Aprilia mostra nova moto e vê pressão subir com tarefa de fazer jus a campeão Martín

A Aprilia aproveitou a quinta-feira (16) para mostrar a nova versão da RS-GP com que Jorge Martín e Marco Bezzecchi vão disputar a temporada 2025 da MotoGP. Confirmando a expectativa, o espanhol fez a opção por usar o #1

Jorge Martín e Marco Bezzecchi mostram a nova RS-GP (Vídeo: Aprilia)

Dois dias depois de Trackhouse mostrar o layout das motos de Raúl Fernández e Ai Ogura, chegou a vez de Aprilia apresentar as armas para a temporada 2025 da MotoGP. Em um evento em Milão, na Itália, a casa de Noale revelou a nova versão da RS-GP que será utilizada neste ano por Jorge Martín e Marco Bezzecchi.

A apresentação começou com um clipe no estilo pantera cor de rosa, com os dois pilotos ‘invadindo’ a fábrica para fuçar nas novas cores da RS-GP. A bisbilhotagem, porém, foi interrompida com o soar do alarme, que deu início ao evento ao vivo que revelou a moto.

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O primeiro a aparecer foi Max Biaggi, embaixador da marca, que se animou com o que classificou como a “equipe mais forte” que a Aprilia já teve na MotoGP.

Na sequência, Fabiano Starlacchni, diretor-técnico, e Paolo Bonora, chefe da equipe, subiram ao palco. Os dois destacaram o enorme esforço feito pela fábrica este ano, já que, nos testes, serão dez unidades da moto de 2025 na pista: quatro para cada time e mais duas para o piloto de testes.

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Diretor-executivo, Massimo Rivola apareceu em seguida e agradeceu o apoio do Grupo Piaggio, dono da Aprilia, pela confiança depositada no trabalho feito nas pistas.

O evento contou, ainda, com a participação de Jacopo Cerutti, que venceu recentemente a Africa Eco Race com a Tuareg. O piloto chegou a competir sem pneu por alguns quilômetros.

Quando chegou a hora de os pilotos subirem aos palcos, foi Lorenzo Salvadori quem apareceu primeiro. O italiano renovou com a Aprilia por mais dois anos e deu alguns indícios, pelo macacão, do que vinha por aí. O piloto estava trajado majoritariamente de preto, com alguns detalhes em vermelho e roxo.

Na sequência, foi a vez de Bezzecchi e Martín subirem ao palco. O espanhol foi anunciado como #89, mas estampava um #1 no boné.

Quando chegou a hora de levantarem as capas, os pilotos revelaram uma moto preta fosca, com detalhes vermelhos, brancos e roxo. E Martín, claro, com o #1 estampado na carenagem.

“Não tinha nenhuma dúvida em colocar o #1”, revelou.

Martín optou pelo #1 para a temporada 2025 (Foto: Reprodução)

Terceira colocada no Mundial de Construtores do ano passado, a Aprilia tem em 2025 uma árdua missão: fazer jus à comprovada capacidade do campeão vigente. Para deixar ainda mais claro o tamanho do desafio, Jorge vai estampar o #1, conquistado de Ducati no ano passado, o que aumenta ainda mais a pressão na fábrica.

Martín, contudo, não é a única novidade de uma equipe que chega quase que completamente repaginada. Com o campeão vigente e Bezzecchi, a Aprilia tem um line-up 100% novo, mas, nos bastidores, a mudança também se faz presente, com Fabiano Sterlacchini assumindo a direção-técnica após Romano Albesiano partir para a Honda.

É fato que a Aprilia experimentou um ganho de performance nos últimos anos, especialmente após a contratação de Rivola. Não que o ex-Fórmula 1 tenha sido decisivo no preparo do protótipo, mas a presença dele permitiu que Albesiano pudesse focar única e exclusivamente na moto, o que impactou diretamente nos resultados.

Ainda assim, Albesiano não conseguiu sanar todos os problemas. A RS-GP, embora competitiva, seguiu sendo uma moto irregular. Em algumas corridas, a Aprilia surgia absolutamente dominante, ofuscando inclusive a Ducati, mas, em outras, o protótipo italiano sequer se fazia notar.

