Martins enfim acerta tom em dia de Prema fora do compasso na Fórmula 2

O próprio Victor Martins reconheceu que, às vezes, dar 100% sempre não é o ideal, pois você fica muito mais próximo do erro. E foi a partir dessa autoanálise que o francês achou o tom para enfim deslanchar na Fórmula 2 2023

Victor Martins precisou de 16 corridas para enfim subir ao degrau mais alto do pódio na Fórmula 2 2023. Não é nada absurdo, claro, se considerarmos que o francês é um dos estreantes do ano, porém desde a primeira rodada, no Bahrein, o piloto da ART dava claros sinais de que seria um forte concorrente ao longo do campeonato, sobretudo para o companheiro de equipe, Théo Pourchaire. Só que a impressionante velocidade era proporcional à afobação que o levava a cometer erros infantis nas corridas, e essa performance acima do tom o fazia perder constantemente a disputa caseira contra o parceiro muito mais experiente.

Foi necessário recalcular a rota, pois, como o próprio Martins admitiu recentemente. Para encontrar a afinação, o jovem de 22 anos precisou, primeiro, ouvir a própria música. Em suas palavras, entendeu que quando os pontos valem, dar 100% nem sempre será a tática ideal, pois o flerte com o erro é infinitamente maior quando se pilota no limite — e o repertório de Victor nesse ano é vasto, de batidas em muros, rodadas, enroscos em disputas por posições e até acelerar sob bandeira amarela (e quase atropelar fiscais!).

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Maloney, Martins e Bearman, F2 2023, corrida principal, Inglaterra, Silverstone
Zane Maloney, Victor Martins e Théo Pourchaire no pódio da corrida 2, em Silverstone (Foto: Dutch Photo Agency)

“O desempenho não tem sido um problema desde o início da temporada”, disse o campeão vigente da F3 ao site Feeder Series. “Direi que talvez não tenha tido a abordagem certa, que era simplesmente dar 100% sempre. Obviamente, funciona muito bem nos treinos livres, muito na classificação, mas um pouco menos nas corridas, sempre com um erro. Vejo isso como se tudo estivesse indo perfeitamente bem, e aí um pequeno erro custa muito. No final, são detalhes que preciso entender e aprender com a equipe. É o que estamos fazendo”, salientou.

E foi numa das pistas mais velozes do calendário que Martins, enfim, desencantou. Partindo da pole-position, tomou um susto na ótima largada de Ayumu Iwasa, mas não demorou para recuperar a ponta e abrir para os demais adversários. Só que veio, no entanto, o revés: a direção de prova considerou que o #6 acabou saindo da pista e ganhou vantagem para cima do japonês da DAMS na disputa, gerando uma punição de 5s.

Antes da sanção, Martins sobrava, chegando a abrir quase 1s por volta nos cinco primeiros giros da corrida. Mas os acidentes causaram três intervenções do safety-car ao longo das 29 voltas realizadas. O aviso de que teria o acréscimo de tempo veio exatamente no momento em que o carro de segurança entrou na pista pela terceira vez, num acidente doméstico entre os pilotos da Campos, Kush Maini e Ralph Boschung.

Era a volta 17. No final da 19, a pista foi liberada, o que deixou o francês com apenas dez giros para abrir mais de 5s e garantir a vitória. Agora sim, era a hora de dar os 100%, e Martins não economizou: voou em Silverstone, cruzando a linha de chegada com 7s de vantagem para Zane Maloney. Uma performance, como diz o clichê, de gente grande. Mais que isso: uma performance que concretiza a evolução vista desde Barcelona, quando foi ao pódio nas duas corridas do final de semana na Espanha, e o credencia como postulante ao título, se não deste ano, sem dúvida, de 2024 se mantiver o tom certo.

Pourchaire completou em terceiro e viu o céu escancarar uma chance cada vez mais rara: a de capitalizar sobre infortúnios da Prema. O fim de semana em terras britânicas esteve longe dos melhores para o time italiano, que já começou tendo uma classificação aquém do esperado, com Frederik Vesti apenas em décimo. O dinamarquês se valeu do grid invertido e dominou a sprint debaixo de chuva — dez pontos, aliás, que foram cruciais para ainda deixar a oitava rodada do campeonato em vantagem —, mas os 20 tentos de frente para Théo viraram meros seis.

Justiça seja feita que Vesti não teve culpa no abandono na corrida de domingo: na relargada depois do primeiro safety-car, foi acertado por Dennis Hauger e, consequentemente, bateu a traseira de Roman Stanek. Mas é justamente aquele clássico resultado que mostra a todos que não há absolutamente nada ganho, ainda mais com 195 pontos em jogo.

Pourchaire também ficou em segundo na sprint. De ponto em ponto — ou melhor, de pódio em pódio, pois chegou ao sexto, além da vitória em Sakhir —, joga com a regularidade nas corridas principais, mais valiosas, e mantém-se como principal rival da Prema na briga pelo título. Mas é bom ficar muito esperto, pois se Martins deslanchar, Théo corre sérios riscos de amargar mais um vice-campeonato na conta. Afinal, se em Victor sobrava ímpeto, a impressão é de que Pourchaire ainda segue devendo uma performance digna de um futuro campeão da classe.

A Fórmula 2 volta daqui a duas semanas, entre os dias 21 e 23 de julho, para a disputa da etapa da Hungria. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades da temporada 2023.

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