Guia Fórmula E 2025: O que muda na regras, calendário, equipes e pilotos

A temporada 2024/25 da Fórmula E será bem diferente do ano anterior. Além do visual, algumas equipes mudaram suas identidades e o mercado de pilotos foi movimentado, alterando as duplas em 7 das 11 equipes

Vai começar a 11ª temporada da história da Fórmula E, e o novo campeonato trouxe mudanças interessantes no grid da categoria dos carros elétricos. Como já era esperado, a dança das cadeiras do mercado de pilotos foi bastante movimentada, e o grid da temporada 2024/25 será bastante diferente do ano anterior — e com um brasileiro a menos, já que Sérgio Sette Câmara se despediu da Kiro e não estará no campeonato pela primeira vez desde 2019/20.

Além das novas duplas de pilotos em sete das 11 equipes do grid, houve, ainda, mudanças na identidade de dois times. A ERT virou Kiro após ser adquirida por um fundo de investimentos norte-americano e vai usar o mesmo carro campeão nos últimos dois anos, fabricado pela Porsche, enquanto a ABT Cupra virou Lola Yamaha e passa a produzir os próprios trens de força depois de dois anos sem competitividade com o motor Mahindra.

A chegada do Gen3 Evo provocou algumas mudanças na estrutura das equipes para o próximo campeonato e também nas regras. É claro que tudo terá de ser provado na pista, mas parte da ordem de forças da categoria dos carros elétricos também parece ter mudado.

Nos testes de pré-temporada em Jarama, a Kiro surpreendeu e andou bem, enquanto a Jaguar — uma das principais forças do grid — andou menos por conta de uma punição por exceder o limite de gastos e viu a Nissan evoluir seu carro a ponto de ser avaliada como uma das equipes que vai brigar por vitórias com maior frequência em 2024/25.

David Beckmann (Foto: Kiro)

As mudanças de regras, calendário, equipes e pilotos da Fórmula E 2024/25

Regras

A primeira mudança implementada ainda durante a temporada 2023/24 foi que os pilotos usarão luvas com proteções especiais nas juntas dos dedos. A decisão foi tomada durante reunião do Conselho Mundial do Esporte a Motor após uma série de lesões atingirem os competidores depois da chegada dos carros Gen3.

Outra novidade é a inclusão do Pit Boost — antigo Attack Charge —, que é uma espécie de ‘recarga’ dos carros da Fórmula E, mas que não tem o objetivo de aumentar a vida da bateria. A intenção é fazer com que os carros parem no pit-lane por 30s, bagunçando as estratégias, e voltem à pista com duas cargas de 350 kW prontas para uso.

Pit Boost será adotado na Fórmula E (Foto: LAT/Fórmula E)

Em cada ativação dessas cargas, além do ganho de 50 kW de potência, os pilotos poderão ativar a tração integral, que aumenta o nível de aderência, permite extrair mais dos pneus, melhora o controle do carro e, consequentemente, gera mais ritmo. A tecnologia já deveria ter estreado há duas temporadas, mas sofreu com problemas e confiabilidade e só agora chegou em um ponto mais confiável. Segue o suspense, porém, para saber quando será a estreia — neste momento, o plano é fazer em Jedá.

Por fim, a categoria decidiu, com o intuito de dar mais tempo de pista a pilotos e equipes, estender os treinos livres, que eram realizados com 30 minutos de duração e passarão a ter 40 minutos. Em etapas simples, isto é, com apenas uma corrida no fim de semana, dois treinos livres são normalmente realizados pela Fórmula E. No caso de uma rodada dupla, com uma prova no sábado e outra no domingo, há a adição de uma terceira atividade na abertura do último dia.

Calendário e novo Gen3 Evo

A 11ª temporada da Fórmula E começará com o eP de São Paulo, no dia 7 de dezembro. Além disso, a competição passará por dez locais diferentes e contará com 16 etapas ao todo.

Fórmula E volta a São Paulo, mas dessa vez para abrir a temporada (Foto: Fórmula E)

Entre as principais novidades, destacam-se o retorno do eP de Miami, em Homestead, que será disputado no dia 12 de abril de 2025, e as rodadas duplas em Mônaco (etapas 7 e 8) e Tóquio (etapas 9 e 10) em maio. Além disso, a categoria vai para o Circuito de Jedá Corniche pela primeira vez no eP da Arábia Saudita. A temporada 2024/25, que marcará a estreia do Gen3 Evo, contará com seis rodadas duplas (Jedá, Mônaco, TóquioXangaiBerlim Londres) e encerrará o campeonato na segunda perna da rodada inglesa, no dia 27 de julho.

