Com maior conquista desde Kanaan na Indy, Piquet dá título ao Brasil 11 anos depois na F-E

Nelsinho Piquet ficou com o título da primeira temporada da F-E. A conquista é a maior de um brasileiro desde o campeonato da Indy vencido por Tony Kanaan em 2004. Piquet obteve o caneco ao terminar a prova derradeira, em Londres, na oitava posição

Foi emocionante. E justo. Com o sétimo lugar na segunda corrida de Londres, Nelsinho Piquet ficou com o título da F-E pela diferença mínima de um ponto para Sébastien Buemi. A crescente na parte final da temporada foi determinante para o brasileiro ficar com o caneco. E a atuação estratégica na derradeira corrida do ano mais ainda. A conquista também foi a maior de um brasileiro desde Tony Kanaan em 2004 na Indy.

 
Piquet Largou bem e ganhou quatro posições, passando a primeira volta em 12º. Ficou um pouco distante do pelotão da frente. A ideia era economizar energia para ficar mais tempo na pista. Na décima volta, com pista limpa e na 11ª posição, usou o seu fanboost a fim obter a volta mais rápida. Sem sucesso, porém.
 
Com a punição de Jean Éric-Vergne, ganhou mais uma posição com 13 voltas disputadas. Já era o décimo. Com 16 voltas, à medida que todos os pilotos à frente pararam para trocar de carro, Piquet assumiu a liderança da prova.
 
Na 17, fez a sua parada e voltou na décima posição, muito pressionado por Nicolas Prost. Com o safety-car, Piquet se aproximou do companheiro de equipe Turvey, que facilitou a passagem. Na sequência, deixou Durán para trás e, com o oitavo lugar, e a posição dos demais concorrentes, estava com as mãos na taça.
 
Piquet venceu duas vezes no ano, na sexta etapa em Long Beach, e na nona, em Moscou.
Nelsinho Piquet é o grande campeão da temporada inaugural da F-E (Foto: Reprodução/Twitter)
A trajetória de Piquet até ser coroado campeão da F-E:
 
Pequim não foi exatamente impressionante para o piloto da equipe da casa. Durante todos os treinos livres e na classificação, Nelsinho não conseguiu dar indícios de que brigaria pelo título da categoria. Depois de ser sondado por algumas equipes, parecia não ter feito lá uma grande escolha.
 
Largou em décimo e por ali rondou durante a prova. Perdeu duas posições de uma vez quando o carro perdeu potência, para Stéphane Sarrazin e Jérôme D'Ambrosio. No fim das contas, deu sorte de marcar pontos, porque a batida no fim o impulsionou para o nono lugar.
 
A segunda etapa da temporada foi de evolução para Piquet. Mas ainda assim, foi menos do que animadora com relação a uma possível disputa pelo título. Problemas de suspensão o acompanharam nos treinos livres, e não se sabia bem o que esperar chegando na classificação. E Nelsinho conseguiu classificar melhor que na China. Fez o sexto tempo, mas forçou bandeira vermelha após o carro parar na pista.
 
Já a corrida foi conturbada. Piquet passou o pole Servià, que ia ficando para trás. Mas passou perto de se enrolar em uma pequena confusão com Bruno Senna e Montagny. O francês acabou levando a pior. Depois de voltar dos boxes, o brasileiro mostrava que a China andava muito rápido. Chegou a passar Di Grassi pela quarta colocação e atacou Trulli, que tinha um drive-through a cumprir. O resultado foi que o veterano italiano o espremeu em direção ao muro e acabou com a corrida.
 
A melhora da equipe China entre corridas era vertiginosa. Apesar do companheiro, Ho-Pin Tung, não conseguir se aproximar de bons resultados, Piquet mostrara uma clara diferença entre as duas primeiras provas e logo ficou evidente que seria da mesma forma no Uruguai. Sem que e.dams e Audi ABT encarassem algum tipo de problema ou punição, Nelsinho bateu as duas equipes na classificação. Só não bateu o estreante Vergne e a Andretti, que conseguiram anotar a pole-position.
 
Mas saindo no segundo lugar, Piquet tinha grandes possibilidades. E não esperou para mostrar. Logo na largada, mergulhou e tomou a ponta de Vergne. A China ainda não tinha um ritmo de corrida top, e Vergne perseguiu Piquet até retomar a posição. Buemi passou também, mas errou e perdeu. Só que aí foi Nelsinho quem escapou em seguida, perdendo posição para as duas e.dams. A passagem por Prost aconteceu quando o francês teve de pagar punição, e o terceiro lugar parecia seguro. De fato, não foi ameaçado. Mas o problema de Vergne com a bateria o fez ganhar mais uma posição, a segunda, e subir ao pódio pela primeira vez na categoria.
 
Apesar de ter começado uma possível reação na disputa com os maiores competidores na luta pela conquista da temporada 2014-15 da F-E, Piquet viu o crescimento contínuo mostrado até Punta del Este esfriar. No treino de classificação para o eP argentino, conseguiu a nona colocação, que apesar de o colocar filas atrás da patota de Di Grassi e as e.dams, o deixava em situação de alcance possível.
 
E assim fez. Uma corrida correta, esperando por chances. Quando Buemi quebrou, na volta 23, Piquet nem era top-10. Mas foi se recuperando. E na frente, todo mundo parecia ter problemas. Di Grassi também quebrou, Heidfeld foi punido. No fim, Bird ficou para trás, bem como Alguersuari. E nos momentos finais, Vergne, que liderava, errou. Piquet passou por ele também. No fim das contas, com várias ultrapassagens no meio do caminho, terminou no terceiro lugar e com mais um pódio.
 
