Guia Fórmula E 2025: Attack Charge vira Pit Boost e encara temporada do ‘vai ou racha’

Acumulando duas temporadas de frustração, o Pit Boost — novo nome do Attack Charge — parece mais pronto do que nunca para estrear na Fórmula E. Após problemas de confiabilidade e desconfiança, a tecnologia vive um ano decisivo para o futuro

Uma velha história, mas com novo nome e a esperança de um futuro diferente. Se o Attack Charge surgiu como revolução para mudar as corridas da Fórmula E e marcar o retorno dos tão pedidos pit-stops, a decepção com as dificuldades de implementar uma tecnologia inédita no planeta chegaram a indicar que o plano nunca sairia do papel. A nova alcunha de Pit Boost não aparece apenas no momento em que a novidade está mais próxima de ir às pistas, mas também para adotar uma nova identidade e esquecer de vez as frustrações do passado.

É importante, porém, explicar o conceito. O Pit Boost é uma espécie de ‘recarga’ dos carros da Fórmula E, mas que não tem o objetivo de aumentar a vida da bateria. A intenção aqui é fazer com que os carros parem no pit-lane por 30s, bagunçando as estratégias, e voltem à pista com duas cargas de 350 kW prontas para uso.

Em cada ativação dessas cargas, além do ganho de 50 kW de potência, os pilotos poderão ativar a tração integral, que aumenta o nível de aderência, permite extrair mais dos pneus, melhora o controle do carro e, consequentemente, gera mais ritmo. Entender em qual momento entrar no pit-lane e quando acionar o dispositivo na corrida será vital para qualquer equipe que quiser usar a tecnologia a favor.

A ideia, no entanto, sempre foi isso: uma ideia. Os testes não funcionaram na prática, com muitos problemas de confiabilidade, baterias superaquecidas, fontes defeituosas e certa desconfiança por parte do paddock. A questão é que a indústria de carros elétricos no geral evolui a passos largos a cada ano, por se tratar de uma tecnologia ainda nova. Com a Fórmula E não é diferente.

Na pré-temporada, uma corrida simulada testou o Pit Boost na prática (Foto: Fórmula E)

Uma das grandes questões atuais da indústria automotiva elétrica é o tempo de recarga dos carros, algo que a Fórmula E planeja responder diretamente com a tecnologia do Pit Boost. O plano não é apenas gerar entretenimento nas corridas, mas também ser a responsável por criar uma nova e complexa tecnologia que o mercado tanto anseia — uma das grandes razões para a insistência na novidade, mesmo depois de duas temporadas frustradas.

“Nunca vou me desculpar por testarmos coisas legais e elas acabarem sendo complicadas”, disse Jeff Dodds, CEO da Fórmula E, ao GRANDE PRÊMIO. “Se acertarmos isso e, ao redor do mundo, as pessoas coneguirem carregar seus carros elétricos de forma mais rápida pelas coisas que desenvolvemos, acharei incrível”, disse.

“Queremos continuar crescendo, e isso mostra que precisamos forçar os limites. Não vamos lançar nada até que seja o momento certo. E, se nunca lançarmos, aprendemos tanto com os testes que ainda estaremos orgulhosos”, garantiu.

Os testes se acumularam também ao longo de 2024, em etapas determinadas da temporada, e o então Attack Charge esteve previsto para estrear em Berlim e Misano. A segurança em torno do equipamento, porém, nunca permitiu que a ideia fosse à frente. Afinal de contas, a Fórmula E não poderia correr o risco de ver a novíssima tecnologia falhar em plena corrida e interferir no campeonato, sob risco de manchar profundamente a própria imagem.

No ano passado, os testes resultaram em algumas falhas (Foto: LAT/Fórmula E)

Depois de tanto tempo (a ideia foi pensada pela primeira na temporada 2016/17, a terceira da história), enfim, parece que as coisas estão em outro estágio. Os testes na pré-temporada de Valência trouxeram novamente alguns problemas, principalmente para Norman Nato, da Nissan, e a dupla da DS Penske, Jean-Éric Vergne e Maximilian Günther. Ainda assim, foi uma experiência muito melhor do que as anteriores e envolveu até uma corrida simulada.

O próximo teste está previsto logo para a estreia da temporada, no eP de São Paulo. Na sexta-feira (6), véspera da corrida, uma sessão de 14 minutos vai dividir os 22 carros em dois grupos e prevê uma sequência de voltas para testar os componentes do Pit Boost. A impressão, neste momento, é de que a tecnologia vive uma situação de vida ou morte: é entrar em ação na temporada 2024/25 ou ser esquecida de vez.

Por fim, faz-se necessária a análise do cenário em caso de sinal verde para a tecnologia. É uma incógnita, de fato, como os pit-stops vão interferir nas corridas. Em uma categoria marcada pelo equilíbrio e pela proximidade entre os carros, é real o temor de uma prova com dois pelotões completamente separados e até mesmo o encontro com retardatários — algo que pode definir o resultado, ainda mais em traçados tão apertados.

A tecnologia do Pit Boost seria algo inédito para o mercado de carros elétricos (Foto: Fórmula E)

Visualmente falando, a Fórmula E só vai saber o impacto da tecnologia junto ao público na estreia. Com a regra de deixar os carros parados 30s para receberem a carga extra, também há a preocupação em não passar a imagem de lentidão, já que será inevitável encarar comparações com a F1, por exemplo, que troca pneus em cerca de 2s. De qualquer forma, é algo que a categoria está disposta a encarar, reforçando a própria filosofia de inovação tecnológica.

Caso consiga implementar o Pit Boost, a Fórmula E planeja alocá-lo nas rodadas duplas, e em apenas uma prova desses finais de semana (a outra terá o tradicional Modo Ataque). Assim, a categoria vai testar a tecnologia a cada uso como forma de preparação para a Gen4, quando a ideia é tê-la em sua totalidade, completamente integrada a todas as corridas.

Se vai dar certo, nem a Fórmula E sabe dizer até aqui. O fato é: a temporada 2024/25 chega como a hora do ‘vai ou racha’ na simultaneamente longa e curta vida do Pit Boost.

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