Sem mistérios atraentes, só estratégia de pneus pode salvar F1 de procissão em Ímola
O formato testado em Ímola pode até não ter rendido os mistérios de desempenho e ordem de forças que se esperava, mas há uma série de questões sobre os pneus. Numa pista onde ultrapassagens serão raras, resta torcer para que isso salve a F1 de um GP totalmente monótono
A Fórmula 1 viveu momentos diferentes quando lhe foi apresentada, por culpa do destino da pandemia, pistas às quais não estava habituada. A presença de Mugello como palco para uma corrida agradou e pôs-se rapidamente na história pelas três largadas naquele domingo de GP da Toscana. O GP de Eifel ganhou o contorno que se esperava justamente para este fim de semana em Ímola, com atividades em dois dias, pela neblina que assolou Nürburgring na sexta-feira. Dias atrás, Portimão caiu bem no retorno do GP de Portugal por seu ineditismo, gerando aquelas duas primeiras voltas insanas e inesquecíveis.
Então veio o GP da Emília-Romanha com a expectativa ‘oficial’ para pilotos e equipes terem meros 90 minutos a fim de acertarem os carros para a classificação. Ao fim e ao cabo do sábado (31) em Ímola, o cenário acabou mais do mesmo: lá se vão as duas Mercedes na frente com Verstappen em terceiro. Como na Toscana, é Valtteri Bottas quem se senta no primeiro lugar do grid.
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“Você sempre luta por isso, as pole-positions nunca são fáceis. Eu realmente gostei. Essa pista, quando você acelera ao máximo, é linda. Sabia que tinha de melhorar na última volta e encontrei aqueles pequenos ganhos onde precisávamos. É uma sensação ótima quando você consegue”, afirmou o finlandês.
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“As curvas dois e três eram duas nas quais eu estava realmente trabalhando e só consegui acertar no fim, assim como as duas últimas curvas. Será uma boa briga. É uma das maiores distâncias do calendário para a curva um. Sem dúvida, Lewis e Max vão me perseguir, mas é um bom lugar para começar”, comentou.
A análise superficial baseada nas experiências anteriores permite indicar que se trata de mais uma corrida encaminhada para uma disputa entre os carros #44 e #77 — com alguma boa vontade. Reforça esta situação o fato de não haver previsão de chuva e sequer o frio das etapas anteriores, fazendo com que os pneus Pirelli trabalhem adequadamente e não representem grandes surpresas. Sacramenta a questão Ímola ser um circuito peculiar: belo e exigente, porém estreito e pouco promissor a ultrapassagens; o próprio Hamilton, no intervalo entre o TL e a classificação, já alertava para tal.
“Estou certo de que você vai ver uma corrida monótona amanhã”, falou Lewis. “Depois da curva 1, será um trem que ninguém consegue ultrapassar, mas espero que o DRS possa nos dar uma oportunidade de passar. Vou dar meu melhor amanhã”, completou.
Assim, a F1 vai para este domingo sem estar embalada por um grande mistério. É o caso de uma corrida que tende a ser definida na largada. O único ponto aqui é que a largada em Ímola não tem a mesma distância para a Tamburello como se viu há 14 anos, a última vez em que a categoria lá esteve: as reformas alongaram a reta principal com o sumiço da chicane, de modo que há mais pista a percorrer do ponto em que as cinco luzes se apagam até a chegada da primeira curva.
A classificação reforçou a divisão entre os três pilotos principais do resto do grid. Que começa liderado pelo excelente Pierre Gasly. O francês, de contrato renovado com a AlphaTauri, conseguiu a quarta colocação e pisou (fundo), mais uma vez, no calo da Red Bull. Alexander Albon, talvez já cônscio de que seu lugar para 2021 – na equipe e na Fórmula 1 – já era, sofreu para manter seu carro dentre os limites da pista: o tailandês foi o rei das voltas deletadas em todas as três fases do treino.
Aliás, a FIA é mais uma vez responsável por estas aberrações momentâneas que vez ou outra surgem. Já havia acontecido na prova passada em Portimão a situação de ter de desconsiderar 125 voltas dos pilotos em um mero treino. Ímola é um circuito estreito cujos limites mesclam brita, grama e salsicha, mas há curvas em que bastam linhas com sensores. Foram justamente estes que provocaram os problemas deste sábado. Ora, não seria mais fácil e inteligente eliminar esta opção? Sebastian Vettel teve sua última volta apagada e caiu de 12º para 14º porque passou com sua Ferrari na faixa verde naquele breve contorno à direita da entrada da reta principal. Qual é a real necessidade de ou ter aquela faixa verde ou não ter uma grama, por exemplo, para evitar o perrengue?
Dito isso, com limite ou não, Vettel não se ajuda. Pela nona vez larga fora do top-10. Charles Leclerc, o companheiro que julga estar em outra liga, é sétimo no grid.
Há ainda a questão dos pneus, uma vez que as equipes conseguiram usar bem pouco cada um deles. Todos terão algum furo na preparação. De acordo com a Pirelli, a estratégia principal para a prova é a de uma parada e utilizando pneus macios entre 28 e 30 voltas e médios entre 33 e 35. Para quem preferir usar macios e furos, a escala varia de 24 a 27 e 36 a 39. A terceira melhor estratégia é utilizar pneus médios e macios. Todas essas aparecem como melhores que partir para duas paradas. A Pirelli avalia a situação partindo do princípio que os pneus macios apontaram, ao longo do sábado, serem 0s6 mais rápidos que os médios, estes 0s5 mais velozes que os duros.
O diretor-esportivo da Pirelli, Mario Isola, deixou claro que as equipes têm, mesmo, muito menos informação a analisar do que o costume por conta da natureza do fim de semana. E revelou a expectativa de que os três compostos de pneus disponíveis serão utilizados durante a prova – algo que não aconteceu em Portugal, por exemplo.
“As equipes pegaram a maior parte das informações necessárias no treino livre de 90 minutos, às vezes divindido os programas entre os dois carros. Ainda há muito menos informação que em fins de semanas convencionais, o que também deixa pontos de interrogação para a corrida e as opções possíveis, especialmente numa asfalto que ainda está evoluindo”, afirmou.
“As equipes vão ficar mais ocupadas que o normal na noite do sábado para analisar as diferenças entre os pneus e planejar a estratégia do domingo. Quanto aos pneus, tivemos algum desgaste na parte da manhã, mas a situação melhorou com mais tempo de pista. Todos os três compostos parecem marcados para um papel importante na corrida, e estamos satisfeitos com o desempenho”, finalizou.
Sem grandes mistérios quanto ao que as equipes têm nas mãos em Ímola, a única dúvida está no quanto sabem ou pode projetar de estratégia para o domingo, unicamente por terem tido tão pouco tempo de pista no fim de semana. O formato de treino livre único é o elemento que, sozinho, tem chance de manter a corrida interessante de qualquer maneira, ainda o pedaço de batalha possível de se vislumbrar seja travado mais no pit-wall e menos na pista. Quem sabe.
O GRANDE PRÊMIO acompanha o GP da Emília-Romanha AO VIVO e EM TEMPO REAL a partir das 9h (de Brasília) do domingo. Antes e depois da corrida, a GPTV ainda transmite duas edições do BRIEFING, o debate do GP nos fins de semana de F1.
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