Bortoleto atinge apogeu em exibição de gala na Itália e deixa claro: F1 perdê-lo é loucura
Seja Sauber, McLaren ou em qualquer lugarzinho que se abra no grid da Fórmula 1, não importa: Gabriel Bortoleto tem de estar na categoria, e já em 2025
Definitivamente, a Fórmula 1 não pode se dar ao luxo de correr o risco de perder Gabriel Bortoleto em 2025. É uma constatação que, claro, tornou-se óbvia após a exibição de primeira classe do brasileiro na rodada da Itália da Fórmula 2 2024 — que começou da forma mais avessa possível, pois quem imaginaria que daria para vencer uma das duas corridas largando da última colocação? —, mas que já se desenhava muito antes do que foi testemunhado em Monza.
Nem o próprio Gabriel, aliás, supôs que tal façanha aconteceria. Logo após o gigantesco triunfo no domingo, admitiu na coletiva de imprensa que o objetivo era o top-5 — meta ainda assim difícil, considerando a obrigatoriedade da parada, além da ameaça sempre reinante de incidentes no pelotão intermediário, principalmente em uma pista tão veloz quanto a italiana.
Só que mesmo partindo de último após a escapada na classificação, tanto na sprint quanto na corrida principal, terminar na zona de pontos era muito plausível e por razões realistas, a começar pelo bom carro que a Invicta conseguiu entregar nas mãos dos seus dois pilotos. Desde as primeiras rodadas, ficou claro que era questão de pequenos ajustes para a ex-Virtuosi ter um dos dois na briga pelo título.
E não desmerecendo Kush Maini (e também sem o menor pachequismo), era evidente que este seria Bortoleto, e não somente pelo título em seu ano de estreia na Fórmula 3, mas pelo piloto que é. Gabriel é rápido, arrojado, destemido e muito, muito inteligente, e tudo isso com apenas 19 anos.
Vejamos: é muito comum os pilotos que largam mais atrás na corrida de domingo escolherem a tática alternativa, que geralmente é permanecer o máximo de tempo na pista com um composto mais duro para chegar à frente e tentar abrir distância suficiente que lhe permita brigar pelos pontos. Em caso de intervenções do carro de segurança, até mesmo a vitória.
Só que Bortoleto, juntamente com a Invicta, sabiamente marcou os rivais diretos na briga pelo título, Isack Hadjar, Paul Aron e Zane Maloney, e partiu para o stint inicial com os pneus supermacios, a estratégia convencional. Isso comprova a apurada leitura de corrida que o brasileiro tem, pois era óbvio que se, por exemplo, sofresse com o desgaste excessivo, o mesmo aconteceria com os demais adversários.
Mas Bortoleto não esperou para ver o que aconteceria, e nem havia tempo para isso. Ao escapar ileso das confusões nas duas largadas, sprint e principal, fez o que era planejado, e conhecendo muito bem os caminhos — e as armadilhas — de Monza, efetuou belas ultrapassagens até se colocar na briga natural por pontos.
O safety-car no domingo, claro, foi a dose de sorte que não costuma faltar aos campeões, mas de nada valeria se Bortoleto tivesse perdido rendimento ou não tivesse cuidado de maneira adequada dos pneus. Maloney vinha em segundo muito forte, mas era dia de redenção para o piloto da academia da McLaren. Já dizia o poeta, ‘dias de luta, dias de glória’.
A glória de Bortoleto veio no mesmo fim de semana em que a Mercedes oficializou a chegada de Andrea Kimi Antonelli ao grid da F1 2025. Como presente de aniversário, deu ao pupilo a chance de guiar o carro do ano no TL1 do GP da Itália, aventura que durou uma volta e meia. Toto Wolff jurou que ficou impressionado com o que viu antes da forte batida, mas não deixou de ser curioso sentir a aura do constrangimento pairando no ar, a famosa ‘água no chope’.
Claro que é cedo, e nem é o ponto desta análise, dizer que houve precipitação em subir Antonelli à Fórmula 1, porém é preciso admitir que Bortoleto também merece uma vaga, e já em 2025. O sonho é a McLaren, sem dúvida, mas o caminho atual o conduz à outra ponta da fila, uma Sauber zumbi que certamente conta os dias para entregar tudo de vez nas mãos da Audi. E é esse exatamente o ponto em questão, pois se já tem o competente Nico Hülkenberg, por que não ousar de vez e apostar em um piloto que já sinais claros que está mais que pronto para o desafio?
Não há, na verdade, nenhum argumento que justifique a Sauber escolher Valtteri Bottas, o favorito de acordo com a imprensa europeia, a Bortoleto, a segunda opção. É sabido, todavia, que o pool da F1 não costuma ser muito aberto a novidades, por mais que já tenhamos nada menos que três novatos confirmados para o ano que vem. E, sinceramente, cabe muito fácil mais um aí, justamente aquele que vem sendo um dos melhores no momento.
A Fórmula 2 volta de 13 a 15 de setembro em Baku, para a disputa da rodada do Azerbaijão, a 12ª da temporada 2024.
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