Lucas Moraes fez história ao colocar o Brasil no pódio do Dakar 2023 nos carros, atrás apenas das lendas Nasser Al-Attiyah e Sébastien Loeb. Em entrevista ao GRANDE PREMIUM, ele conta como foi a experiência no deserto da Arábia Saudita
O automobilismo brasileiro teve sua história reescrita no início de 2023. Aos 32 anos, Lucas Moraes se tornou o piloto com o melhor resultado do país na classe principal do Rali Dakar, os carros, com um terceiro lugar com a equipe Overdrive e a Toyota. Não bastasse o pódio inédito para o Brasil, Lucas ainda o fez em sua primeira tentativa na competição, levando também o prêmio de melhor novato.
A conquista também fica ainda mais impressionante quando se leva em consideração que o brasileiro só terminou atrás de duas lendas do rali: o catari Nasser Al-Attiyah, que conquistou seu quinto título, e o francês Sébastien Loeb, nove vezes campeão do Mundial de Rali. Em entrevista exclusiva ao GRANDE PREMIUM, Moraes contou a sensação de terminar no pódio em sua estreia no Dakar na Arábia Saudita.
“Olha, incrível. Primeiro, poder representar o Brasil, ter essa oportunidade de ir pro Dakar foi muito bacana e realmente uma grande honra representar o Brasil, ficar num pódio ao lado do Nasser e do Loeb. Acho que não tinha roteiro melhor para essa minha primeira participação. Ainda está caindo a ficha e como eu tenho falado, espero que isso possa ajudar a propulsionar mais o rali brasileiro e a gente divulgar mais esse esporte que é fenomenal”, relatou Lucas.
O resultado final foi muito acima das expectativas do brasileiro. Enquanto veteranos experientes como Carlos Sainz, Stéphane Peterhansel e Mattias Ekström foram ficando pelo caminho, Moraes foi entrando no ritmo das competições aos poucos e o que era para ser um Dakar para adquirir experiência acabou se transformando em um resultado histórico.
“A expectativa, para ser bem sincero, era viver a experiência dos 14 dias. O nosso combinado com a estratégia com a Toyota e com a Overdrive, com a Red Bull, era ‘bom, vamos ter a experiência dos 14 dias’. Meu maior medo era dar uma panca no segundo, no terceiro dia, e sair fora da prova sem viver a experiência. Mas a gente foi evoluindo, cada dia aprendendo, com muita tranquilidade, humildade, sabendo que ali são os melhores pilotos do mundo e a estratégia funcionou”, explicou Moraes.
O Dakar 2023 trouxe uma nova parceria para Lucas, que deu uma pausa na relação com Kaíque Bentivoglio, seu navegador nas duas conquistas de Rali dos Sertões, e trabalhou junto do alemão Timo Gottschalk na Arábia Saudita. Com um título com Al-Attiyah em 2011 no currículo, Timo trouxe toda sua experiência de navegação no deserto. Os dois tiveram uma primeira experiência em Dubai e a parceria acabou sendo algo fundamental para a boa estreia do brasileiro.
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“Com certeza foi uma mistura de emoções ali, porque o Kaíque a gente já ganhou dois sertões juntos. A gente tem muita intimidade ali dentro do carro, é muito fácil entender quando ele dá as referências. Mas a gente sabia que uma navegação de deserto é completamente diferente de uma navegação dos Sertões. E aí eu fiz a primeira prova com o Timo em Dubai, uns 20 dias antes do Dakar, e lá a gente viu que funcionou muito bem a parceria também. Um cara super experiente, já ganhou o Dakar. E aí a gente falou, poxa, acho que é a decisão certa, e o Kaíque, claro, vai evoluir para aprender a navegação de deserto e a gente poder andar junto no Dakar”, disse o piloto da Toyota.
Lucas começou sua carreira no motocross, mas logo cedo teve que abandonar as duas rodas por conta de problemas no quadril. Optou então por fazer a transição para os carros, obtendo dois títulos da Mitsubishi Cup e três títulos do do Brasileiro de Rally Cross-Country. Em 2019, com apenas 29 anos, se tornou o piloto mais jovem da história a vencer o Rali dos Sertões. Moraes repetiu a dose em 2022, e contou que a prova no Brasil foi importante para criar casca para o Dakar.
“Com certeza. O Sertões é uma prova que exige demais da pilotagem. Você está sempre andando muito no limite, porque são estradas definidas, então a planilha é muito precisa. Não é que nem você está andando no deserto, fora de pista, como é o Dakar. Então, a parte de pilotagem te ajuda muito e isso sem dúvidas o Sertões tem um fator incrível na minha carreira”, explicou o brasileiro.
Não é só a planilha de pilotagem e o terreno do Dakar que são muito diferentes de qualquer outro rali. A competição é a Copa do Mundo da modalidade, reunindo os maiores nomes da categoria. Lucas contou como foi a experiência nos acampamentos na Arábia Saudita e a convivência com os grandes nomes do esporte, principalmente com Nasser Al-Attiyah, companheiro de Toyota.
“Poxa, o Dakar é a Copa do Mundo, ou as Olimpíadas. Então eu fiquei muito impressionado com o tamanho da estrutura, mais de 700 atletas do mundo inteiro, é muito legal você ter essa troca. O bivouac é um ambiente muito incrível de viver e, enfim, muito orgulho, essa é a verdade”, exaltou Lucas.
“O Nasser, como é de certa forma nosso companheiro de equipe com a Toyota também, então todos os dias a gente estava junto, lá na Arábia eles gostam muito do café arábico e tomar um chá, então todos os dias antes das especiais a gente tomava um chá junto, conversava, então foi muito legal poder ter essa relação com o Nasser. E é claro que o restante ali do time, ou dos pilotos, a gente foi conhecendo ao longo do período, ninguém me conhecia também e isso foi muito bom”, relatou.
Desde 2020, o Rali Dakar passou a ser realizado na Arábia Saudita, país que cada vez mais vem investindo no mundo dos esportes, recebendo corridas da Fórmula 1 e recentemente adquirindo o Newcastle, clube de futebol da Inglaterra, em práticas condenadas como sportswashing, visando limpar a imagem de uma ditadura perante ao mundo através do esporte. Em sua breve passagem pelo país árabe, Lucas disse que foi muito bem recebido pelo povo local.
“Foi muito bacana. É uma cultura muito diferente, mas são pessoas que gostam muito de receber, é impressionante como falavam do Dakar lá e tinha uma repercussão enorme. Vinham pessoas, todas as largadas tinham pessoas vindo de várias regiões da Arábia Saudita para assistir. Então foi muito legal viver isso”, descreveu o brasileiro.
O pódio inédito para o Brasil não tira os pés de Lucas do chão. Sempre mantendo a humildade, o piloto conta que ainda não está traçando planos para o futuro, apenas aproveitando o momento. Mesmo assim, não deixa de sonhar em um dia vencer o Rali Dakar.
“Cara, eu primeiro estou digerindo um pouco esse terceiro lugar. É claro que a gente sempre sonha em um dia poder vencer o Dakar. A gente começou melhor do que esperava e eu espero que eu possa usar isso para construir uma carreira dentro do Dakar vitoriosa, aprendendo com muita humildade para entender que é realmente um desafio muito grande. Vamos ver”, concluiu Moraes.
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