Outra novidade é o novo carro da Fórmula E. O Gen3 Evo é o primeiro monoposto da história a ter tração integral na categoria e agradou a maior parte dos pilotos e equipes do grid. Essa tração aumentou aderência com o asfalto, potencializando a velocidade e o comportamento dos pneus, que agora têm mais capacidade de traduzir potência em tração. Nas corridas, ela poderá ser ativada nos duelos da classificaçãolargadas e nas ativações do Modo Ataque.

Outro grande destaque do carro é o alto poder de aceleração, que vai de 0 a 96 km/h em apenas 1s8230% mais rápido que os carros atuais da F1. Passa também a ser o carro mais rápido da história da Fórmula E, podendo bater a velocidade de 320 km/h, além de trazer a frenagem regenerativa de 600 kW, que gera quase 50% da energia necessária para uma corrida durante o próprio eP.

O Gen3 Evo, novo carro da Fórmula E (Foto: DS Penske)

Equipes

Começando pelas equipes, as principais mudanças ficaram por conta da alteração da nomenclatura de ERT e ABT Cupra em 2024, e que agora se chamam Kiro e Lola Yamaha, respectivamente. A primeira, além de mudar a identidade após ser adquirida pelo fundo de investimentos americano ‘The Forest Road Company‘, também confirmou a parceria técnica para utilizar o trem de força da Porsche, que vai fornecer ao time o Gen3 usado nas duas últimas temporadas e campeão com Dennis e Wehrlein. Apesar da especificação antiga, algumas mudanças são esperadas, e a pré-temporada já indicou um nível melhor.

Outra mudança que será aplicada após o início da temporada é a bandeira da equipe. Apesar de operar em Silverstone, na Inglaterra, a antiga ERT era de propriedade chinesa, algo que vai mudar após a chegada do fundo de investimentos. A partir da estreia de 2024/25, no Brasil, a Kiro passará a ostentar a bandeira dos Estados Unidos.

Já a Lola Yamaha decidiu fazer parte da Fórmula E na chegada do Gen3 Evo, segunda versão da terceira geração de carros da categoria, após a ABT Cupra desmanchar o acordo de uso do trem de força Mahindra a partir do fim da última temporada. Neste novo carro, a Yamaha é parceira técnica e decidiu fazer parte do projeto após a aproximação da categoria com o mercado japonês.

O carro da Lola Yamaha (Foto: Fórmula E)

As demais equipes seguem com operações iguais em 2024. São elas Andretti, DS Penske, Envision, Jaguar, Mahindra, Maserati, McLaren, Nissan e Porsche.

Andretti, Porsche e Kiro vão competir com motores Porsche, enquanto McLaren e Nissan utilizarão o trem de força da montadora japonesa. Envision e Jaguar continuam com motores felinos, enquanto Mahindra e Lola Yamaha vão trabalhar com trens de força próprios. Por fim, DS Penske e Maserati, controladas pelo grupo Stellantis, compartilham o motor da DS, mas sem uma relação fornecedora-cliente.

Pilotos

No mercado de pilotos, as mudanças foram significativas e geraram uma série de novidades no grid. Embora Porsche e Jaguar, as vencedoras dos três troféus da categoria última temporada, tenham mantido seus pilotos titulares, outras equipes mudaram as formações, trouxeram pilotos de outras séries e decidiram arriscar em 2025.

Nico Müller vai disputar a temporada pela Andretti (Foto: Andretti)

Andretti

A Andretti manteve o campeão mundial Jake Dennis como titular, mas, depois de amargar péssimos resultados na temporada 2023/24, decidiu trocar Norman Nato por Nico Müller. O suíço de 32 anos atraiu os olhares da equipe americana após tirar leite de pedra no modesto carro da ABT Cupra na última temporada e ganha, agora, a chance de competir em um carro mais poderoso. Como virou piloto de fábrica da Porsche no processo, é esperado no time principal caso tenha sucesso na cliente.

DS Penske

A DS Penske também decidiu mudar para a temporada e se desfez do campeão mundial Stoffel Vandoorne depois de duas temporadas. O belga teve uma passagem apagada pela equipe americana, com apenas um pódio, e foi trocado por Maximilian Günther, que teve grande passagem pela Maserati. O ex-F1 Jean-Éric Vergne, único bicampeão da história da Fórmula E, segue como referência na equipe.

Maximilian Günther, novo piloto da DS Penske (Foto: DS Penske)

Envision

Cliente da Jaguar, a Envision manteve a dupla de pilotos da última temporada, embora o ano tenha sido para esquecer na Fórmula E. Sébastien Buemi e Robin Frijns vão tentar dar a volta por cima para tornar o time de Silverstone mais competitivo neste ano.

