Ganassi sobra no Texas, mas condições atípicas atrapalham projeção sobre temporada

A Ganassi e Scott Dixon dominaram o GP do Texas, mas a corrida foi marcada por um asfalto com pouquíssima aderência em boa parte da pista e, num todo, pouquíssimo se tira para o restante da temporada e mesmo para os outros ovais

Acabou a espera. Depois de mais de oito meses, a Indy voltou com o GP do Texas, mas, para quem esperava já começar a desenhar algo para a temporada, não foi a melhor das corridas. É que a prova disputada neste sábado (6) no oval de Fort Worth teve condições bastante atípicas e que dificultam muito qualquer tipo de projeção para o restante do ano e até mesmo para as demais etapas em ovais.

Por mais que a corrida tenha tido alguns bons momentos e destaques aqui e ali, foi um GP do Texas marcado por um asfalto pavoroso. A verdade é que a pista estava quase que inguiável em metade do traçado, o que diminuiu e muito o número de ultrapassagens, disputas e até mesmo de carros andando próximos por mais tempo.

Outro fator bem importante para uma corrida completamente fora do comum foi a temperatura. Os termômetros ficaram perto da casa dos 40ºC o dia inteiro, mexendo com o comportamento dos carros, dos pneus e até incomodando os pilotos no cockpit.

Scott Dixon foi o vencedor do GP do Texas (Foto: Indycar)

Bom, mas algumas coisas podem e devem ser destacadas sobre a corrida que, de fato, não foi mais que mediana. E a maioria delas gira em torno da Ganassi, que teve um ritmo excelente durante as 200 voltas, dominou e venceu com autoridade com Scott Dixon. No fim das contas, o neozelandês começou 2020 com o pé direito em uma corrida que tem bem a sua cara.

“Estamos vivendo tempos estranhos, e hoje o time se esforçou muito. Tivemos alguns problemas na largada, culpa minha, mas foi ótimo. Não sei o que a Honda colocou, mas fomos muito rápidos. Uma pena que os fãs não estiveram aqui. Acho que encarei muito tráfego, alguns foram difíceis, como o Will [Power]. Mas são corridas, tivemos de fazer movimentos arriscados, deu certo”, comentou o piloto do carro #9.

Só que, mesmo com um desempenho tão forte e a vitória de Dixon, a Ganassi sai de Fort Worth com um gosto agridoce na boca. Isso porque a dobradinha estava na mão e Felix Rosenqvist resolveu botar tudo a perder. Em grande atuação, o sueco só tinha de levar o carro para casa, mas se desesperou em meio ao tráfego, se jogou pelo lado sujo da pista e deu no muro nas voltas finais.

“Não posso culpar os outros pela situação que tive. Viemos com pneus novos, não sei se James [Hinchcliffe] estava com velhos. É o meu julgamento, fui pelo lado de fora, provavelmente não deveria ter feito isso. É uma daquelas coisas quando você está 64 km/h mais lento e atrás de outro carro, é tentador ir para a outra linha, mas estava escorregadia, e sinto muito pelo time. O carro estava inacreditável hoje. Foi meu surgimento nos ovais, eu acho. Penso que tinha uma boa chance e desperdicei. Estou realmente decepcionado”, reconheceu Felix.

Felix Rosenqvist perdeu boa chance (Foto: Indycar)

Ainda deu tempo de um problema mecânico tirar Marcus Ericsson do que seria ao menos um top-10, piorando ainda mais aquele fim de corrida da equipe. Não de graça, Chip Ganassi saiu para cumprimentar Dixon pela vitória, mas não parecia o homem mais feliz do mundo.

E o motivo da tensão de Chip é bem óbvio: a Penske, que só se destacou de fato na classificação com a pole de Josef Newgarden, colocou dois carros no top-3: Simon Pagenaud e o próprio Newgarden. Em uma noite que era para ser toda da Ganassi, a equipe vê a maior rival no retrovisor e com perspectiva de melhora imensa para as próximas corridas.

E a verdade é que nem mesmo a dupla da Penske sabe como foi parar ali. Sem ritmo competitivo, Simon e Josef se deram por satisfeitos com o resultado.

Josef Newgarden fez pole, mas teve zero ritmo na corrida (Foto: Indycar)

“Foi bom estar de volta. Ótimo poder correr depois de tanto tempo. Aquele começo em St. Pete foi a primeira vez que experimentei algo assim. Poder voltar, com a Indy colocando esse show hoje, só posso ser grato. Relembrei o motivo de correr e tive um dos grandes momentos da minha vida hoje. Foi sobre maximizar oportunidades”, explicou Pagenaud.

“Hoje foi uma vitória para nós. Parabéns ao Scott [Dixon], eles mereceram. Fizemos de tudo para batê-los, tentei segurá-lo porque ele era muito rápido, especialmente quando alcançamos os retardatários. Vamos trabalhar forte e entender o que aconteceu. É uma boa noite terminar em terceiro, mas queremos voltar e brigar pela liderança. Ele foi muito melhor que eu. Simples assim. Conseguiu tirar o máximo dos pneus. Hoje foi só me segurar e tentar ficar na frente. Quando ele ficou lado a lado comigo, não tive muito o que fazer. Seria bobagem tentar igualar com ele na curva 1. Ia me passar de qualquer jeito. É daquelas noites que você engole o orgulho e tenta terminar o melhor possível”, falou Newgarden.

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Abrindo a turnê de despedida na Indy, Tony Kanaan teve uma boa participação no GP do Texas, mas poderia ter ido ainda melhor que a décima posição não fosse uma punição com a qual não estava nada acostumado.

“Uma corrida difícil. Cometi um erro no pit-lane, foi a primeira vez em 23 anos que tomei punição por excesso de velocidade no pit, e isso nos custou posições. Depois disso, fui tentando minimizar o estrago porque ter posição na pista é muito importante. Tive uma grande classificação, e no fim, tivemos sorte pela amarela na hora certa, ganhamos sete posições e terminamos no top-10. Vou aceitar”, disse Kanaan.

A Indy volta dentro de quatro semanas para o primeiro de dois GP de Indianápolis, disputado no misto do IMS. Até lá, muita coisa deve mudar nos times e a expectativa é grande para vermos quem começa os mistos, tão vitais na temporada, com o pé direito.

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