Experientes e vencedores, Castroneves e Kanaan figuram de novo entre favoritos ao título de 2014

Com perfis psicológicos e técnicos diferentes entre si, Helio Castroneves e Tony Kanaan, únicos brasileiros no grid, estão entre os favoritos deste ano. Para isso, no entanto, precisarão superar fortes adversários internos na Penske e na Ganassi, respectivamente

Tony Kanaan e Helio Castroneves estão entre os favoritos de 2014. De novo (Foto: Carsten Horst)

Às vésperas da abertura da temporada 2014 da Indy, pode-se dizer que o Brasil está muitíssimo bem servido de representantes na principal categoria de monopostos dos EUA.
 
Se em um passado recente o país chegou a ter até seis pilotos no grid, neste ano o foco das atenções está inteiramente direcionado aos experientes Helio Castroneves e Tony Kanaan. Amigos e rivais: um prossegue estampando o #3 na Penske, enquanto o outro trocou o #11 dos tempos de Andretti e KV pelo #10 da Ganassi.

É possível concluir com alguma tranquilidade que os dois brasileiros estarão na luta direta pelo título deste ano. Mas não é tarefa fácil, longe disso. Ambos certamente vencerão corridas neste campeonato alucinante e acelerado, mas a conquista do título dependerá muito mais de cautela e regularidade, da otimização de cada mínima oportunidade, do que de velocidade pura em si. Este cenário coloca ambos dentro do jogo.
 
Helio, o otimista
 
Adepto do positivismo – mesmo nos momentos de maior adversidade –, Helinho não demonstra estar abalado com mais um campeonato perdido quando já parecia ganho. O tri-vice em 2013 veio às custas do terceiro título de Scott Dixon, que cresceu no momento certo do campeonato e reverteu uma desvantagem de 49 pontos no penúltimo GP.
 
Ainda assim, o brasileiro segue motivado. A manutenção do amigo Will Power e a chegada do competitivo Juan Pablo Montoya fazem da Penske o time mais forte da Indy para este início de campeonato. Avaliando apenas as chances de Castroneves, contudo, o piloto não deve enfrentar tantas dificuldades para manter sua liderança dentro da equipe.
 
Enquanto desfila um desempenho seguro – e até exageradamente conservador, às vezes – tanto em pistas mistas quanto ovais, Helinho prevalece na regularidade, enquanto seu parceiro de time australiano, ainda que tenha melhorado nos ovais, peca pelos excessos: frequentemente se envolve em acidentes, o que o prejudica a longo prazo na luta pelo campeonato, ainda que ele vença mais vezes que seu companheiro tupiniquim.

Helio precisará de mais do que otimismo e prudência para ser campeão (Foto: Chris Owens/IndyCar)

Já Montoya é uma incógnita. É quase inimaginável que ele não seja rápido e competitivo logo de cara, mas também não dá para esperar que o cara retorne a uma categoria 14 anos depois e já ande no mesmo nível do pessoal da elite. Talvez leve algum tempo para que o velho Montoya – que está ali, encubado e pronto para ressurgir – apareça de novo.
 
Tudo isso deve facilitar a vida de Castroneves – ou, ao menos, dificultar menos do que se imagina. Partindo da liderança interna, a concorrência com os rivais de outras equipes já parte para outro nível. E aí, mais do que presença de espírito, Helinho precisará ter menos dedos e mais culhões para não deixar, eventualmente, mais um título ir pelo ralo.
 

Tony, o batalhador
 
Pode um piloto viver um momento de adaptação e recomeço aos 39 anos? Pode sim. Quase tudo na vida de Kanaan em 2014 é novo. Equipe, carro, número, cores… Tudo é novo. Em essência, só o motorzão continua o mesmo dos tempos de KV: o Chevrolet, que no fim das contas deixou a Honda reagir e perdeu os títulos do ano passado.
 
Ao trocar o time de Jimmy Vasser pela Ganassi, Tony deu um grande passo à frente. Apesar da boa vontade, transformar a KV em um time tão grande quanto as três dominantes – Ganassi, Penske e Andretti – realmente demandaria trabalho e tempo que iriam além das forças e da paciência de um piloto já veterano.
 
A ideia era assumir o carro #9, que no fim das contas ficou com Ryan Briscoe. O #10, de Dario Franchitti, abriu vaga quando o escocês se viu forçado a aposentar por conta das consequências do grave acidente sofrido em Houston, no fim de 2013. Aí, ‘TK’ atendeu ao pedido do amigo tetracampeão e passou a representar a Ganassi 'matriz’, por assim dizer.

A lista de inscritos para o GP de São Petersburgo

Tony Kanaan deu um passo à frente ao trocar KV pela Ganassi (Foto: Getty Images)

No carro #9, terá de lidar com o atual campeão, Scott Dixon. Será um duelo aberto e duríssimo; um embate no qual pelo momento, pela idade e pela habilidade natural, o neozelandês leva considerável vantagem, em uma primeira análise.
 
O grande trunfo de Kanaan, contudo, é seu espírito combativo. Sujeito difícil de se deixar abater por adversidades e desvantagens internas e ciente da importância de seus esforços extremos, Tony rapidamente conquistará a Ganassi – seu jeito mais espontâneo contrasta com o perfil mais sisudo e pragmático de ‘Dixie’ – e saberá compensar eventuais derrotas internas com sua maior experiência e melhor senso de oportunidade. Não será nada fácil, mas está bem longe de ser impossível e o brasileiro sabe tirar isso de letra.
 
Nos outros dois carros da Ganassi, Briscoe e Charlie Kimball não são grandes ameaças. São dois pilotos rápidos – principalmente Briscoe, em comparação a Kimball –, mas a briga no quintal do Mr. Chip é de cachorro grande, mesmo. Fechada entre ‘TK’ e Dixon.
 
Se superar Dixon, Kanaan supera qualquer um. Sem exceção.

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