Sepang 2022 x Sepang 2023

A MotoGP já encerrou a primeira bateria de testes da pré-temporada 2023. Como costuma acontecer, o circuito de Sepang foi o palco do primeiro encontro do elenco deste ano e, na conclusão dos trabalhos, Ducati e Aprilia foram as marcas que mais se destacaram.

No combinado dos três dias de testes — marcados por alguns momentos de chuva, mas com pista seca em abundância —, foi a casa de Bolonha quem levou a melhor, não só pela liderança de Luca Marini ou pela dobradinha com Francesco Bagnaia, mas porque foram sete Desmosedici no top-10. A única exceção foi Johann Zarco, que acabou em 16º, 0s963 atrás do piloto da VR46.

A liderança da Ducati não chega a surpreender, claro. Afinal, a Ducati é a moto campeã do mundo. Foi esse protótipo, aliás, que liderou o treino, já que Marini, Bezzecchi, Álex Márquez e Fabio Di Giannantonio vão usar a versão 2022 da moto. O time de fábrica e a Pramac, por sua vez, terão a moto do ano.

O outro destaque no top-10 foi a Aprilia. Maverick Viñales foi o mais rápido e ficou a só 0s147 do líder, em terceiro, enquanto Aleix Espargaró ficou com o sexto tempo, 0s418 mais lento.

Não chega também a ser uma surpresa. A moto italiana avançou bastante no ano passado e precisava apenas de uma evolução para se manter na ponta. Capitão do time, Aleix citou melhora em todas as áreas, mas ainda aguarda um motor mais forte para o teste de Portimão, o último da pré-temporada.

1	L MARINI	VR46 Ducati	1:57.889
2	F BAGNAIA	Ducati	1:57.969	+0.080
3	M VIÑALES	Aprilia	1:58.036	+0.147
4	E BASTIANINI	Ducati	1:58.149	+0.260
5	J MARTÍN	Pramac Ducati	1:58.204	+0.315
6	A ESPARGARÓ	Aprilia	1:58.307	+0.418
7	F DI GIANNANTONIO	Gresini Ducati	1:58.344	+0.455
8	M BEZZECCHI	VR46 Ducati	1:58.363	+0.474
9	Á MÁRQUEZ	Gresini Ducati	1:58.385	+0.496
10	M MÁRQUEZ	Honda	1:58.666	+0.777
11	R FERNÁNDEZ	RNF APRILIA	1:58.710	+0.821
12	J MIR	Honda	1:58.784	+0.895
13	P ESPARGARÓ	GasGas	1:58.797	+0.908
14	B BINDER	KTM	1:58.812	+0.923
15	M OLIVEIRA	RNF APRILIA	1:58.839	+0.950
16	J ZARCO	Pramac Ducati	1:58.852	+0.963
17	F QUARTARARO	Yamaha	1:58.897	+1.008
18	J MILLER	KTM	1:58.901	+1.012
19	Á RINS	LCR Honda	1:58.932	+1.043
20	F MORBIDELLI	Yamaha	1:58.986	+1.097
21	T NAKAGAMI	LCR Honda	1:59.535	+1.646
22	A FERNÁNDEZ	GasGas	1:59.660	+1.771
23	C CRUTCHLOW	Yamaha	1:59.923	+2.034
24	S BRADL	Honda	2:00.435	+2.546

Por outro lado, o catalão deixou Sepang com a sensação de ter embarcado no mesmo trem do ano passado. Em 2022, a Ducati fechou o teste de Sepang com ‘só’ quatro motos no top-10 do teste malaio, mas foi uma enorme força ao longo do campeonato, com Bagnaia recuperando uma infinidade de pontos para assegurar o segundo título da história da marca.

No campo italiano, a sensação é de que a GP23 é uma moto melhor e mais rápida, ainda que a dianteira ainda demande algum refino, por conta da agressividade. No entanto, ninguém pareceu excessivamente preocupado.

A última posição no top-10 da pré-temporada malaia 2023 ficou com Marc Márquez. O maior alento deste resultado diz respeito à forma física do espanhol. Depois de uma verdadeira epopeia por conta da fratura sofrida em 2020, o espanhol parece recuperado, ainda que diga que tem ciência de que nunca terá um braço normal. Mesmo assim, a forma física o deixou satisfeito.

