A Ganassi começou 2020 com tudo, mas deixa o oval do Texas com um gosto um tanto agridoce na boca. Neste sábado (6), Scott Dixon aproveitou o ritmo dominante do time e controlou a primeira prova da temporada para vencer tranquilo, mas Felix Rosenqvist vacilou com poucas voltas para o final, foi parar no muro e jogou no lixo a dobradinha da equipe.
No fim, a Penske, que sofreu muito com ritmo a corrida inteira, ainda conseguiu colocar seus dois principais pilotos no top-3. Simon Pagenaud foi segundo, enquanto Josef Newgarden, que sofreu muito com a falta de velocidade a prova toda, salvou um improvável terceiro lugar.
Zach Veach teve um desempenho de muito respeito em Fort Worth. Após já classificar bem, o americano foi ainda melhor na corrida e, em quarto, foi o destaque da Andretti e obteve o melhor resultado da carreira na Indy. Um grande começo de ano.
Ed Carpenter, sempre craque nos ovais, foi bem discreto, mas saiu do Texas com um impressionante quinto lugar. Impressionante também foi Conor Daly, que garantiu uma sexta colocação com a Carlin, que em 2019 brigou com a Foyt para não ser a pior equipe do grid.
Colton Herta não apareceu muito, mas o sétimo posto é um jeito bem digno de iniciar o ano. Ryan Hunter-Reay, que teve problemas ainda antes da largada, o estreante Oliver Askew e Tony Kanaan, que se despede da categoria em 2020, fizeram boas provas e fecharam o top-10.
Alexander Rossi tomou duas punições antes das cinco primeiras voltas e saiu totalmente da briga ali, terminando em 15º. No fim das contas, ainda que não tenha sido uma corrida épica, o GP do Texas cumpriu seu papel apesar de uma estranha limitação da pista, que estava quase que pela metade sem qualquer aderência.
A Indy volta dentro de quase um mês, no circuito misto de Indianápolis para a primeira edição da prova que vai ser dobrada em 2020.
Saiba como foi o GP do Texas
A temporada 2020 da Indy começou oficialmente às 21h13 (em Brasília). Um calor extremo recebeu os pilotos no oval de Fort Worth, com os termômetros marcando na casa de 36ºC. Antes mesmo da bandeira verde, a RLL viveu um tremendo drama.
Takuma Sato, que bateu na classificação, não teve o carro ajeitado a tempo e nem alinhou, enquanto Graham Rahal, que largaria em sétimo, não conseguiu ligar o carro nos boxes.
Pole, Josef Newgarden saiu muito bem e conseguiu dar uma esticada na frente de Scott Dixon, Simon Pagenaud e Zach Veach. Rahal conseguiu tomar apenas uma volta, enquanto Alexander Rossi e Ryan Hunter-Reay, com ritmo estranho de início, tomaram punições por mexidas da Andretti depois do prazo.
Rahal recebeu a mesma sanção na sequência, enquanto que Rossi era novamente chamado aos boxes por ter excedido a velocidade em sua primeira punição. No total, tomou três voltas e já perdeu a corrida antes de 15 giros completados.
A pista sofria com uma gigantesca falta de aderência em boa parte da linha de fora e recebia críticas em diversos rádios de pilotos. Newgarden se aproximava de Jack Harvey para dar uma volta no rival, mas se negava a arriscar e subir na pista.
O resultado demorou a aparecer, mas veio com naturalidade: Dixon tomou a dianteira na volta 32 e, no giro seguinte, Newgarden foi aos boxes, antecipando em um giro o limite imposto pela categoria de 35 giros solicitado pela Firestone. Quando todo mundo parou e começou a voltar para a pista, a primeira amarela da temporada.
Rinus VeeKay, que já tinha batido no treino livre, visitou o muro novamente, mas levou Álex Palou consigo dessa vez. Tudo bem com ambos, mas fim de prova para os novatos, naturalmente. O novo top-10 tinha Dixon, Newgarden, Pagenaud, Felix Rosenqvist, Veach, Will Power, Charlie Kimball, Marco Andretti, Ed Carpenter e Tony Kanaan.
A relargada aconteceu na volta 45 e Kanaan precisou ir para o fundo do grid por exceder a velocidade nos boxes. Aí foi que Rossi resolveu abrir a porteira, jogou o carro na linha de fora e quase parou no muro. Salvou, mas sujou completamente os pneus.
Lá no grupo da frente, posições mantidas, com Veach e Kimball passando perto de uma colisão em um duelo bastante promissor pela sexta colocação. Pagenaud colava em Newgarden, que perdia contato com o líder Dixon.
Dixon já abria quase 8s para Newgarden, que ao menos se livrava de Pagenaud. O francês, que não achava espaço para passar o companheiro, entrou no alvo de Rosenqvist e o sueco fez uma linda manobra, fingindo que ia subir e cortando por dentro.
Na volta 77, bandeira amarela oficialmente por detritos, mas que veio para mandar todo mundo para a segunda parada nos boxes. Aí, no detalhe, as coisas mudaram bem na frente. Newgarden foi mais rápido, seguido por Rosenqvist e, só aí, Dixon. Pagenaud, Veach, Kimball, Carpenter, Herta, Andretti e Hinch fechavam o top-10. Tony vinha em 17º, logo atrás de Power, que quase saiu dos boxes sem roda.
A relargada veio na volta 87, mas Newgarden não reagiu tão bem e acabou juntando Rosenqvist e Dixon. O sueco não se livrou do americano, mas viu o companheiro de Ganassi fazer bela manobra e reassumir o segundo lugar.
