Há exatos 20 anos, Emerson Fittipaldi vencia 500 Milhas de Indianápolis pela segunda e última vez. Relembre

O dia 30 de maio de 1993 foi marcante para o automobilismo brasileiro. Primeiro piloto nacional a vencer a Indy 500, Emerson contrariou favoritismo dos chassis Lola, superou Mansell no quarto final e conquistou pela segunda vez a lendária prova norte-americana

 
Há exatos 20 anos, em 30 de maio de 1993, o Brasil e o mundo tiveram a oportunidade de testemunhar, pela última vez, uma das mais marcantes exibições de talento daquele que é considerado por muitos o maior piloto brasileiro da história do automobilismo. Naquela ensolarada tarde de domingo, Emerson Fittipaldi brilhou com sua clássica Penske #4 vermelha e branca e levou o bicampeonato das 500 Milhas de Indianápolis.
 
Duas décadas atrás, Emmo já era uma das lendas da história do esporte a motor. Primeiro local a brilhar na F1 e a popularizar a categoria por aqui – o que é notável –, o piloto ainda conseguiu a proeza de repetir o feito com a Indy em suas 13 temporadas na categoria.

Seu sucesso nos EUA foi tamanho que abriu as portas do mercado tupiniquim para a categoria. No início dos anos 90, inclusive, chegou a existir no Brasil um duelo de audiência entre a competição europeia e a norte-americana. Outros tempos. Muito bons tempos.

Emerson cruza linha de chegada e vence Indy 500 pela segunda vez, em 1993 (Foto: IndyCar)
Em 1989, Emerson conseguiu sua primeira vitória no mítico oval de Indiana. Foi, também, o ano de seu único título na América. No entanto, a prova em Indianápolis tem, até hoje, relevância igual ou provavelmente até maior que a conquista de um campeonato, em todos os aspectos imagináveis: retorno de mídia, importância, reputação, premiação…
 
Mas o brasileiro da Penske não era, teoricamente, um dos candidatos a triunfar na 77ª edição da Indy 500. Com problemas no Pole Day, teve que utilizar, acertar e desenvolver o carro de seu companheiro de equipe Paul Tracy durante uma única tarde. O nono lugar no grid frustrou, principalmente diante do domínio arrasador dos chassis Lola, que ocuparam nada menos que sete das dez primeiras posições – o melhor chassi Penske, de Stefan Johansson, largaria apenas em sexto.
 
A corrida, no entanto, se mostrou bastante alternativa, com diversas trocas na liderança ao longo das 200 voltas: Emerson, Nigel Mansell, Arie Luyendyk e Mario Andretti estiveram a todo momento protagonizando a luta pela vitória, com Al Unser Jr. correndo por fora.
 
Mansell, por sinal, merece um capítulo à parte: o britânico atravessou o Atlântico no ano seguinte ao seu título mundial na F1 e, sem a menor cerimônia, chutou a porta de entrada da Indy e teve um ano arrasador em 1993, estreando pela Newman-Haas com pole e vitória em Queensland e cravando a terceira posição final em Long Beach, chegando a Indianápolis, portanto, como líder do campeonato. Apesar disso, seu desempenho nas 500 Milhas foi absolutamente inesperado, dada a sua total inexperiência em circuitos ovais.
O 'Leão' Nigel Mansell esteve perto de vencer em 1993 (Foto:Pascal Rondeau/Getty Images)

Naquele domingo, Nigel chegou a liderar 34 voltas já no quarto final da corrida. Sua vitória parecia certa, já que ele tinha o melhor chassi e Luyendyk, apesar de também correr com os Lola, não representava ameaça ao britânico até então.

 
No entanto, com pouco mais de 20 voltas para o fim, Lyn St. James encontrou o muro, ficou lenta na pista e provocou a bandeira amarela que decidiria a prova. 
 
A ordem das posições após o acidente trazia Mansell como líder, seguido por Emerson e Arie. O inglês e o holandês eram os favoritos; o brasileiro, um coadjuvante de luxo.
 
