GUIA FE 2021: Da Costa, Vergne e DS Techeetah dominam. Alguém tem resposta?
Dois pilotos ótimos, um trem de força eficaz, uma organização funcional. A DS Techeetah tem tudo isso hoje em dia e sobra na Fórmula E. Isso, entretanto, não quer dizer que as equipes rivais não tenham condições de surpreender ao longo de 2021
A Fórmula E viu mudanças profundas em sua divisão de forças ao longo dos anos. A categoria nasceu com Renault e Audi nadando de braçada, mas agora tem a DS Techeetah como equipe a ser batida. Isso é fruto tanto dos dois títulos de Jean-Éric Vergne quanto da campanha dominantes de António Félix da Costa ano passado. Com a temporada 2021 se aproximando, há uma grande pergunta pairando no ar: essa situação vai mudar tão cedo?
A verdade é que a DS Techeetah ainda não tem pontos fracos aparentes. A dupla tem dois campeões da Fórmula E, algo inédito na categoria. O trem de força da DS se mostrou mais competitivo do que o de equipes rivais. Além disso, a escuderia é bem gerida e em nada lembra a antecessora Aguri. Olhe ao redor e veja que as adversárias, todas elas, têm dificuldades em pelo menos um desses aspectos.
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Isso não significa, entretanto, que as outras equipes serão todas inofensivas em 2021. Ainda mais com a possibilidade de Da Costa e Vergne, em uma possível briga interna, custarem pontos um ao outro.
Olhando a classificação final do Campeonato de Equipes de 2020, é fácil identificar uma possível primeira rival da DS Techeetah em 2021. É a Nissan, que venceu corrida com Oliver Rowland e contou com a regularidade de Sébastien Buemi. O suíço foi quarto, com o britânico em quinto. Não foi uma campanha brilhante rumo ao título, mas é digna de nota e serve como plataforma para a temporada que se avizinha. Ainda mais sabendo que os dois seguem lado a lado, estando adaptados e mantendo uma relação respeitável.
Esse grupo de desafiantes à DS Techeetah inclui também uma grata surpresa do ano passado: a Mercedes. A equipe alemã chegou já brigando por pódios e, de quebra, venceu corrida com Stoffel Vandoorne na última corrida em Berlim. Com o belga comandando a equipe e Nyck de Vries progressivamente mais experiente, há potencial para surpreender em 2021. Entretanto, talvez seja pedir demais uma briga com a DS Techeetah em pé de igualdade. Seria necessária uma temporada mais insana do que a passada para isso virar realidade.
A Mercedes talvez esteja mais próxima do patamar da Virgin, equipe que sempre tem seus brilhos, mas nunca encaixou uma temporada verdadeiramente ótima na Fórmula E. A equipe lilás, por sinal, vai para a nova temporada sem Sam Bird, presente na dupla de pilotos desde 2014. O britânico viu na Jaguar maiores chances de sucesso, deixando sua antiga equipe com Robin Frijns e Nick Cassidy. Este segundo é um estreante que fez carreira no automobilismo japonês e mostra potencial de virar um nome conhecido internacionalmente.
Pensando em potenciais candidatos ao título, chegamos agora a um grupo que terá mais dificuldades na busca pela volta por cima. BMW e Audi são duas montadoras que investem pesado na FE e, pelo menos no ano passado, não conseguiram resultados grandiosos. Quinto e sexto no Campeonato de Equipes não chega a ser nenhum primor. Além disso, as duas já anunciaram que deixam a categoria ao fim de 2021, investindo em outras áreas. Seria uma história bonita ver uma equipe sendo campeã no ano da despedida, mas a realidade tende a ser menos charmosa. As duas começam o campeonato mais de olho em vitórias do que na regularidade necessária para levar o caneco principal em dezembro.
Jaguar, Porsche e Mahindra são atualmente as três piores montadoras da FE, mas em momentos distintos. A primeira andou para trás após um 2020 empolgante; a segunda construiu uma base sólida para seguir crescendo; a terceira voltou a ser completamente mediana. Não dá para ignorar ninguém em uma categoria que proporciona corridas intensas e resultados inesperados, mas o trio de equipes tem que fazer bastante dever de casa antes de alcançar patamares mais altos. A boa notícia é que nenhuma delas anunciou intenção de deixar o grid tão cedo.
E é aí que chegamos ao fim do grid. Nem todo mundo tem condições iguais de brilhar, ainda mais quando se é equipe independente em um grid repleto de montadoras. Bom exemplo disso é a Venturi, que faz um trabalho honesto, mas já caiu para décimo entre as 12 escuderias, e sem muita perspectiva de melhora, dada a falta de um apoio de peso. Situação ainda pior é a de Dragon, que nunca encontrou grande performance em seu próprio trem de força e somou míseros 2 pontos em 2019/20. Pelo menos é uma situação melhor que a da NIO, que abraçou o posto de nanica da FE ao nem pontuar e ficar apenas se arrastando no fim do grid.
O domínio da DS Techeetah é algo inédito na Fórmula E, com as estrelas se alinhando de forma inesperada. Só que nada é garantido, ainda mais numa categoria com as nuances marcantes do certame elétrico. Que a chinesa não fique complacente, porque a lista de gente disposta a virar o jogo é longa.
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