Pagenaud toma liderança no fim e vence em Baltimore. Dixon bate e Castroneves completa em nono
Francês da Schmidt esteve no lugar certo e na hora certa para fazer valer bom ritmo do carro e, com belíssima ultrapassagem sobre Andretti nas voltas finais, ficou com a vitória em Maryland. O destaque, poém, ficou com Dixon, que foi tirado da prova por Power
Redação GP
Simon Pagenaud precisou de muito arrojo e sangue frio para conseguir sobreviver ao caótico GP de Baltimore, 16ª etapa da temporada 2013 da Indy. O francês contou com boa estratégia, sorte e uma belíssima e decisiva ultrapassagem sobre Marco Andretti nas voltas finais para ficar com sua segunda vitória no ano e ser o dono do jogo em Maryland.
Coadjuvante durante boa parte do GP, o piloto da Schmidt soube fazer valer o bom ritmo que seu carro apresentou ao longo de todo o fim de semana e ainda resistiu à pressão de Sébastien Bourdais para subir mais uma vez ao alto do pódio.
Pagenaud celebra vitória em Baltimore (Foto: Chris Jones/IndyCar)
O destaque da prova, no entanto, não ficou nas mãos do vencedor, tampouco de alguém que tenha completado a prova. Scott Dixon, vice-líder do campeonato, caminhava a passos largos para diminuir bruscamente a diferença para o líder Helio Castroneves, que se debatia entre erros, acidentes e punições, figurando sempre na segunda metade do pelotão, enquanto o neozelandês andava junto aos líderes.
No entanto, em uma das últimas relargadas, Will Power jogou seu carro para cima do piloto da Ganassi e ambos abandonaram a prova, abrindo caminho, mais uma vez, para que o brasileiro, nono, ampliasse ainda mais sua vantagem rumo ao título.
Tony Kanaan oscilou entre os líderes e o fundo do grid durante quase toda a corrida e, quando era décimo colocado, perdeu o controle de sua KV e bateu no muro logo na última volta, após intensos duelos para se manter nas primeiras posições.
Confira como foi o GP de Baltimore, 16ª etapa da temporada 2013 da Indy:
Na largada – ou 'não-largada', já que apenas os carros das duas primeiras filas alinharam e partiram enquanto os demais ainda contornavam a chicane que antecede a reta principal –, Dixon manteve momentaneamente a ponta, mas por pouco tempo: Power, inspirado, emparelhou com o neozelandês no hairpin e assumiu a liderança com facilidade.
Um pouco mais atrás, Castroneves começava seu calvário: após cair para a oitava posição, o brasileiro foi tocado por trás por James Jakes no mesmo hairpin e, sem controle, acabou sendo empurrado em direção ao pneu traseiro direito do carro de Josef Newgarden, o que imediatamente destruiu o lado esquerdo de seu aerofólio dianteiro, forçando um pit-stop para a troca do bico logo na segunda volta. A sequência fez com que o líder do campeonato caísse para a última posição.
A prova prosseguiu, com Power na liderança, abrindo vantagem para Dixon e com Pagenaud à espreita, em terceiro. Justin Wilson, que vinha em quarto, começou subitamente a perder rendimento. O primeiro a superá-lo foi justamente Newgarden, após excelente duelo com o inglês. Na sequência, Charlie Kimball e um estabanado Graham Rahal também superaram o piloto da Dale Coyne e avançaram suas posições no pelotão, entrando para o top-6.
Will Power à frente do pelotão em Baltimore (Foto: Bret Kelley/IndyCar)
Na 14ª volta, veio, então, a primeira bandeira amarela. Ed Carpenter, sempre limítrofe em circuitos mistos, perdeu sozinho o controle de seu carro e bateu de frente na proteção de pneus. Ao mesmo tempo, a Bryan Herta de Luca Filippi sofreu estouro no motor, o que provocou um princípio de incêndio. Jakes e Dario Franchitti também abandonaram com problemas mecânicos, quase ao mesmo tempo – todos eles já com o Pace Car na pista.
Cinco giros depois, na relargada, Pagenaud voou para cima de Dixon e assumiu a segunda posição, por pouco não superando também Power, que conseguiu se manter na frente. Kanaan, brilhante, pulou de 11º para sétimo, pressionando Rahal na luta pela sexta posição. O norte-americano da RLL, no entanto, abriu caminho sobre Newgarden e trouxe o brasileiro junto, com ambos subindo, respectivamente, para quinto e sexto.
A primeira rodada de pit-stops, então, começou para valer. Foi a deixa para a Penske, como um todo, iniciar seu show de horrores em conjunto com seus pilotos.
Primeiro com o próprio Power, que, líder, entrou rápido demais nos boxes, passou do ponto e teve que ser empurrado para trás para que a troca de pneus pudesse ser realizada, perdendo tempo considerável, mas conseguindo voltar à frente de Dixon, no meio do pelotão. Várias voltas depois, com Castroneves, que graças à estratégia já figurava em terceiro, atrás apenas do líder, Bourdais, e do segundo colocado, Tristan Vautier. O brasileiro também entrou com empolgação em excesso e ficou muito próximo do muro, o que dificultou e atrasou a troca do pneu dianteiro direito, custando segundos preciosos que o jogaram de volta ao grupo intermediário, no 11º lugar.
Na sequência, a segunda bandeira amarela do dia veio graças a Stefan Wilson. O irmão caçula de Justin perdeu o carro na curva 6, raspou no muro e deixou o motor apagar.
