DS Techeetah tem futuro incerto na Fórmula E e busca investidor para salvar 2023

Equipe mais vitoriosa da história da Fórmula E, DS Techeetah sofre com problemas financeiros e busca investidor para desenvolver carro Gen3, que estreia na temporada 2023

ASTON MARTIN AINDA SE COMPORTA COMO UMA DAS EQUIPES DO FUTURO NA F1

A DS Techeetah teve uma boa pré-temporada em Valência, no final de 2021, se preparando para a temporada da Fórmula E que se inicia neste mês de janeiro. No entanto, alguns dos desafios que a equipe precisará encarar em 2022 não estão exatamente dentro das pistas, mas fora delas. Relatos de atrasos salariais são conhecidos na escuderia desde 2020, e um novo investidor será necessário se a vencedora equipe — tricampeã da categoria — quiser continuar sua trajetória na modalidade.

De acordo com informações do portal The Race, os primeiros rumores de que salários de pessoas importantes da equipe estavam atrasando apareceram ainda em 2020, na sequência de seis corridas da Fórmula E em Berlim para o encerramento do campeonato. Na ocasião, a ausência de qualquer veículo da mídia fez com que a história não fosse investigada.

No entanto, a partir de julho de 2021, mais precisamente na etapa de Nova York, foi possível ver uma cara nova no paddock da Techeetah: Anthony Di Iorio, empresário bilionário do ramo de tecnologia blockchain, se apresentava como o novo investidor do time. E o canadense, de fato, mostrou imersão na equipe: visitou a fábrica, conheceu os empregados, viajou para as etapas de Londres e Berlim e até mesmo pagou algumas contas da equipe.

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Jean-Éric Vergne venceu uma única vez na temporada 2021, no ePrix de Roma (Foto: FIA Fórmula E)

No entanto, no final de agosto, tudo deu errado. Di Iorio voltou atrás e desistiu de investir na equipe, o que levou a situação a níveis extremos. Para se ter uma ideia, os dois pilotos do time, António Félix da Costa e Jean-Éric Vergne — que inclusive já foram campeões da Fórmula E no carro da Techeetah — foram liberados para procurar outras equipes para 2022. A questão é que as vagas já estavam definidas, então ambos precisaram permanecer na equipe.

Então, a salvação apareceu: a DS, braço da Citroën que já possui uma parceria técnica fechada com a Techeetah desde 2018, assumiu as operações da equipe para o ano de 2022. Mas existe um problema, ainda de acordo com o The Race: a montadora francesa só vai continuar na equipe para o ano seguinte com uma condição — justamente a entrada de um novo investidor, como seria o caso de Di Iorio.

Como se não bastasse toda a turbulência vivida pela equipe, uma grave perda se abateu sobre a Techeetah em setembro de 2021. Pascal Tortosa, engenheiro de Vergne e tido como um ‘gênio louco’ dentro da equipe devido a seu conhecimento, faleceu. Diretor de performance da DS e agora chefe da Techeetah, Thomas Chevaucher explicou a importância de Tortosa para a equipe.

“Eu diria que a maior diferença não está entre mim e Mark [Preston, ex-chefe da equipe mas que se ausentou do cargo para ser CEO], mas sim a falta sentida de Pascal [Tortosa]”, disse ao veículo. “Esta é realmente a grande diferença. Quero dizer, o resto segue igual”, lamentou.

António Félix da Costa também só conseguiu uma vitória em 2021, na corrida única do ePrix de Mônaco (Foto: Fórmula E)

Preston, por sua vez, deixa o cargo de chefe de equipe e assume o posto de CEO — e terá uma difícil primeira missão pela frente. Mark precisará encontrar, junto ao diretor comercial Keith Smout, o investimento necessário para que a DS Techeetah consiga desenvolver seu carro de terceira geração. Vale destacar que 2022 será o último ano dos carros Gen2, que serão substituídos pelos Gen3 a partir do ano que vem.

“A razão pela qual mudamos é porque queremos manter a estrutura forte da equipe que temos, e foi assim desde o começo da segunda geração”, explicou Chevaucher, o chefe da Techeetah. “E é por isso que organizamos de forma que muitas pessoas pensam que há uma mudança drástica, mas de fato, não há”, pontuou.

“Apenas pensamos que Mark [Preston] é a melhor pessoa para encontrar uma solução e fazer isso [a equipe] durar mais”, salientou. “É por isso que quisemos dá-lo todo o potencial para isso, lhe dando mais tempo para se concentrar nisso”, destacou.

Gerente esportivo e piloto reserva da equipe, James Rossiter descreveu o ano de 2021 como um “fracasso” para a equipe, mas acredita que após seu primeiro ano ruim, o time precisa retornar mais forte para a disputa. A Techeetah terminou a temporada 2021 no terceiro lugar entre as Construtoras, com Da Costa em oitavo e Vergne em décimo no Mundial de Pilotos.

António Félix da Costa brinca com o gerente esportivo da DS Techeetah, James Rossiter, que também é piloto reserva (Foto: DS Techeetah)

“Aprendemos demais nesse último ano com nosso fracasso em perder o campeonato e após todas as provações que tivemos que passar”, disse. “Muitas coisas formadoras de caráter aconteceram, e enfim sair disso me faz pensar que somos um time muito mais forte, mais preparado”, pontuou.

“Os dois pilotos parecem estar, pela minhas perspectiva, trabalhando muito mais duro e estão muito mais focados e motivados em recuperar os títulos que já tiveram”, lembrou. “Então, será uma pós-temporada bastante interessante. Acho que estamos muito mais fortes depois das falhas de 2021”, explicou.

De qualquer maneira, o destino da terceira geração da Techeetah será conhecido no final de janeiro, assim como a decisão da DS de continuar ou não o acordo com a equipe. A parceria entre as empresas é a mais vencedora da história da Fórmula E: a Techeetah foi campeã da temporada 4 com Vergne, mas sem o apoio da DS, que entrou no ano seguinte. Foram mais dois títulos — o segundo do francês e o de Félix da Costa — nos dois anos subsequentes, o que faz da equipe a única a ter vencido o campeonato mais de uma vez.

A primeira etapa da temporada 2022 da Fórmula E está marcada para a Arábia Saudita, no ePrix de Diriyah, com a rodada dupla a acontecer nos dias 28 e 29 de janeiro.

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