Restavam 16 voltas para o encerramento quando a bandeira verde foi novamente agitada. O 'Leão' tentou defender a liderança pelo lado de dentro, mas Emmo, o 'Rato', saiu como um raio, buscou o vácuo, guinou para a parte externa da pista e, antes mesmo de chegar à curva 1, já estava na primeira ponta pela primeira vez na prova.
 
O que se seguiu à ultrapassagem foi impressionante. De forma inesperada, Emerson imprimiu um ritmo alucinado, absolutamente imbatível naquela fase da prova. Nas oito voltas seguintes, com autoridade, desapareceu na frente e conseguiu construir uma vantagem de quase 4s para Luyendyk, que pegou carona na manobra do brasileiro e também superou Mansell.

Na sequência, o britânico protagonizou mais uma de suas embananadas clássicas: afoito na tentativa de recuperar o segundo lugar, perdeu a traseira na curva 3 e raspou no muro, deixando detritos na pista e provocando a última bandeira amarela da corrida.
 
A reaproximação dos carros em uma relargada restando apenas cinco voltas para o fim poderia ser uma ameaça à vitória de Fittipaldi. Mas o piloto da Penske estava imbatível: absolutamente perfeito, não bobeou na bandeira verde e rapidamente abriu vantagem segura para Luyendyk. A vitória não escaparia mais de suas mãos.
 
O bicampeão da F1 era, agora, bicampeão das 500 Milhas de Indianápolis. Um triunfo conquistado no braço, contra todas as perspectivas naquele fim de maio de 1993.
 
O ciclo das grandes glórias de Emerson simbolicamente se fechava. Brilhantemente.
 
Indy 500 1993, Final:
1 Emerson FITTIPALDI BRA Penske Chevrolet 200 voltas
2 Arie LUYENDYK HOL Ganassi Ford +2.862
3 Nigel MANSELL ING Newman-Haas Ford +4.237
4 Raul BOESEL BRA Dick Simon Ford +4.782
5 Mario ANDRETTI EUA Newman-Haas Ford +5.418
6 Scott BRAYTON EUA Dick Simon Ford +6.540
7 Scott GOODYEAR CAN Walker Ford +7.917
8 Al UNSER JR EUA Galles Chevrolet +9.964
9 Teo FABI ITA Jim Hall Chevrolet +17.441
10 John ANDRETTI EUA Foyt Ford +17.730
11 Stefan JOHANSSON SUE Bettenhausen Chevrolet +1 volta
12 Al UNSER EUA King Chevrolet +1 volta
13 Jimmy VASSER EUA Hayhoe Ford +2 voltas
14 Kevin COGAN EUA Galles Chevrolet +2 voltas
15 Davy JONES EUA Euromotorsport Chevrolet +3 voltas
16 Eddie CHEEVER EUA Menard Buick +3 voltas
17 Gary BETTENHAUSEN EUA Menard +3 voltas
18 Hiro MATSUSHITA JAP Walker Ford +3 voltas
19 Stéphane GRÉGOIRE FRA Project Buick +5 voltas
20 Tony BETTENHAUSEN JR EUA Bettenhausen Chevrolet +5 voltas
21 Willy T. RIBBS EUA Walker Ford +6 voltas
22 Didier THEYS BEL Hemelgarn Buick +7 voltas
23 Dominic DOBSON EUA Burns Chevrolet +7 voltas
24 Jim CRAWFORD ING King Chevrolet +8 voltas
25 Lyn ST. JAMES EUA Dick Simon Chevrolet NC
26 Geoff BRABHAM AUS Menard NC
27 Robby GORDON EUA Foyt Ford NC
28 Roberto GUERRERO COL King Chevrolet NC
29 Jeff ANDRETTI EUA Pagan Buick NC
30 Paul TRACY CAN Penske Chevrolet NC
31 Stan FOX EUA Hemelgarn Buick NC
32 Nelson PIQUET BRA Menard NC
33 Danny SULLIVAN EUA Galles Chevrolet NC

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Indy direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.