Ilott, Pourchaire, Kanaan e até Drugovich: quem pode assumir o #6 da McLaren na Indy?

Com três brasileiros, GRANDE PRÊMIO elencou lista com dez pilotos que podem ocupar o #6 da McLaren, de modo pontual ou permanente na Indy

A semana começou agitada na Indy. Logo nas primeiras horas da segunda-feira (29), a McLaren anunciou que David Malukas estava liberado de seu contrato. Sem estrear, o norte-americano via a jornada no #6 terminar pela incerteza em torno da recuperação da fratura na mão, ocorrida em fevereiro, após cair durante um treino de mountain bike. Ainda não há previsão de quando Malukas voltará às pistas.

A notícia não foi totalmente surpreendente, pois Zak Brown, CEO da McLaren, e Gavin Ward, chefe da operação na Indy, haviam deixado dúvidas sobre a continuidade de Malukas durante entrevista em Long Beach, etapa disputada em 21 de abril. Em resumo, os dirigentes disseram que o fato de não ter um piloto disponível para o #6 gerava “série de incertezas”.

As falas sugerem que a McLaren quer a maior estabilidade possível para trabalhar em 2024. O mundo ideal seria contar com um piloto permanente, que dispute todas as etapas em tempo integral. Em pleno mês de maio, não é somente o fator Indy 500 que acelera os bastidores da equipe, mas também o fato dos principais pilotos, em geral, já possuírem contratos com outras equipes ou categorias — o que acontece com Callum Ilott e Théo Pourchaire, substitutos de Malukas durante o ano.

O GRANDE PRÊMIO elencou alguns nomes que podem fazer parte da lista de pilotos que a McLaren considera para sequência da temporada 2024 da Indy — praticamente todos eles, como Gabriel Bortoleto e Felipe Drugovich, possuem ligação com a equipe. Confira:

Callum Ilott durante molde do banco da McLaren (Foto: McLaren)

Callum Ilott

O britânico é o favorito para ocupar a vaga do #6. Ilott foi cortejado por algumas equipes durante 2023, inclusive a própria McLaren. De início, as tratativas esbarravam em alguns detalhes contratuais, como a multa que teria de pagar para tirar o piloto da Juncos. Quando o mercado estava praticamente definido, a notícia: Ilott e a equipe do argentino Ricardo Juncos romperam o acordo para 2024, em outubro, um mês após o final do campeonato do ano passado.

O movimento foi tardio para que Ilott encontrasse um lugar na Indy que não envolvesse levar um grande pacote financeiro junto — naquele momento, apenas a Dale Coyne possuía lugar para a temporada completa de 2024, mas era necessário ir com um bom orçamento.

O GRANDE PRÊMIO destacou em fevereiro que o britânico tinha alinhado acordo com a McLaren para 2025. Agora, este deve ser antecipado para a atual temporada. No entanto, o piloto tem contrato com a Jota para disputar o Mundial de Endurance [WEC] 2024 e dividiria as atenções entre as duas categorias, competindo na Indy nas datas que não conflitam.

Théo Pourchaire

Théo Pourchaire correu em Long Beach e Alabama pela McLaren (Foto: IndyCar)

O atual campeão da Fórmula 2 já fez duas corridas pela McLaren na Indy e não escondeu o entusiasmo com a categoria. Teve desempenho destacado em Long Beach, quando saiu da 22ª para a 11ª colocação e foi o competidor que mais ganhou posições no difícil circuito de rua. Foi mais discreto no Alabama, sem aparecer no top-10 durante a corrida, mas a performance não foi ruim como mostrou o resultado — 23º, mas foi tocado por Pato O’Ward, seu companheiro, na última volta.

Brown tem cercado o francês e quer, de alguma forma, ter vínculo com ele. No entanto, Pourchaire é ligado à Sauber e sabe que existem muitas vagas em aberto na Fórmula 1 para 2025, inclusive na própria equipe que o apoia.

Apesar de, por enquanto, não ter uma amarra definitiva com a McLaren, surge como candidato a voltar ao #6 nesta temporada. O GP de Indianápolis, marcado para os dias 10 e 11 de maio, no traçado misto do lendário autódromo, conflita com o WEC, o que inviabiliza, ao menos em teoria, a participação de Ilott — o mesmo acontece em Iowa [13 e 14/07], Milwaukee [31/08 e 01/09] e Laguna Seca [15/09]. Estes eventos não batem com o calendário da Super Fórmula Japonesa, categoria que Pourchaire disputa em 2024.

