Retrospectiva 2020: Indy sobrevive e cresce em meio a cenário mundial conturbado

A pandemia de coronavírus atrapalhou bastante os planos da Indy e de qualquer campeonato esportivo mundial em 2020, mas a categoria soube lidar com a crise com maestria e, mesmo passando por perrengues como a realização de uma Indy 500 sem público, entregou um bom produto e agora aponta para um futuro brilhante

A RETROSPECTIVA 2020 da Indy começa nesta terça-feira (15) e não havia como o tema de abertura ser outro. É claro que, nos próximos textos, falaremos do que foi o campeonato em si, do excelente duelo travado por Scott Dixon e Josef Newgarden, da ordem de forças das equipes, de como se desenha o grid de 2021 e até do Road to Indy, mas o início precisa tratar de como foi a temporada em meio a uma pandemia e, evidentemente, os efeitos para o futuro.

Para começar a desenhar o panorama, é preciso voltar a 2008 e, ainda além, a 1996. Foi ali, na metade da década de 90, que a Indy passou por algo que quase a matou. Puxada por Tony George, a categoria enfrentou uma pesada ruptura, se desmembrando entre IRL e Champ Car, a CART. Foram 12 anos com dois campeonatos em paralelo e uma queda significativa de poderio ao redor do mundo. A Indy, que em muitos lugares competia para valer com a F1, perdeu espaço e, mesmo dentro dos EUA, acabou engolida pela Nascar.

Veio, então, o ano de 2008 e a fundamental fusão das duas categorias que nunca deveriam ter se separado. Como era de se esperar, o impacto positivo não foi imediato e a Indy levou uns bons dez anos até se reerguer completamente, retomar ao menos de alguma forma o espaço que a pertencia. Em 2018, por exemplo, o GRANDE PREMIUM preparou um material com os dez anos da fusão e conversou com alguns dos pilotos presentes nas duas fases. As opiniões eram praticamente unânimes: a Indy vivia seu melhor momento desde a ruptura.

Dixon e Newgarden: o domínio da Indy 2020 (Foto: Indycar)

Mas qual o motivo de estarmos relembrando disso? Ora, o contexto é fundamental para entendermos como a Indy sobreviveu aos impactos da pandemia e, mais do que isso, como a categoria consegue desenhar uma expansão para os próximos anos mesmo tendo uma temporada naturalmente deficitária como a de 2020.

Foi nesse ambiente de crescimento, de reorganização e de ordem na casa que a Indy foi capaz de suplantar a crise sem maiores problemas. Em um ano crucial em que colocava oficialmente pela primeira vez o aeroscreen em seus carros, a categoria ainda contou com um auxílio luxuoso de Roger Penske, que assumiu o comando do campeonato e encarou os problemas de frente. No fim das contas, não é exagero dizer que o maior impacto da pandemia na Indy foi uma edição de 500 Milhas de Indianápolis sem a presença de público, o que é bastante triste, mas longe de ser o fim do mundo.

É justo admitir que o nível das corridas não foi, em geral, dos melhores. A Indy 500, por exemplo, foi mais agradável que a de 2018, mas inferior a de 2019, que já não tinha sido épica. Houve, sim, belas provas como a final em St. Pete, a rodada dupla em Iowa e a rodada dupla do GP de Indianápolis 2, mas mesmo as corridas ruins precisam ser compreendidas, já que o aeroscreen debutava em um ano praticamente sem teste algum por conta da covid-19.

Foi evidente a falta de testes com aeroscreen em corridas como a 2 de Gateway (Foto: IndyCar)

Ainda assim, a Indy entregou um produto bacana. Além das boas corridas citadas, uma disputa quente pelo título entre Dixon e Newgarden, com o neozelandês começando o ano com tudo e o americano quase operando um milagre em uma reação improvável. Ainda, a categoria viu a consolidação de nomes como Pato O’Ward e Colton Herta e o surgimento de pilotos como Álex Palou e Rinus VeeKay.

Para 2021, a expectativa é ótima. Por mais que a pandemia siga assombrando o mundo todo enquanto não houver vacinação em massa, a Indy vai ao menos testar mais, vai desenvolver seus carros e, certamente, entregar provas mais emocionantes. Além disso, os esboços iniciais do grid do ano que vem são dos mais animadores, com Ganassi e Penske expandindo e puxando um aumento no número de vagas.

Surpreendentemente, a Indy não apenas segurou a barra no ano mais caótico das últimas décadas, como também conseguiu crescer. E é por isso que a categoria, pelas mãos de Roger Penske, promete tanto para o futuro.

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