalhando junto de novo algum dia. Sabe lá o que vai acontecer…”.
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