O LADO A LADO desta semana comparou os números alcançados por McLaren e Ferrari após as sete primeiras corridas da temporada 2023 com os deste ano e mostra que a Red Bull tem motivos de sobra para se preocupar…
O GP da Emília-Romanha esteve longe de ser bom em termos de competitividade na pista, porém foi determinante para comprovar que 2024 trouxe uma Fórmula 1 muito mais equilibrada que a vista no último ano. E isso porque, finalmente, as principais equipes do grid começaram a evoluir e descontar a acachapante diferença de desempenho que tinham para a Red Bull.
É verdade que o cenário ainda é um tanto favorável aos taurinos, mas isso só acontece por conta de um nome em especial: Max Verstappen. Foi graças ao braço e à sagacidade do neerlandês que a Red Bull saiu da sétima etapa do campeonato com mais uma pole e vitória, só que o ritmo inferior ao de Ferrari e, sobretudo, McLaren desde o início do final de semana acendeu um alerta. E daqui para frente, a tendência é a distância diminuir cada vez mais.
A aproximação de Ferrari e McLaren, especialmente, não chega a surpreender tanto, uma vez que a F1 vive sob o mesmo regulamento desde o final de 2021. No primeiro ano do retorno do efeito-solo, contudo, os italianos que saltaram na liderança, enquanto o time dos energéticos precisou primeiro consertar as sérias questões de confiabilidade do RB18. Mas havia outro problema inerente e crônico a ser resolvido e que, de certa forma, inverteu rapidamente o jogo a favor dos taurinos: a diretiva para conter o porpoising, os quiques em alta velocidade consequentes da nova aerodinâmica.
Obrigados a subirem um pouco mais a altura do assoalho em relação ao chão, a Ferrari viu a força da F1-75 ser sacrificada. Some-se a uma equipe errática, dos boxes aos pilotos na pista, e Verstappen assegurou o bi com tranquilidade — e antecedência.
2023 foi ainda mais arrasador, com a Red Bull vencendo 21 das 22 corridas realizadas — apenas em Singapura, em que nada deu certo, houve espaço para as adversárias brilharem. Tratou-se, portanto de um domínio poucas vezes visto na história e que levantou a pergunta: havia ainda mais a ser conquistado?
A Red Bull entrou em 2024 com um projeto ousado nas mãos, e as primeiras corridas até mostraram que o poderio em Milton Keynes seguiria inabalado, com três dobradinhas em quatro corridas disputadas. Foi em Miami, todavia, que os ventos começaram a soprar diferentes. A McLaren ousou com um forte e certeiro pacote de atualizações que rapidamente jogou Lando Norris à primeira vitória na carreira, ainda que talvez circunstancial. Mas a performance na Emília-Romanha foi sólida o bastante para fazer Max deixar a pista “quebrado” ao cruzar a linha de chegada em primeiro.
O crescimento de McLaren e Ferrari em números
A linha evolutiva da McLaren é ainda mais clara quando os números são analisados. Em 2023, após sete etapas, foram apenas 17 pontos conquistados e um sexto lugar como melhor resultado, com Norris na Austrália. A diferença para a Red Bull era de 270 pontos, e era sexta colocada no Mundial de Construtores, atrás ainda, além de Ferrari, de Mercedes, Aston Martin e Alpine.
Em 2024, o time austríaco já soma 268 pontos — pouco menos que os 287 conquistados no mesmo período de 2023, mas tem uma performance que também reforça que não houve necessariamente uma queda do lado de lá. O que se vê agora, na verdade, é o fruto de todo o intenso trabalho realizado em Woking desde a segunda metade do campeonato passado. Já são 154 pontos, média de 22 por corrida, muito superior à média de 2,4 do ano passado. Em porcentagem, a McLaren conquistou um crescimento de impressionantes 805%.
A Ferrari também não fica atrás, muito pelo contrário. É certo que o time de Maranello foi superado pelos ingleses nas últimas três corridas do calendário, mas ainda tem nas mãos um projeto tão assertivo quanto. Charles Leclerc apresentou uma importante melhora na classificação que o ajudou a subir ao pódio em Miami e em Ímola. Diante da oscilação de Sergio Pérez, o outro taurino, o piloto da Ferrari deixou a Itália na vice-liderança do Mundial de Pilotos.
Entre os Construtores, é a Ferrari a vice-líder, e também com uma melhora significativa em relação a 2023. No ano passado, após sete etapas completadas, o Cavallino Rampante era somente a quarta força, atrás de Aston Martin e Mercedes, com 100 pontos — 187 de distância para a Red Bull. Hoje, chegam à oitava etapa, em Mônaco, com 212 na tabela e 56 de desvantagem para a líder austríaca.
É uma média até aqui de 30,2 tentos por etapa, enquanto que os números de 2023 indicavam 14,2 de pontos conquistados a cada corrida com o resultado das sete primeiras — um crescimento de 112%.
A questão para a Red Bull torna-se ainda mais complicada ao se notar que somente Verstappen talvez não baste para o título entre as equipes, conforme foi no ano passado. Com McLaren brigando por vitórias e pódios, vai ser preciso consistência da parte de Pérez. E considerando que ainda tem o duo da Ferrari para tirar pontos do mexicano, a briga do lado das equipes está totalmente aberta.
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