Tony Kanaan

Tony Kanaan é diretor-esportivo da McLaren na Indy (Foto: Reprodução)

Brown é ex-piloto, mas não foram por suas habilidades atrás do volante que se tornou conhecido no automobilismo. O renome do norte-americano se deu pelo trabalho feito no marketing — é o fundador da Just Marketing International [JMI], maior agência do segmento no automobilismo. E se quiser colocar Tony Kanaan, diretor-esportivo da equipe e campeão da Indy, de volta ao carro? Em Long Beach, o dirigente sugeriu que o brasileiro é considerado.

Além de grande repercussão, o movimento faz bastante sentido principalmente em dois finais de semana: nas rodadas duplas de Iowa e Milwaukee. Nessas datas, o WEC conflita com a Indy e Ilott, provavelmente, não poderá correr. Colocar Pourchaire não é tão simples, pois ambas são disputadas em ovais, onde o francês nunca correu.

Kanaan não pendurou o capacete e, após a temporada da Stock Car e as 500 Milhas de Indianápolis do ano passado, tem corrido provas de longa duração da Porsche Cup Brasil. Tem muita experiência em ovais, onde ganhou 15 de suas 17 corridas na Indy, e tem capacidade de entregar ótimo resultado para a McLaren.

Juan Pablo Montoya

Juan Pablo Montoya esteve no cockpit da McLaren #6 na Indy 500 de 2022 (Foto: IndyCar)

A McLaren poderia recorrer a um velho conhecido, tanto na Fórmula 1 quanto na Indy. Em 2021 e 2022, o colombiano disputou algumas etapas pela equipe nos Estados Unidos, com destaque para as 500 Milhas de Indianápolis. Em ambas, mostrou que o talento segue por ali.

Em 2021, saiu do 24º lugar para terminar em nono, enquanto ganhou 19 posições na edição seguinte: largou em 30º e foi 11º. Aos 48 anos, sim, Montoya pode ser opção para a McLaren nos ovais e segue a linha de Kanaan, com velocidade, experiência e, certamente, uma notícia que daria muita repercussão.

Conor Daly

Tradicionalmente, a Indy tem pilotos sem vaga garantida que circundam o paddock e, ocasionalmente, ocupam um lugar após alguma eventualidade — na categoria, são os famosos ‘supersubs’, termo que vem desde a década de 1990, quando Roberto Pupo Moreno aproveitava oportunidades assim para seguir carreira. Após ter sido dispensado pela Carpenter durante a temporada de 2023, Conor Daly pode ser considerado o ocupante deste posto atualmente.

Conor Daly disputou algumas etapas da Indy pela Meyer Shank e RLL após deixar a Carpenter (Foto: Indy)

No último ano, após sair da equipe de Ed Carpenter, Daly disputou três corridas pela Meyer Shank no lugar Simon Pagenaud — afastado das pistas após acidente em Mid-Ohio, quando capotou por várias vezes durante o TL2 daquela etapa. O norte-americano, que tem melhores resultados em ovais, correu justamente por estar ali no paddock e livre para assinar o acordo pontual. Ainda, disputou a rodada dupla de Iowa pelo time de Pataskala.

Foi para um terceiro time em 2023: a RLL, que havia dispensado Jack Harvey e colocou o norte-americano no lugar na etapa de Gateway. Em 2024, por enquanto, o único compromisso firmado de Daly é com a Dreyer & Reinbold, mas somente para a Indy 500. Pode ser o ‘coringa’ para as etapas nos ovais.

Gabriel Bortoleto

Muitos pilotos estão deixando a Fórmula 2 e encontrando caminho de sucesso na Indy. O alvo de Gabriel Bortoleto é a F1, mas não se pode descartar a possibilidade do brasileiro atender um chamado de Zak e disputar uma etapa nos Estados Unidos em 2024. Ilott e Pourchaire são os favoritos nas corridas em circuito misto, mas têm o calendário do WEC e uma eventual não liberação da Sauber no caminho.