A chegada de Sterlacchini, que fez carreira na Ducati e passou pela KTM antes de chegar à Aprilia, é uma esperança para aparar arestas, mas o técnico italiano ainda teve muito pouco tempo de trabalho para poder efetivamente reverter o cenário.

Ainda assim, a Aprilia eliminou desculpas no momento em que fechou com Martín. Na hora da assinatura, o espanhol de Madri ainda não era campeão mundial, mas, pelo segundo ano seguido, era o principal desafiante de Francesco Bagnaia a uma posição na Torre dos Campeões. Ou seja, a qualidade dele estava mais do que comprovada.

Se essa união falhar, ficará escancarado que o problema foi com a moto. E é isso que a Aprilia tem de evitar. Pelos próximos dois anos — tempo de contrato com Jorge —, a casa de Noale está obrigada a mostrar que tem a capacidade de dar a ele uma moto não só capaz de vencer corridas — afinal, isso ela já fez com Maverick Viñales e Aleix Espargaró —, mas de manter um nível regular que a permita desafiar pelo campeonato.

Fácil, obviamente, não será. Especialmente porque a rival é a Ducati, mas, com Martín no elenco, não há escolha. É crescer ou crescer.

Jorge é, provavelmente, o melhor piloto que já guiou pela marca e, assim, também conseguirá extrair mais da RS-GP do que foi possível outrora. Mas, em um campeonato de concorrência forte, a fábrica tem de fazer a parte dela no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento.

Um fator de dificuldade para este crescimento será a quase ausência de pilotos com experiência com a moto. Com Martín e Bezzecchi, a Aprilia tem no time oficial dois pilotos que não conhecem a RS-GP. A satélite Trackhouse terá o estreante Ai Ogura e, assim, Raúl Fernández será o único com conhecimento prévio da moto.

Os desafios, claro, são muitos. Mas a Aprilia fez os movimentos certos com Martín e Sterlacchini. A chegada de Bezzecchi também tem potencial para agregar. 2024 não foi um ano excelente para o italiano, fruto das dificuldades com a GP23, mas o interesse prévio da Ducati em promovê-lo para a Pramac — uma oferta que ele recusou para a temporada 2024 — é um sinal do potencial dele.

Com o #1 estampado na carenagem de uma RS-GP que ainda não faz jus ao número do campeão, a Aprilia terá os holofotes direcionados a ela e a pressão extra de corresponder à capacidade do campeão do mundo.

“A temporada 2025 representa o início de uma nova era para a Aprilia Racing”, disse Rivola. “Nossa ambição é liderar, não seguir. Nossa meta é clara: sermos competitivos em todas as corridas”, anunciou.

“Com dois talentosos, ferozes e motivados pilotos como Jorge Martín e Marco Bezzecchi, junto com uma equipe e uma companhia igualmente determinadas, podemos criar algo especial”, comentou. “A RS-GP25 tem um potencial incrível e o nosso trabalho será garantir que faremos o máximo de cada uma das 22 corridas do campeonato”, encerrou.

Sterlacchini falou em início de uma nova era para a Aprilia e não escondeu que o objetivo é conseguir manter o nível de competitividade ao longo de todo o ano.

“Nossa meta para 2025 é sermos competitivos o tempo todo, tanto nas sprints quando nas corridas longas, focando em maximizar os resultados ao longo da temporada”, apontou Sterlacchini. “É absolutamente chave que a gente continue a crescer conforme trabalhamos com dois novos e extremamente talentosos pilotos”, defendeu.

“Esta é verdadeiramente uma nova era para nós e uma enorme mudança depois de muitos anos, tanto em termos de gestão do lado técnico das coisas quando do line-up dos pilotos”, frisou. “Estamos particularmente empolgados com esta nova temporada e orgulhosos de receber dois pilotos lideres da MotoGP, incluindo um campeão mundial”, encerrou.

MotoGP volta a acelerar entre 5 e 7 de fevereiro de 2025 para os primeiros testes de pré-temporada, em Sepang, na Malásia. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

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