Fittipaldi lava alma em atuação de gala em Jedá, e Maloney ensaia arrancada na F2 2024

Enzo Fittipaldi e Zane Maloney, cada um à sua maneira, tiveram performances ótimas na etapa da Arábia Saudita e trazem um desenho inesperado para a temporada 2024 da F2

Foi uma rodada digna de uma categoria considerada o último degrau para a Fórmula 1, onde se espera que os melhores pilotos do mundo componham o grid. E em meio às inúmeras possibilidades que se desenharam na Arábia Saudita, no último final de semana, dois nomes em especial se destacaram, cada um à sua maneira: Enzo Fittipaldi e Zane Maloney.

Se houvesse votação de piloto da rodada também na F2, certamente Enzo seria a escolha da maioria, e com justiça. Porém o brilho do brasileiro, sobretudo na corrida 2, acabou ofuscando a impressionante recuperação do barbadiano da Rodin após largar em 15º nas duas corridas do final de semana. Mas falemos de Fittipaldi primeiro.

Enzo é de uma das famílias mais tradicionais do automobilismo mundial, afinal, é neto de ninguém menos que o tricampeão da F1, Emerson Fittipaldi, sobrinho-neto de Wilson Fittipaldi Jr., fundador da única equipe brasileira na categoria. É natural, portanto, que seus movimentos gerem curiosidade e até certa expectativa de sucesso nas pistas, já que se espera que ‘o sangue fale mais alto’, como diz o ditado.

Sua caminhada na F2 começou para valer em 2022, após participar de três rodadas no ano anterior. Com a modesta Charouz, foram seis pódios, o que chamou a atenção da Red Bull e da vice-campeã Carlin, mas o casamento por lá não saiu conforme o esperado. Mesmo assim, foi no ano passado, na sprint da Bélgica, que veio a primeira vitória do brasileiro na classe.

Ultrapassagem dupla de Fittipaldi que valeu a vitória (Foto: Reprodução/F1 TV)

Ainda atleta Red Bull, o vínculo com a academia taurina foi desfeito, e Enzo optou por fazer uma espécie de caminho de volta, assinando com a Van Amersfoort, outra equipe costumeiramente de meio do pelotão. Só que dessa vez, o entrosamento foi nítido desde a pré-temporada. Após uma estreia com problemas no Bahrein, fez valer a impressão deixada de que tinha em mãos um carro bem acertado e capaz de brigar no grupo da frente.

Na classificação, alinhou em quarto para a corrida 2, mas não demorou para mostrar o bom ritmo e assumir a ponta. O safety-car no trecho final, contudo, trouxe um desafio extra para Enzo: ter de ultrapassar dois carros à sua frente que tinham pneus teoricamente superiores.

Não houve tempo para pensar muito, a não ser em uma única coisa: não perder tempo! Fittipaldi sabia que a estratégia era se livrar de Juan Manuel Correa e Amaury Cordeel o quanto antes, pois o primeiro tinha de efetuar parada obrigatória, enquanto o belga começaria a perder performance no fim, porém teria tempo para abrir distância com os compostos supermacios para assegurar a vitória se mantivesse a ponta.

“Assim que você passa por aquelas curvas em ‘S’ com ar sujo, os pneus superaquecem. Quando fui para a curva 1, sabia que precisava frear muito tarde para pegar os dois [Cordeel e Correa] na saída da curva 2, aí teria pista limpa pela frente. E foi isso que eu fiz. Deu muito certo. Consegui construir uma vantagem muito boa a partir daí”, detalhou Enzo na coletiva de imprensa.

Emocionado, o jovem de 22 dedicou a vitória ao tio Wilsinho, que morreu no final de fevereiro. E foi também uma vitória que pôs à mesa novamente o repertório de Fittipaldi. Não foi a primeira vez que o arrojo em manobras de pista ficou evidente, mas a experiência de um terceiro ano veio para refinar tal performance ainda mais. Se terá fôlego para brigar pelo título, é cedo dizer, e tudo dependerá do que a Van Amersfoort será capaz de fazer ao longo da temporada, passando por pistas tão distintas e tendo de aprender a trabalhar com um conceito totalmente novo de aerodinâmica. Mas talvez seja justamente um piloto do calibre de Enzo, com a leitura de corrida que já demonstrou ter, o fator que faltava para incomodar os favoritos.

Zane Maloney teve problemas na classificação, mas brilhou nas corridas (Foto: F1 TV)

Agora falemos de Maloney, que acabou passando um tanto batido diante do que fez Enzo na Arábia Saudita. Mas quem disse que isso importou? O representante de Barbados pode até não ter tido os holofotes sobre si no veloz circuito de Jedá, mas saiu da rodada com um resultado que pode ser encarado como vitória: um quarto e um sétimo após largar de 15º.

Na sprint race, Maloney escapou da confusão ainda no início e conseguiu se aproveitar para saltar alguns postos no início da prova, só que não foi isso que o levou ao quarto lugar, e sim o ótimo ritmo de corrida da Rodin. No sábado, repetiu a dose, cruzando a linha de chegada novamente na zona de pontos e dando a impressão de que teria condições por brigar por mais se houvesse voltas para isso.

“A melhor coisa sobre a mentalidade é não mudá-la. Viemos do Bahrein e fomos lentos na classificação, ficando muito mais atrás do que o esperado. Portanto, a mentalidade sempre foi a mesma. Se eu largasse em terceiro, tentaria vencer; se largasse em 15º, tentaria chegar na melhor posição possível. Então, nada mudou. É muito cedo para pensar no campeonato, mas começou bem, só precisamos continuar construindo isso”, disse Zane logo após a sprint.

Líder do campeonato, agora com 47 pontos, Maloney rejeitou a ideia de que o principal responsável pelo desempenho visto nas duas primeiras rodadas seja o novo carro. Mais que o equipamento, o barbadiano vê o próprio progresso como o fator. “Acho que me tornei um pouco mais eficiente como piloto. Se estivéssemos agora no carro antigo, ainda seria semelhante da minha parte.”

Curiosamente, Maloney e Fittipaldi foram preteridos pelos taurinos na hora de decidir quem seriam os representantes da academia no grid da F2. Num momento em que o time parece prestes a implodir na F1, não deixa de ser interessante notar que as escolhas na base também não caminharam conforme o esperado, ao menos neste início de ano.

Fórmula 1 retorna daqui a duas semanas, entre os dias 22 e 24 de março, com o GP da Austrália, terceira etapa da temporada 2024, em Melbourne.

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