Gabriel Bortoleto e Zak Brown (Foto: McLaren)

A Fórmula 2 não compete desde 24 de março, quando foi realizada a corrida principal da Austrália, e só volta entre 17 e 19 de maio, na Emília-Romanha. Durante esse hiato, apenas testes em Barcelona, realizados na última semana, com direito à liderança do dia 1. Não seria prejudicial ao brasileiro participar, ao menos, do GP de Indianápolis — pode até ser benéfico para que ganhe ritmo.

Os pontos positivos para essa participação estão no fato do conjunto da Indy ter muitas similaridades ao F2, além do traçado misto de Indianápolis ter características parecidas à maioria dos autódromos ‘padrão FIA’ que a categoria de acesso à F1 corre. Em 2021, Christian Lundgaard se aventurou dessa forma e deixou marca muito positiva ao classificar a RLL no quarto lugar, na etapa realizada no mesmo circuito, mas no mês de agosto daquele ano. Mesmo terminando em 12º, o dinamarquês recebeu muitos elogios — inclusive da Alpine, equipe que o apoiava naquela altura.

Taylor Barnard

Tudo indica que a McLaren trabalha com o jovem de 19 anos como futuro da equipe na Fórmula E, onde é reserva e participou de algumas sessões de testes. A última experiência com o carro foi no treino livre de novatos, realizado em Misano, em 12 de abril. Barnard foi o mais rápido, com 1min18s762 e desbancou nomes com muito mais rodagem, como Robert Shwartzman, ex-F2 e que disputa o WEC no hipercarro Ferrari da AF Corse, e Zane Maloney, líder da temporada 2024 da Fórmula 2.

Taylor Barnard acelerou o carro da McLaren no treino de novatos da Fórmula E (Foto: McLaren)

Um salto para participar de uma corrida na Indy pode ser uma prova de fogo para Barnard, talvez uma mudança precipitada, mas também a confirmação de que a McLaren tem uma joia nas mãos para ir além da Fórmula E e da própria Indy — quem sabe, se tornar alvo para a F1.

Nyck De Vries

O nome do neerlandês está na lista por alguns fatores: testou, gostou e foi bem com um carro de Indy; tem feito péssima temporada com a Mahindra na Fórmula E; já ‘bateu ponto’ na McLaren.

Em dezembro de 2021, meses após faturar o título da Fórmula E, De Vries testou no traçado de Sebring pela Meyer Shank. Naquele dia, marcou 52s552 e superou Callum Ilott, com 52s860, andando de Juncos. Aquela atividade teve Stoffel Vandoorne, que registrou 53s195 de McLaren, e Jack Aitken, que fez 53s436 pela Carpenter.

Na ocasião, Hélio Castroneves, então titular da Meyer Shank, elogiou o desempenho de De Vries em post nas redes sociais: “Acelera demais esse carinha”, disse o brasileiro. Mike Shank, proprietário do time, também se empolgou e comentou que poderia colocar um terceiro carro para ter o neerlandês na equipe. As tratativas não passaram disso, afinal, De Vries tinha mais um ano de contrato com a Mercedes na Fórmula E e, posteriormente, seguiu para a Fórmula 1.

Nyck De Vries vê equipe decepcionar na Fórmula E em 2023/24 (Foto: Guilherme Bloisi/GRANDE PRÊMIO)

A possibilidade de Estados Unidos pode rondar a mente do neerlandês. O ano não é dos mais fáceis na Mahindra, que não tem entregado condições competitivas. De Vries e Eduardo Mortara, companheiro de equipe, estão zerados na pontuação após oito corridas na temporada 2023/24.

As próximas duas rodadas duplas da Fórmula E, em Berlin, na Alemanha, e Xangai, na China, conflitam com o GP de Indianápolis e a Indy 500, realizadas nos dias 11 e 26 de maio. Porém, o restante de ambos os calendários não ocuparão as mesmas datas. De Vries, por exemplo, poderia ter longa estada nos Estados Unidos. Em 23 de junho, a Indy corre o GP de Laguna Seca, uma semana antes do eP de Portland da Fórmula E. Por fim, na sequência, em 7 de julho, a Indy disputa o GP de Mid-Ohio.