Com os problemas dos adversários somados, Nelsinho começava a circundar perigosamente as primeiras colocações do campeonato. E mais importante que isso: se aproximar em pontos. Na classificação, voltou a mostrar que se havia alguma dúvida podiam anotar que ele havia chegado na briga pelo título. Assim como no Uruguai, fez o segundo melhor tempo na classificação, atrás apenas de Vergne. Só que dessa vez carregava uma punição de cinco posições por acelerar sob bandeira amarela na Argentina.
 
Outra faceta de Piquet começou a aparecer com ainda mais força em Miami: a capacidade de poupar energia. Assim ele fez para passar Bird, que capengava para não parar, e ser o último a trocar de carro. Mas encontrou um pit-stop com problemas pela China. Voltou, porém, como o mais rápido na pista para o trecho final da prova. Se recuperou aos poucos, deixando para trás Vergne e Di Grassi. A quinta colocação, somada aos dois pontos da volta mais rápida o deixou com mais 12 pontos.
 
O sábado em Long Beach dificilmente poderia ter sido mais especial para Piquet. Não foi apenas por ter conquistado sua primeira vitória na categoria e asusmiu a vice-liderança do campeonato. Além de tudo isso, foi um triunfo marcante por ter sido no mesmo lugar onde o pai, Nelson Piquet, venceu pela primeira vez na F1 35 anos antes completados dias atrás.
 
Nelsinho fez o suficiente para largar no terceiro lugar, mas ganhou o segundo de presente pela punição de Buemi. Quando a largada foi permitida, imediatamente ele mergulhou para cima de Abt e passou. Daí em diante, correu uma prova particular. Em nenhum momento passou sequer perto de sofrer ou deixar a vitória escapar.
 
A rixa com o rival Di Grassi se apresentou com toda a força quando Nelsinho reclamou de ter sido atrapalhado. Mesmo assim, conseguiu largar na quarta colocação, atrás dos concorrentes e de D'Ambrosio, com boas chances de atacar. 
 
Atingindo o auge de sua popularidade com o fanboost, Piquet usou a potência extra para passar o belga e assumir o terceiro posto. Após isso, Piquet só efetivamente atacou o rival no final da corrida, com tudo para tomar a segunda colocação e a liderança do campeonato. Ele tentou três vezes, uma com o fanboost, mas nada feito. Houve até um toque de corrida entre ambos, mas Di Grassi manteve a posição.
 
Enquanto a F-E aproveitou o intervalo entre as corridas para promover a rivalidade entre Piquet e Di Grassi, a corrida no mítico aeroporto desativado de Tempelhof significava uma batalha agora tripla pela liderança do campeonato, que poderia ir para qualquer lado sem depender de muitas variantes.
 
Piquet, por sua vez, começou em desvantagem. Fez sua pior classificação de toda a temporada, conseguindo apenas a 13ª posição do grid. Só que a largada já deu o tom de que o piloto da equipe China ia se recuperar. Ao partir, era o décimo. 
 
Foi recuperando espaço que perdeu novamente ao ficar tempo demais na pista antes de trocar o carro. Sem se preocupar em controlar energia na metade final, logo impôs um ritmo fortíssmo e foi saindo do oitavo lugar em que estava, além de anotar a volta mais rápida da corrida. Ele passou pelas Venturi de Sarrazin e Heidfeld e ficou com a quinta colocação. Após a prova, com a punição de Di Grassi, foi premiado duplamente. Mais alguns pontos para ele e muito menos pontos para o rival. Era, agora, líder da F-E.
 
A pista de Moscou é travada como o melhor gosto de Piquet e da China. Desta feita, acabou sendo um casamento perfeito. Embora novamente o líder do campeonato tenha esbarrado em Vergne na classificação e ficado com o segundo lugar na largada.
 
No melhor estilo que vem apresentando na F-E, no entanto, Piquet mergulhou à frente de Vergne e se posicionou na dianteira. Apesar de jamais ter conseguido abrir vantagem da forma como em Long Beach, Nelsinho fez uma prova sem riscos para se aproximar do título da F-E.
 
Em Londres, fez o quarto tempo para a primeira corrida do fim de semana. E, na tentativa de deixar Lucas Di Grassi para trás, acabou se tocando com o rival e, posteriormente, foi ultrapassado por Jean Éric-Vergne. Concluiu em quinto.
Nelsinho Piquet (Foto: Reprodução/Twitter)
A trajetória de Piquet no automobilismo:
 
Nelsinho Piquet iniciou no Kart aos 8 anos de idade. Por três vezes, em 1997, 1999 e 2000, foi campeão brasileiro da modalidade. Estreou na F3 Sulamericana em 2001 e no ano seguinte foi campeão. Já em 2003, correu pela F3-britânica e terminou o campeonato na terceira colocação e na temporada seguinte ficou com o caneco. Em 2005 rumou para a GP2, onde ficou até 2006, quando foi vice-campeão.
 
Em 2007 tornou-se piloto de testes da Renault na F1 e fez sua estreia na principal categoria do automobilismo mundial em 2008. Na temporada seguinte correu em dez etapas e acabou demitido. Retomou a carreira em 2010, nas categorias de acesso à Nascar e foi trilhando seu caminho com bons resultados, inclusive com vitórias. Com o início da F-E, iniciou uma nova jornada na carreira.
Mas a carreira de Piquet não foi só flores, há o caso do GP de Cingapuera, em 2008. Então piloto da Renault, Piquet assumiu ter batido propositalmente a fim de favorecer seu companheiro Fernando Alonso em uma trama armada por Flavio Briatore, chefe de equipe. Com a polêmica, acabou abreviando sua passagem pela F1.

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