Jaguar

A Jaguar brigou pelo Mundial de Pilotos até a última corrida na temporada passada e só não levou os três troféus devido à apresentação genial de Pascal Wehrlein, campeão de Pilotos com a Porsche, e dos próprios erros estratégicos. Por isso, a equipe felina manteve a dupla neozelandesa e, com Mitch Evans e Nick Cassidy, vai tentar vencer tudo em 2024/25.

David Beckmann abre a temporada na Kiro (Foto: Fórmula)

Kiro

A chegada da Porsche como fornecedora mudou profundamente as coisas na Kiro, que cedeu à influência alemã e contratou David Beckmann — ex-reserva da marca de Stuttgart — para substituir Sérgio Sette Câmara. Do outro lado da garagem, Dan Ticktum teve papel importante na chegada dos novos donos e segue para mais um ano junto à equipe. O brasileiro ficou sem vaga no grid.

Lola Yamaha

Diferentemente da Kiro, a Lola Yamaha terá o experiente brasileiro e campeão Lucas Di Grassi, além da jovem promessa Zane Maloney como dupla para a temporada da Fórmula E. O barbadiano foi piloto reserva da Nissan na temporada passada e chega com bagagem para construir uma carreira sólida na categoria. Já Di Grassi dispensa apresentações e é um dos pilotos do grid que correu todas as temporadas da Fórmula E desde a criação, em 2014.

A Jaguar manteve sua dupla de pilotos (Foto: Fórmula E)

Mahindra

A Mahindra segue em um processo profundo de reformulação e optou por manter sua dupla de pilotos, com quem tem contratos de longo prazo, para 2024/25. Edoardo Mortara e Nyck de Vries continuam à frente do trem de força indiano e vão trabalhar para tentar colocar a equipe em colocação melhor a partir do eP de São Paulo.

Maserati

A Maserati passou por uma transformação completa em seu line-up e apostou em uma mudança de cenário para a 11ª temporada da Fórmula E. A equipe de Mônaco se desfez de Jehan Daruvala e viu Günther rumar para a DS Penske, o que abriu as portas para as chegadas de Jake Hughes e Stoffel Vandoorne. O objetivo é ser mais consistente neste ano, já que as aspirações no Mundial de Equipes foram bem prejudicadas pela inexperiência do indiano em 2023/24.

Taylor Barnard é a aposta da McLaren na Fórmula E (Foto: McLaren)

McLaren

A McLaren manteve o experiente Sam Bird, mas apostou na base e efetivou o jovem Taylor Barnard como titular na próxima temporada. Barnard chega para substituir Hughes, que acertou com a Maserati, e mira melhorar o desempenho do time britânico, que também ficou devendo no último ano — apesar de ter vencido pela primeira vez na história da Fórmula E em São Paulo.

Nissan

A Nissan promete fazer frente às poderosas Jaguar e Porsche na temporada e trouxe Norman Nato para formar dupla com Oliver Rowland em 2024/25. O francês deixou a Andretti após uma passagem muito apagada no time americano e substituiu Sacha Fenestraz na equipe japonesa. A Nissan cresceu no fim da temporada passada e, como se não bastante, foi um dos times que mais alterou o trem de força para a próxima edição. A expectativa é de que tenha condições de brigar por vitórias com mais frequência na 11ª temporada, não apenas com Rowland.

A Nissan é a bola da vez na Fórmula E e deve brigar por vitórias (Foto: Fórmula E)

Porsche

Por fim, a atual campeã do Mundial de Pilotos também decidiu não mexer em time que está ganhando e manteve a formação com Pascal Wehrlein e António Félix da Costa. Da Costa chegou a ter vaga ameaçada no começo da temporada passada, mas ganhou força e venceu corridas importantes para manter o assento. Entrando no último ano do contrato, o português pode estar vivendo sua temporada final na Fórmula E, ainda que tenha mercado mais do que suficiente para seguir no grid.

Já Wehrlein, embora tenha sido ameaçado pela dupla da Jaguar, cravou o título na última etapa da temporada, em Londres, e vai tentar defender o caneco com a montadora alemã neste ano. O piloto decidiu adotar o número do campeão e vai estampar o #1 no bico do carro, ao contrário do #94 usado nos últimos anos.

Fórmula E começa a se preparar oficialmente para a estreia da temporada, já nesta semana, no dia 7 de dezembro, em São Paulo. O GRANDE PRÊMIO fará a cobertura completa do evento, com presença IN LOCO, e do campeonato na íntegra.

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