De Vries teve breve relacionamento com a McLaren. Foi durante o GP de São Paulo da Fórmula 1 em 2022. Na ocasião, Lando Norris não pôde cumprir os compromissos agendados na quinta-feira antes da corrida por conta de problemas gastrointestinais. O time fez um acerto com o neerlandês para que ele substituísse o britânico, caso o #4 não encontrasse condições de assumir o carro. Norris se recuperou, De Vries ficou somente de reserva, mas se aproximou do time de Woking.

Jamie Chadwick

Jamie Chadwick acelera em Laguna Seca em 2023, ano de estreia na Indy NXT (Foto: Indycar)

Esta é a segunda temporada da britânica nos Estados Unidos, onde disputa a Indy NXT, categoria de acesso à Indy. O primeiro ano foi de adaptação, principalmente nas primeiras corridas, mas Chadwick tem deixado boas impressões a partir da metade do calendário de 2023. Ainda não conquistou o primeiro pódio, no entanto, circunda as primeiras colocações nas corridas e tem mostrado melhor desempenho a cada etapa.

A jornada de Chadwick nos Estados Unidos é apadrinhada por Michael Andretti, que a colocou para correr na Indy NXT. Porém, o passo seguinte parece um pouco mais complicado para a tricampeã da W Series, pois a Andretti tem definido o trio Colton Herta, Kyle Kirkwood e Marcus Ericsson por múltiplos anos.

O caminho para colocar a britânica na Indy poderia ser via parceria com outra equipe, como fizeram com o próprio Kirkwood — o emprestaram à Foyt —, mas o cenário parece ser diferente do que foi em 2022. Na época, a Foyt não tinha a parceria técnica que possui hoje com a Penske. Outra opção seria na Meyer Shank, com quem a Andretti compartilha dados de engenharia, mas o contrato entre ambos termina ao final desta temporada e não deve ser renovado.

Brown e Andretti possuem bom relacionamento e são sócios em alguns negócios envolvendo o automobilismo. Mencionamos que o CEO da McLaren tem predileção por notícias que causem repercussão, o que aconteceria ao anunciar Chadwick, e Andretti não reclamaria da oportunidade à britânica, o que seria um bom termômetro para entender o momento certo de subir a tricampeã da W Series.

Felipe Drugovich

Felipe Drugovich voltou a competir na ELMS (Foto: Rodrigo Berton/Warm Up)

Não importa a categoria, mas a cada notícia de que um piloto fechou contrato com determinada equipe, uma das primeiras perguntas nos comentários das redes sociais é: “E o Drugo?”. Pode ser esta oportunidade para colocar o brasileiro de volta ao centro das discussões por uma vaga na Fórmula 1 — ou em qualquer outro lugar.

Drugovich foi ao limite pelo sonho de ser titular na F1, recusou diversas propostas — rechaçou seguir conversas com a Ganassi, que o queria no #10 para caso Álex Palou realmente saísse para, vejam só, a McLaren em 2023 — e testes, como o que foi oferecido pela Carpenter no final do último ano.

À época, justificou as recusas — que incluem ofertas da Fórmula E também — por ter de dar uma resposta muito cedo, enquanto negociava com equipes de Fórmula 1. O resultado, como é notado, não foi dos melhores ao brasileiro. Atualmente, encontrou lugar na European Le Mans Series [ELMS] e corre o campeonato de LMP2, algo nitidamente pequeno para quem sonha com a categoria mais popular do planeta.

Drugovich tem uma pequena ligação com a McLaren. Durante as 15 primeiras corridas de 2023, enquanto os suplentes Palou e Pato O’Ward disputavam a Indy, o time de Woking acordou com a Aston Martin que poderia acionar seus pilotos reservas, no caso, o brasileiro e Stoffel Vandoorne, se fosse necessário — o mesmo acerto foi feito com a Mercedes também, que tinha Mick Schumacher ‘no banco’.

O nome Drugovich não chama atenção como outrora no mercado de pilotos e pedir uma oportunidade para Zak Brown pode ajudá-lo no caminho pelo sonho da F1.

Indy retorna em menos de duas semanas, no dia 11 de maio, com o GP de Indianápolis, etapa que acontece no circuito misto do Indianápolis Motor Speedway, em Indiana.

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