O ritmo das Ganassi era muito bom e Dixon não queria saber de ficar atrás de Newgarden. Sem se arriscar no lado sujo, o neozelandês se jogou na parte mais segura e deixou o rival pelo caminho, rapidamente abrindo margem na frente.
Dixon enfiava quase 10s em Newgarden quando Rosenqvist finalmente resolveu tomar uma atitude. O sueco partiu para cima e assumiu o segundo lugar, com Pagenaud também passando Newgarden sem problemas. Josef foi aos boxes na volta 121, com um ritmo que era incrivelmente lento.
Os líderes pararam logo a seguir e Dixon quase que colidiu com Pagenaud. Quando todo mundo havia feito a terceira parada, o reposicionamento indicava Dixon com 8s3 para Rosenqvist, 11s7 para Pagenaud, 12s4 para Newgarden e 12s7 para Kimball. Veach, Daly, Carpenter, Herta e Ericsson fechavam o top-10.
O ritmo de Newgarden seguia uma coisa tenebrosa e Kimball e Veach passaram facilmente pelo atual campeão. Daly era o próximo e parecia que não iria demorar também.
De forma bem inesperada, Rosenqvist começou a encostar em Dixon, que não conseguia colocar uma volta em Power e ia perdendo ritmo. A distância para Pagenaud ia para 15s e Kimball e Veach pressionavam o francês ali com 50 voltas para o fim.
Mais uma vez, Newgarden parava um pouquinho antes, com Dixon e Rosenqvist indo na sequência. Ferrucci, que fazia uma corrida totalmente apática, saiu com três pneus e ficou rodado no meio dos boxes, precisando de bastante tempo para reparos.
A noite começava a cair no Texas com 40 voltas para o fim e Rossi resolveu se meter na briga, segurando Dixon como podia para não tomar novamente uma volta. O reposicionamento indicou que Pagenaud e Kimball se deram mal nos boxes, já que entraram na hora da lambança de Ferrucci. Newgarden ressurgia em terceiro, com Veach, Carpenter e Daly também deixando o francês e o americano para trás.
A presença de Rossi atrapalhou muito Dixon, que começava a ser seriamente ameaçado por Rosenqvist. Quando o neozelandês finalmente se livrou do retardatário, Felix foi junto, mas quase bateu, passando um certo perrengue. Era vez da dupla ter de passar Andretti, que fazia boa corrida, mas sofria muito nas paradas.
Dixon e Rosenqvist abriam 14s para Newgarden e dominavam completamente a corrida. As últimas 20 voltas seriam da Ganassi, com ou sem um duelo interno mais quente.
Com 18 voltas para o fim, Newgarden e Pagenaud abriram a última rodada de paradas e ficava o suspense por Dixon e Rosenqvist. Felix foi aos boxes com 14 giros pela frente e, logo depois, foi a vez de Scott. Os dois voltaram no meio de muito tráfego e aí o sonho virou pesadelo para o sueco.
Desesperado para tirar os retardatários do caminho, Felix mergulhou no lado sem aderência da pista. Resultado? O de sempre, perdeu o carro tentando passar Hinch e foi parar no muro. Bandeira amarela e prova ainda mais na mão de Dixon.
A Ganassi se deu ainda pior no giro seguinte. Ericsson, que fazia corrida mediana, entrou nos boxes extremamente lento com problemas. A amarela seguia, mas tinha cara de relargada antes do fim da prova. O top-10 tinha Dixon, Pagenaud, Newgarden, Carpenter, Veach, Daly, Herta, Askew, Hunter-Reay e Kanaan. Eram três voltas e nada mais.
Veio a relargada e aquele monte de retardatário evitou qualquer briga nas primeiras colocações, com Dixon apenas marchando para a vitória. Mas Kimball, sempre ele, ainda arranjou um tempo de bater e jogar fora bons pontos da Foyt.
Indy 2020, GP do Texas, Final:
1 | S DIXON | Ganassi Honda | 1:38:37.765 | 200 voltas |
2 | S PAGENAUD | Penske Chevrolet | +4.411 | |
3 | J NEWGARDEN | Penske Chevrolet | +5.806 | |
4 | Z VEACH | Andretti Honda | +6.578 | |
5 | E CARPENTER | Carpenter Chevrolet | +6.948 | |
6 | C DALY | Carpenter Chevrolet | +7.576 | |
7 | C HERTA | Andretti Honda | +8.055 | |
8 | R HUNTER-REAY | Andretti Honda | +8.311 | |
9 | O ASKEW | McLaren Chevrolet | +8.694 | |
10 | T KANAAN | Foyt Chevrolet | +8.963 | |
11 | C KIMBALL | Foyt Chevrolet | +1 volta | |
12 | P O’WARD | McLaren Chevrolet | +1 volta | |
13 | W POWER | Penske Chevrolet | +1 volta | |
14 | M ANDRETTI | Andretti Honda | +1 volta | |
15 | A ROSSI | Andretti Honda | +1 volta | |
16 | J HARVEY | Meyer Shank Honda | +1 volta | |
17 | G RAHAL | RLL Honda | +2 voltas | |
18 | J HINCHCLIFFE | Andretti Honda | +2 voltas | |
19 | M ERICSSON | Ganassi Honda | +4 voltas | |
20 | F ROSENQVIST | Ganassi Honda | +10 voltas | NC |
21 | S FERRUCCI | Dale Coyne Honda | +44 voltas | NC |
22 | R VEEKAY | Carpenter Chevrolet | +164 voltas | NC |
23 | A PALOU | Dale Coyne Honda | +164 voltas | NC |
24 | T SATO | RLL Honda | +200 voltas | NL |