Sébastien Bourdais em Baltimore (Foto: Brian Cleary/Getty Images)
A interrupção favoreceu Bourdais. O francês, que liderava com quase 15s de vantagem para Vautier, fez seu pit-stop assim que o Pace Car entrou na pista e conseguiu voltar na liderança, mesmo depois da reorganização das posições. Atrás do piloto da Dragon, dois dos ex-líderes da corrida, Power e Dixon, com um improvável Sebastián Saavedra em quarto, seguido por Rahal e Oriol Servià.
Durante esta amarela, sobrou para o pobre Ryan Hunter-Reay: o norte-americano foi mais um a sofrer quebra mecânica sob o forte calor de Baltimore e abandonou a prova, prolongando em mais algumas voltas a já longa paralisação.
Na 48ª volta, em mais uma relargada, o prometido e previsível caos, que parecia desta vez estar à margem de Maryland, enfim se estabeleceu. Bourdais conseguiu se manter na liderança, resistindo à pressão de Dixon. Mas Rahal, que vinha da sexta posição, tentou superar três carros por dentro na curva 1, obviamente perdendo o ponto de freada e tocando na lateral da Ganassi do neozelandês, que rodou e provocou um engavetamento que envolveu quase todos os carros do grid.
Scott conseguiu manobrar e retornar à pista, perdendo apenas três posições – prejuízo até então pequeno em comparação a Castroneves. Em um dia que parecia de pouca sorte, o brasileiro até tentou desviar do mar de carros que se formou à sua frente, mas foi abalroado por trás por Charlie Kimball e acabou lançado em direção à traseira de Vautier, sendo um dos vários carros parados no meio do bolo.
Helio conseguiu retornar à prova, mas, mais uma vez com o aerofólio danificado e com um drive-through por cumprir, o líder do campeonato precisou passar três vezes pelos boxes em quatro voltas, dando a impressão de que havia arruinado por completo sua atuação.
Mas a sorte, aquela, que acompanha só os campeões, parece estar com ele em 2013…
Na nova relargada, o inacreditável aconteceu: enquanto Bourdais se esforçava para manter a liderança, seguido por Rahal, Dixon, quinto, pulava por dentro para tentar ganhar de uma vez as posições de Servià, quarto, e Power, terceiro. O australiano da Penske, no entanto, não fez uso de seu retrovisor e guinou subitamente para a direita para tentar superar Graham. Resultado: acabou prensando o neozelandês da Ganassi contra o muro e destruiu, por consequência, sua própria suspensão traseira.
Furioso, o vice-líder do campeonato foi até os comissários de prova reclamar e pedir uma punição a seu algoz. No entanto, o próprio Will acabou abandonando a corrida, também.
Mais um reinício, mais caos. Rahal foi para cima de Bourdais, dividiu a curva e assumiu a ponta, mas não sem antes esbarrar no rival francês e fazê-lo rodar no meio da tangência. O que se viu em seguida foi o já clássico engavetamento com carros presos uns atrás dos outros, envolvendo nada menos que cinco pilotos – entre eles, Servià, Vautier e Viso.
Instaurou-se, outra vez, a presença do Pace Car na pista. Foram longas voltas até que a situação fosse normalizada. E haveria mais uma interrupção, ainda, após nova relargada onde James Hinchcliffe bateu na traseira de Wilson a 13 voltas do fim.
O top-5, nesta altura, era o mais improvável possível: Andretti liderava, seguido por Kanaan e Pagenaud. Foi então que começou o show do francês: primeiro, se livrou do brasileiro da KV logo na relargada. Na sequência, foi para cima de Marco e, com uma ultrapassagem fantástica que começou na curva 1 e só foi concluída na 2, assumiu a ponta e ainda abriu caminho para Bourdais ocupar momentaneamente a segunda posição.
Mais atrás, quem voltava a brilhar era o endiabrado Newgarden, que passou parte da prova escondido nas posições intermediárias mas tornou a protagonizar boas disputas no fim, ultrapassando o próprio Andretti e, em seguida, Séb, que havia levado a pior em disputa com o compatriota da Schmidt pela liderança.
Newgarden, Pagenaud e Bourdais no pódio de Baltimore (Foto: Chris Jones/IndyCar)
E assim terminou: Pagenaud, na raça, em primeiro, seguido por um brilhante Newgarden e por um persistente Bourdais, que conseguiu completar o pódio. Wilson, outro bravo resistente, chegou em quarto, à frente da guerreira coadjuvante Simona de Silvestro, quinta, e de Charlie Kimball, que completou o top-6.
Na nona posição, talvez, o grande vencedor em Baltimore: Castroneves. Depois de enfrentar uma sequência inusitada de erros, acidentes e punições e de se envolver em pelo menos três incidentes que provocaram bandeira amarela, o brasileiro ainda conseguiu aumentar sua vantagem para Dixon, restando agora três provas para o fim do campeonato. De quebra, viu o neozelandês ser tirado da prova por seu companheiro de equipe, Power – o que abriu precedente para uma série de conspirações a respeito de uma possível manobra intencional do australiano, sob ordens de equipe de Roger Penske.
A próxima rodada, dupla, ocorre em Houston, no início de outubro. Lá, o campeonato pode se decidir. Helinho, mais do que nunca antes, tem a faca e o queijo na mão.