A RC213V, por outro lado, nem tanto. Diferente de Ducati e Aprilia, a Honda precisa de uma revolução, mas, pelo que se viu em Sepang, não foi isso que entregou. Marc teve quatro motos para testar, mas acabou escolhendo no último dia a mais parecida com o que já que tinha provado em Valência no ano passado, um sinal de que o trabalho dos engenheiros não caminhou tão bem quanto deveria.

Ainda resta algum tempo pela frente, mas a marca da asa dourada corre contra o tempo para tentar salvar 2023 e apagar o fiasco do ano passado.

No campo da Yamaha, um sinal claro de evolução no que diz respeito à velocidade. O motor da YZR-M1 é mais rápido, a moto tem mais velocidade final, chegando muito mais próxima da Ducati, mas a posição na tabela é reflexo de um problema encontrado no fim do teste: a performance em classificação foi um horror. E no ano em que a classe rainha vai introduzir as corridas sprint, é um dano sensível e preocupante. A casa de Iwata corre contra o tempo para identificar e solucionar o problema.

A KTM, por outro lado, levou um batalhão de coisas para testar na Malásia, mas os muitos experimentos ainda não deram uma visão clara do nível da RS-GP. De certeza mesmo, só que Pol Espargaró é muito mais feliz em Mattighofen do que vinha sendo na Honda.

Um olhar rápido para a tabela combinada do teste de 2022, mostra uma MotoGP mais misturada, com marcas mais emboladas, o que não foi a realidade da temporada, amplamente dominada pela Ducati. Mas ali tinha a Suzuki, que tinha uma moto competitiva e deixou o Mundial.

1	E BASTIANINI	Gresini Ducati	1:58.131
2	A ESPARGARÓ	Aprilia	1:58.157	+0.026
3	J MARTÍN	Pramac Ducati	1:58.243	+0.112
4	Á RINS	Suzuki	1:58.261	+0.130
5	M VIÑALES	Aprilia	1:58.261	+0.130
6	F BAGNAIA	Ducati	1:58.265	+0.134
7	F QUARTARARO	Yamaha	1:58.313	+0.182
8	M MÁRQUEZ	Honda	1:58.332	+0.201
9	J ZARCO	Pramac Ducati	1:58.413	+0.282
10	P ESPARGARÓ	Honda	1:58.420	+0.289
11	L MARINI	VR46 Ducati	1:58.430	+0.299
12	J MIR	Suzuki	1:58.529	+0.398
13	T NAKAGAMI	LCR Honda	1:58.607	+0.476
14	J MILLER	Ducati	1:58.645	+0.514
15	M OLIVEIRA	KTM	1:58.701	+0.570
16	M BEZZECCHI	VR46 Ducati	1:58.710	+0.579
17	Á MÁRQUEZ	LCR Honda	1:58.800	+0.669
18	B BINDER	KTM	1:59.016	+0.885
19	R FERNÁNDEZ	Tech3 KTM	1:59.180	+1.049
20	F DI GIANNANTONIO	Gresini Ducati	1:59.197	+1.066
21	C CRUTCHLOW	Yamaha	1:59.262	+1.131
22	A DOVIZIOSO	RNF Yamaha	1:59.284	+1.153
23	R GARDNER	Tech3 KTM	1:59.348	+1.217
24	F MORBIDELLI	Yamaha	1:59.365	+1.234
25	D BINDER	RNF Yamaha	1:59.857	+1.700
26	S GUINTOLI	Suzuki	1:59.996	+1.753
27	T TSUDA	Suzuki	2:05.678	+7.417

A realidade do campeonato só será conhecida quando a temporada começar para valer, mas ver tantas Ducati na parte de cima da tabela é um sinal de que a casa de Bolonha se reforçou bem para defender a tríplice coroa.

A comparação dos treinos de 2022 e 2023 não oferece uma resposta clara, mas é bom lembrar: a Ducati sofreu com a GP22 na fase de testes, mas depois engrenou e encerrou um jejum de 15 anos com o título da MotoGP. Desta vez, a história é outra.

Sem o peso de lutar contra a estiagem, os italianos já começaram bem e mostrando que a nova moto é bem nascida e pouco difícil de entender. A diferença de um ano para outro permite uma conclusão óbvia e simples: a Ducati vem aí para dar trabalho.

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