Hadjar equilibra balança contra Bortoleto na F2 no braço e prova que merece chance na F1
Justiça maior seria se desse para dividir o caneco da F2 entre Isack Hadjar e Gabriel Bortoleto, mas ele demonstrou que merece a F1 tanto quanto o brasileiro
No começo da temporada 2024, ainda no Bahrein, depois de ver Zane Maloney varrer o fim de semana e deixar a rodada de abertura da Fórmula 2 com apenas 5 pontos, Isack Hadjar ligou o sinal de alerta. “Sabia que era a minha última chance para a Fórmula 1”, admitiu aos jornalistas pouco antes da etapa derradeira, em Abu Dhabi, e reconheceu que precisou lidar com toda a pressão de “ter de cumprir o prometido”. Para piorar, os problemas de confiabilidade da Campos o impediram de pontuar em três das quatro primeiras corridas, e Hadjar começou a se questionar quando — e se — ia começar a converter o ritmo que tinha em brigas por pódios e vitórias.
Hadjar, aliás, passou por processo semelhante no ano passado, quando estreou na categoria com a Hitech. A passagem anterior pela Fórmula 3 deixara nítido que ele tinha muito potencial para ser um dos destaques ou ao menos incomodar bastante, mas nada disso aconteceu, já que incontáveis foram os problemas — ora quebra, ora incidentes. Mesmo assim, quando havia a oportunidade de mostrar o arrojo, ele lá estava.
Entretanto, era pouco para quem integra o Red Bull Junior Team, badalado programa de jovens pilotos da exigente Red Bull. Helmut Marko, o consultor taurino, nunca escondera a predileção pelo francês — “o pequeno Prost”, como uma vez se referiu ao jovem, portanto a expectativa para enfim vê-lo na disputa pelo título da F2 era muito alta. E a consolidação de tudo, nenhuma novidade.
Mas Hadjar precisou esperar até a terceira rodada, na Austrália, para dar início a uma arrancada que o colocou em pé de igualdade contra adversários duros de serem batidos. O carro, todavia, ainda teimava em ser uma barreira a mais, especialmente comparado ao Invicta do principal rival, Gabriel Bortoleto, constantemente figurando nas primeiras colocações em classificação. Mesmo assim, foi no braço atrás de um título que também era merecido.
E talvez o melhor retrato sobre como a reta final do campeonato estava completamente aberta seja a rodada do Catar. Hadjar de novo teve de ir ao limite para chegar ao round final praticamente empatado com Gabriel. Ele errou na sprint, é verdade, mas não desistiu e ainda viu o adversário com uma punição nas costas na corrida 2. “Tive de fazer uma volta de classificação”, contou depois de cruzar a linha de chegada à frente e reduzir a vantagem do brasileiro para mísero 0.5.
O 0.5 polêmico da corrida sprint da apoteótica rodada da Itália. Por decisão ainda questionável da direção de prova, Bortoleto se agarrou a este meio tento e foi “com a faca nos dentes” para a decisão. Foi bravo, aguerrido, destemido, da mesma forma que Hadjar, pois todos esses predicados também cabem a ele. O problema na largada na corrida deste domingo (8) acabou transformando a final em um anticlímax, mas não apaga tudo o que ele demonstrou nas outras corridas. É, sem dúvida, um piloto muito, muito bom.
Justiça maior seria se desse para dividir o caneco entre os dois, diga-se, porque tanto o francês quanto Gabriel roubaram os holofotes e mostraram que a F2 já havia se tornado pequena.
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