Retrospectiva 2024: Haas esquece Steiner e finalmente evolui com brilho de Hülkenberg
A Haas saiu da rabeira da F1 pelas mãos de Nico Hülkenberg e o comando de Ayao Komatsu. Agora, mira manter a boa forma com uma dupla totalmente nova em 2025
De 12 pontos a 58, do décimo para o sétimo lugar em um espaço de um ano. A Haas saiu da rabeira do Mundial de Construtores de 2023 e batalhou até o fim por um sexto posto destinado à surpreendente Alpine, e é verdade que a derrota deixou o time americano com um gosto agridoce. O trabalho, porém, está lá. Depois de anos sob a chefia de Guenther Steiner, o jeito pragmático e focado em números de Ayao Komatsu rendeu frutos logo de primeira — e passou longe da vergonha de grandes montadoras, como a própria Renault.
Não há como negar o fato de que a derrota para a Alpine, que nem estava no jogo pelo sexto lugar até o GP de São Paulo, doeu no âmago de Komatsu e Gene Haas, dono da equipe. Naquele fim de semana, Pierre Gasly e Esteban Ocon somaram 35 pontos, um total de 53,8% — ou mais da metade — dos tentos conquistados pelo time francês em toda a temporada. E o #10 ainda manteve a forma nas rodadas finais, com mais 16 na soma de Catar e Abu Dhabi.
Porém, não se pode permitir que o amargor de perder para uma ‘rival de última hora‘ apague a evolução óbvia que o time alcançou esse ano. Muito mais competitiva do que em 2023 e puxada por um grande campeonato de Nico Hülkenberg, a Haas ainda pôde contar com Kevin Magnussen na reta final e teve uma chance que poucas conseguem: dar rodagem ao futuro titular antes mesmo da temporada de estreia.
Hülkenberg conseguiu somar pontos aqui e ali desde o início do ano, com três top-10 — Arábia Saudita, Austrália e China — nas cinco primeiras corridas. O GP do Japão poderia ter sido o quarto, mas um problema na largada jogou tudo pelos ares. Magnussen também foi aos pontos em Melbourne, mas os ventos só mudaram mesmo para a Haas na Áustria.

Extremamente competitivo, Hülkenberg segurou até a Red Bull de Sergio Pérez — na casa do time austríaco — para conquistar o sexto lugar, melhor resultado da Haas na temporada. Magnussen foi oitavo, o que comprovou o crescimento do time americano, e mais um sexto posto do alemão na etapa seguinte, na Inglaterra, botou a esquadra de vez como uma das favoritas na batalha particular contra a RB no Mundial de Construtores.
Aqui, vale um porém. Além de todos os pontos conquistados, dos quais ainda falaremos adiante, Hülkenberg chegou em 11º inacreditáveis sete vezes. Ou seja, além de pontuar dez vezes em 24 corridas, ainda bateu na barreira da zona de pontuação em outras sete. Definitivamente, foi um ano para se guardar do alemão, que deve ter problemas na Sauber em 2025.
O fim de ano de Nico, aliás, foi sublime. Os pontos consecutivos em Singapura, EUA e México só foram interrompidos pela desclassificação bizarra do Brasil, mas Las Vegas e Abu Dhabi trouxeram novos top-10. Yas Marina, aliás, foi um exemplo do excelente ritmo de classificação do alemão, que se acostumou a superar carros melhores (Checo que o diga) em 2024. O sofrimento com a falta de equipamento nas provas longas foi inevitável, e as profundas mudanças internas surtiram efeito exatamente neste ponto: com um gerenciamento de corrida melhor, a Haas ofereceu mais alternativas ao alemão e errou muito menos.
Magnussen também ajudou, principalmente com o sétimo posto no Hermanos Rodríguez e algumas táticas kamikaze para proteger Hülkenberg, notadamente em Arábia Saudita e Miami. É fato, porém, que a briga foi decidida ali. Se Kevin contribuísse um pouco mais, nem o milagre de São Paulo teria encaminhado as coisas para a Alpine.

Dos 58 pontos no Mundial de Construtores, 41 vieram com Hülkenberg, o 11º na classificação entre os pilotos. Isso dá 70% do total. Magnussen contribuiu com 16, distribuídos em cinco top-10 — Nico fez dez e Ollie Bearman, com duas corridas, teve um. A disparidade foi evidente.
Bearman, inclusive, é uma das boas notícias para 2025. De grande estreia pela Ferrari na Arábia Saudita, o inglês fez mais uma ótima corrida no Azerbaijão ao substituir o suspenso Magnussen — aproveitando até um lapso do próprio Hülkenberg para roubar a última posição no top-10. No Brasil, novamente no posto de Kevin, a primeira corrida difícil e cheia de percalços: batida, punição e caos total. Deu tempo de aprender muita coisa, o que é uma vantagem para o primeiro ano como titular.
No fim das contas, o saldo foi extremamente positivo pelos lados da Carolina do Norte. A troca do espalhafatoso Steiner pelo estratégico Komatsu se provou efetiva no primeiro ano, produziu resultados concretos e uma evolução considerável dentro e fora das pistas. No caminho, trouxe até uma nova parceira, a Toyota. Para 2025, uma troca completa de dupla traz animação com as chegadas de Ocon e Bearman, mas também levanta dúvidas sobre como será o caminho sem a consistência de Hülkenberg. Ao menos, o prognóstico pode ser bem mais positivo, enfim com a sensação de que se está caminhando à frente.
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