Sette Câmara admite vontade de ver ERT virar cliente na Fórmula E: “Estaria no pódio”
Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO, Sérgio Sette Câmara admitiu que gostaria de ver a ERT virar cliente na Fórmula E para receber uma injeção imediata de desempenho. Por outro lado, explicou decisão da equipe de se manter como fornecedora no grid
Sérgio Sette Câmara finalizou sua quarta temporada completa na Fórmula E no último mês de julho e, ainda que tenha demonstrado bom potencial em classificações e algumas provas ao longo do ano, não conseguiu sonhar com grandes resultados devido ao déficit entre a ERT e as demais fabricantes do campeonato. A história do brasileiro com carros complicados no grid não é nova, e Sérgio falou sobre o assunto em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO.
Segundo ele, estar na ERT traz uma sensação parecida ao período de Dragon, quando Sette Câmara chegou a finalizar a temporada com apenas dois pontos em um carro bastante deficiente. Para se ter uma ideia, do outro lado da garagem, o ex-F1 e vencedor das 24 Horas de Le Mans Antonio Giovinazzi não conseguiu um tento sequer. A estrutura pode ter aumentado um pouco, mas a realidade da esquadra ainda é a mesma: evitar o último lugar.
“É uma posição muito dura, e é a que eu vivi até agora no campeonato, assim como na Dragon. Eu mudei de equipe na Fórmula E, mas a sensação é de que nem mudei. Porque a Dragon era literalmente isso, uma equipe de um dono, o Jay [Penske], que era uma montadora. Muita gente esquece disso, mas o motor era da Penske. Quer dizer, não era de uma marca de carro, era de uma equipe privada”, destacou Sette Câmara ao GP.
“Obviamente, é uma empresa terceirizada que faz esse tipo de motor. Então, é uma estrutura super enxuta, onde você tem, às vezes, um designer de motor que envia para uma empresa terceirizada e faz um material que nunca vai ser o top de linha. E você está competindo contra as grandes montadoras do mundo. Na ERT é a mesma coisa. Uma estrutura talvez um pouquinho maior, mas a mesma coisa”, comparou.
Questionado pelo GRANDE PRÊMIO se preferiria ter a ERT como uma cliente no campeonato, Sette Câmara disse que sim — mas preferiu explicar os motivos por trás da decisão de permanecer como fornecedora. Entre todas as fabricantes de trens de força da Fórmula E, a equipe do brasileiro é a única sem uma cliente no grid. Segundo o piloto, porém, o valor da marca faz muita diferença na hora de decidir entre os dois caminhos.
“Acho extremamente desafiador. No ponto de vista de investimento para a equipe, é um pouco mais atraente [ser fornecedora]. Porque há dois tipos de inscrição no campeonato, com pesos diferentes. Se você tem uma inscrição de montadora, até o valor é maior. Então, ela perde valor quando se torna uma cliente. Por isso que esses caras insistem tanto. Eles ficam com a inscrição de montadora, mesmo que seja um sufoco, porque se outra marca quiser entrar no campeonato, é muito mais fácil comprar uma equipe dessas e desenvolver o motor em cima daquela plataforma”, explicou.
Sette Câmara, entretanto, admitiu que gostaria de ter um motor de outra fabricante para poder desempenhar imediatamente. Segundo o brasileiro, a operação de corrida da ERT é boa o suficiente para buscar pódios na Fórmula E com o mesmo grupo atual, mas precisa de um motor mais eficiente para poder concluir a tarefa.
“Agora, se você fala: ‘Sérgio, a equipe precisa performar ano que vem, você tem de estar no pódio e buscar o título. Qual é o caminho mais rápido?’ Sem dúvida, fechar um contrato de cliente com uma Porsche, uma Jaguar, as equipes que têm o [melhor] trem de força hoje. Da noite para o dia, com aquele mesmo grupo de pessoas, com a mesma dupla de pilotos, a gente estaria no pódio com certa frequência. Quando não fosse um carro, seria o outro”, destacou.
“O time tem qualidade para isso. Muito da nossa deficiência é do motor. É uma diferença muito grande. Sou a favor de virar uma equipe cliente, mas, por isso, comecei explicando sobre essa dinâmica das inscrições. Há um motivo pelo qual as equipes insistem em não se tornarem clientes. Eu, como piloto, obviamente só olho o resultado. Quero estar em um carro rápido, quero estar ganhando corridas. Se pudesse escolher, a gente estaria amanhã com um motor que já mostrou performance e o carro estaria voando, não tenho dúvidas”, finalizou Sette Câmara.
A Fórmula E retorna com atividades de pista somente entre os dias 4 e 7 de novembro, com os testes coletivos de pré-temporada na pista de Valência, na Espanha. A temporada 2024/25 começa aqui no Brasil, com o eP de São Paulo, marcado para o fim de semana do dia 7 de dezembro.
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