Retrospectiva 2022: Fórmula 3 coroa Martins após briga de sete por título na última rodada

Da primeira à última rodada, a Fórmula 3 2022 viu o top-3 mudar em cada fim de semana. Melhor para Victor Martins, que concluiu a dança das cadeiras no único lugar que interessava: o primeiro

A Fórmula 3 2022 proporcionou ao apaixonado por automobilismo tudo o que ele mais deseja de uma competição: equilíbrio do início ao fim, com nada menos do que sete pilotos chegando à última rodada da temporada com chances matemáticas de título: Victor Martins, Isack Hadjar, Roman Stanek, Oliver Bearman, Zane Maloney, Arthur Leclerc e Jak Crawford. Ao final, o francês da ART levou a melhor numa decisão anticlimática por conta da confusão provocada pela bandeira vermelha, mas que acabou sendo um detalhe menor frente ao que se viu ao longo do ano.

É fato que, dos sete postulantes à taça, a temporada viu alguns protagonistas entre eles, e por razões distintas. Desde a primeira rodada, porém, Martins se apresentou como um dos homens a serem batidos. No fim de semana no Bahrein, o piloto alinhou em quinto no grid para a corrida principal e, depois de uma ótima largada, já ganhando duas posições, buscou a liderança após uma bela disputa contra Franco Colapinto.

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Prodígio da Red Bull, Isack Hadjar liderou por algumas rodadas, mas fechou em quarto (Foto: F3)

Foi a primeira liderança de Martins, que compensou a sprint sem pontos com a vitória no domingo. Na classificação, porém, o bom desempenho na pista barenita, com pontos nas duas provas, colocou Leclerc em segundo com um ponto a menos. Bearman fechou o primeiro top-3 do ano.

Primeiro e único, diga-se, que teve esta formação. Cada uma das nove rodadas realizadas na temporada terminou com mudanças nas três primeiras colocações, de acordo com o resultado de pista. Em Ímola, na etapa seguinte, Martins sustentou o primeiro posto no desempate contra Leclerc, mas era Stanek quem agora aparecia em terceiro lugar, e isso graças à vitória na corrida principal. Na sprint, o degrau mais alto do pódio ficou com o argentino Colapinto.

Veio então a etapa de Barcelona, e Martins praticamente teve uma vitória de ponta a ponta: após fazer o segundo tempo na classificação, pulou para a liderança já na primeira curva e viu Leclerc sair apenas com os sete tentos conquistados na corrida de sábado. Um leve respiro na liderança, agora com Stanek e Crawford aparecendo na sequência.

Havia, porém, outro piloto disposto a roubar a cena e que, aos poucos, começou a crescer na classificação e se colocar como o principal adversário de Martins: Hadjar. A vitória na sprint mais a volta mais rápida, além do quinto lugar na prova principal, fizeram o franco-argelino sair de Silverstone, palco da quarta rodada, em terceiro.

Na Áustria, nova vitória de Hadjar, mas agora na corrida principal, e com direito a hat-trick (pole-position e volta mais rápida) e briga direta contra Martins. O domínio só não foi completo porque o representante da academia da Red Bull ficou apenas em décimo na sprint. Mesmo assim, a performance foi suficiente para Isack pular para o segundo ponto, ficando a apenas um ponto do rival francês.

Com Hadjar embalado, cada ponto passou a valer ouro, e foi justamente o décimo lugar na corrida principal, na Hungria, que deixou Martins empatado com o rival franco-argelino. No desempate, porém, era a primeira vez que o piloto da Hitech aparecia na liderança da competição.

O pódio de Collet em Monza (Foto: Sebastiaan Rozendaal / Dutch Photo Agency

A rodada em Budapeste ainda trouxe a primeira vitória de Caio Collet na categoria, na sprint race, e mostrou ao mundo uma qualidade que costuma fazer a diferença na carreira dos pilotos: a boa pilotagem na chuva.

A F3 desembarcou em Spa-Francorchamps para a disputa da antepenúltima rodada. Martins e Hadjar, ao contrário das etapas anteriores, tiveram um fim de semana muito complicado, com o então líder saindo da Bélgica zerado. Isack, por sua vez, conseguiu marcar dois pontinhos que foram suficientes para colocá-lo na liderança isolada, a duas rodadas do fim.

A dupla não contava, porém, com a ascensão de dois nomes dispostos a embaralhar ainda mais o campeonato: Bearman e Maloney, os vencedores da sprint e da prova principal no fim de semana belga, respectivamente. Com o triunfo de sábado, o piloto da Prema tomou a vice-liderança, ficando a um ponto do novo líder, Hadjar. Martins agora era o terceiro, mas a distância também era de apenas um tento, o que deixava a disputa totalmente aberta com ainda 78 pontos em jogo.

Enquanto Maloney dava a Barbados mais uma vitória histórica na corrida principal da Holanda, Martins e Hadjar travavam um duelo particular na pista de Zandvoort. Na sprint vencida mais uma vez por Collet, o representante da Hitech cruzou a linha de chegada à frente do rival. Na corrida de domingo, foi a vez de Martins dar o troco, com direito a pódio, enquanto Hadjar foi apenas o quinto. Como Bearman saiu zerado, o top-3 viu Victor novamente na liderança, cinco pontos à frente de Isack.

A decisão ficou para Monza, e nada menos que sete competidores chegaram com chances de erguer o troféu de campeão da F3 2023 — alguns, no entanto, dependendo de um verdadeiro milagre, como era o caso de Crawford, a 36 pontos do líder, com 39 a serem jogados.

Maloney terminou como vice-campeão após vencer as três últimas corridas principais (Foto: F3/Twitter)

Após uma sprint tumultuada, as últimas fichas foram postas à mesa na corrida final. E não faltou, claro, aquele protagonismo desnecessário tão visto na Fórmula 1: um forte acidente envolvendo Kush Maini e Brad Benavides, a cinco voltas do fim, causou a entrada do safety-car, mas a direção de prova logo optou pela bandeira vermelha.

Àquele momento, Martins era o terceiro, resultado que lhe daria o título, mas os comissários informaram que vários pilotos estavam sob investigação por excederem os limites de pista, incluindo o representante da ART. Foi uma espera de cerca de 15 minutos a ter o resultado final, enfim, ser confirmado.

A direção de prova decidiu punir Martins em 5s, e o piloto caiu para o quinto lugar na classificação geral. Mas como William Alatalo, em quarto, também recebeu a mesma sanção, Martins subiu um posto. Portanto, o quarto lugar no geral foi suficiente para ele celebrar a conquista do título com a equipe, colocando a França mais uma vez no topo da série — em 2018, Anthoine Hubert foi o campeão da categoria, quando ela ainda se chamava GP3. Martins dedicou o título ao compatriota, falecido em 2019.

A vitória da última corrida? Foi novamente dele, Maloney, numa arrancada impressionante que o levou à vice-liderança, a cinco pontos do campeão. Na dança das cadeiras do top-3, foi Bearman quem riu por último, abocanhando o último lugar do ‘pódio’.

Hadjar, que liderou por duas rodadas e foi o principal adversário de Martins, teve de se contentar com o quarto lugar no geral depois de uma rodada cheia de problemas. Já Collet, vencedor de duas sprints e pódio em outras três ocasiões, fechou o seu segundo ano de F3 na oitava colocação, uma a mais que a obtida na temporada de estreia.

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