Andretti ironiza sugestão de Penske para Indy e aconselha: “Invista ou venda a categoria”

A Indy está disposta a criar um sistema de charter, o que garantiria a estes carros presença em todas as provas da categoria, incluindo as 500 Milhas de Indianápolis. Os donos de equipe teriam de pagar US$ 1 milhão [aproximadamente R$ 4,95 milhões] por ano por isso, o que causou a indignação de Michael Andretti. O proprietário da equipe que leva seu nome pediu para que Roger Penske, dono da Indy, faça uma escolha entre investir ou vender a categoria.

“Foi cômico”, declarou Andretti, acompanhado de uma gargalha, sobre a proposta da Indy em São Petersburgo, palco da etapa de abertura da Indy em 2024, nesta sexta-feira (8). De acordo com o dirigente, a Indy usaria o valor dos charters para reinvestir no campeonato — algo que revoltou Andretti.

“Para começo de conversa, US$ 20 milhões [aproximadamente R$ 100 milhões] não vão adiantar nada. Tem de investir cinco vezes esse valor. Roger, não pegue o nosso dinheiro. Você comprou a categoria, não somos donos da Indy”, disparou.

Questionado por um repórter se Penske estaria tentando revigorar a categoria sem “quebrar o banco”, Andretti foi enfático: “Então venda a Indy! Tem gente aí fora disposta a isso [comprar a Indy]. Muitos pensam: ‘isso é um diamante bruto se fizermos certo’. Mas o que precisa é de muito dinheiro para chegar nesse nível. Se ele não está disposto a fazer, acho que deveria se afastar e deixar que outra pessoa compre [a Indy]”, afirmou.

“Eu falei para ele: ‘Por que você não vende parte da Indy para alguém, como participação acionária, e use esse dinheiro. Você ainda detém o controle e investe’. Mas ele não quer nenhum parceiro”, completou.

A Indy tem crescido em diversas métricas se analisarmos as últimas temporadas, principalmente nos Estados Unidos, onde estão as raízes da categoria. Aumento de audiência, venda de produtos oficiais, patrocinadores, engajamento nas redes sociais, entre outros. Mas um número considerável de membros do paddock tem pedido para a categoria aumentar o investimento com o intuito de se aproximar da Nascar e da Fórmula 1.

Em resposta à Andretti, a Penske Entertainment, empresa de Roger Penske que é a proprietária da Indy, enviou uma nota ao IndyStar.

“Fizemos investimentos significativos desde nossa aquisição, o que nos deu métricas recordes em quase todas as áreas. Isso alimenta nosso ímpeto em continuar a investir racional e estrategicamente para fazer o esporte crescer”, disse o comunicado.

Andretti revelou que suas preocupações com a Indy não atingiram níveis dos mais elevados, mas pede que a categoria passe a pensar grande. Ele sugeriu que as regras para o motor possam ser similares a da IMSA, o que atrairia mais montadoras para a Indy, que segue somente com Honda e Chevrolet — inclusive, uma terceira fabricante é promessa de Roger Penske desde 2020, quando adquiriu o campeonato. O contraponto a um novo regulamento é que um chassi precisaria ser construído para adequar a essas unidades de potência.

“Você tem de pensar grande. Se realmente acredita em construir um futuro na categoria, tem de ter especificações que façam sentido. Ter mais de três montadoras é um caminho [para o futuro]”, disse.

“Precisamos de um grande fluxo de dinheiro e fazer o que os outros campeonatos fazem para valer todo esse investimento. Parece que, se pudermos dar a Roger coisas que façam sentido, ele estaria aberto a fazê-las”, prosseguiu.

Andretti, por fim, ressaltou a necessidade de investimentos e que Roger Penske tem de apontar sobre o que quer fazer com a Indy.

“Nós continuamos sendo a melhor categoria do mundo que ninguém conhece. Precisamos divulgar melhor para que as pessoas saibam quem somos. Acho que Roger precisa se decidir, sobre o que ele quer fazer. Quer que esse campeonato seja de elite, se colocar entre as melhores mundo? Ou quer manter nesse nível?”, encerrou.

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