Com Yamaha escalada de figurante, Ducati promete boa briga com Márquez no ‘canhoto’ Aragão

Rei dos circuitos anti-horários, Marc Márquez encontrou rivais a altura para o GP de Aragão deste fim de semana. Em excelente fase, a Ducati conseguiu uma dobradinha do grid de MotorLand, com Jorge Lorenzo liderando Andrea Dovizioso por apenas 0s014 de diferença. A Yamaha, por outro lado, vem apenas como figurante na pista de Teruel

Não dá para deixar de lamentar o despertar tardio da Ducati. Hoje rotulada como a melhor moto do grid, a Desmosedici não foi assim eficiente na primeira metade da temporada e, desta forma, ao soar do despertador, o campeonato já estava mais do que encaminhado na direção de Marc Márquez.
 
Mas, muito embora o piloto da Honda esteja com a faca e o queijo na mão, isso não significa que a diversão acabou. Em um momento onde a Yamaha é apenas uma sombra do já foi em seu glorioso passado, a casa de Bolonha é a única que aparece para desafiar o #93. E, felizmente, com Jorge Lorenzo e Andrea Dovizioso.
 
Neste sábado (22), o treino classificatório teve lá seu momento Moto3, quando vários pilotos decidiram rodar lentos pela pista a espera do vácuo. Os mais rápidos, então, aliviaram o ritmo e ficaram com uma única tentativa para superar um Márquez que se colocou forte desde a primeira volta, quando já lançou mão de um giro em 1min46s974.
Os três primeiros do grid em Aragão (Foto: Michelin)
O tetracampeão da MotoGP, porém, cometeu errinhos aqui e ali em sua sétima e última volta e não conseguiu segurar os ‘canhões vermelhos’. Sempre amparados pela potência do motor de Borgo Panigale, Lorenzo e Dovizioso voaram nos instantes finais do Q2 e garantiram uma dobradinha no grid, com o piloto de Palma de Maiorca liderando o companheiro de equipe por apenas 0s014 de vantagem. Assim, Márquez vai sair em terceiro no MotorLand, sua oitava primeira fila nas 13 etapas até aqui.
 
Embora tenha se colocado forte em Aragão, a Ducati não tem o melhor dos históricos no traçado projetado por Hermann Tilke. Nas oito corridas disputadas em Alcañiz até aqui, a marca vermelha venceu uma única vez, ainda com Casey Stoner em 2010. A Honda, por outro lado, é a montadora mais bem sucedida no traçado localizado a sudoeste de Barcelona, com cinco vitórias, três delas com Marc ― 2013, 2016 e 2017.
 
Além deste retrospecto favorável à RC213V, Márquez também tem a seu favor a orientação do traçado, que é um dos cinco anti-horários do calendário da MotoGP. Das 40 corridas que já disputou na MotoGP, Marc venceu 55% delas em pistas para a esquerda: seis em Austin, seis em Sachsenring, três no MotorLand, duas em Phillip Island, uma em Valência, três em Indianápolis e uma em Laguna Seca.
 
Este número fica ainda mais impressionante quando levamos em conta que dos 21 traçados por onde o #93 já passou na carreira, apenas 33% deles tinham orientação anti-horária.
 
A forma de Marc, no entanto, já é uma velha conhecida. E, como já ficou bastante claro nas mais variadas modalidades esportivas, o retrospecto só conta até a ‘página B’. Quando as luzes se apagarem na reta da pista de 5.1 km, Lorenzo, Dovizioso e Márquez têm uma folha em branco sobre a qual desenhar.
Marc Márquez não está lá muito preocupado com a classificação do Mundial (Foto: Michelin)
E, neste cenário, Jorge parte um fiapo melhor, já que tem a pole ― a 44ª na MotoGP e a 77ª no Mundial ― e mostrou um excelente ritmo no quarto treino livre, quando os pilotos trabalham focados no ritmo de corrida.
 
“Marc, Dovi e eu estamos muito igualados em termos de ritmo”, apontou Lorenzo. “Não coloquei pneus novos no TL4, mas mantive o ritmo com facilidade”, relatou. 
 
Mesmo confiante na batida de sua Desmosedici, Jorge não acredita que poderá dominar a prova no MotorLand do começo ao fim.
 
“Este ano, tive de mudar um pouco o estilo. Eu gostaria de forçar desde o início, mas não acho que possa [dominar a corrida toda]. É preciso saber gerir, mas sem ir passeando, indo quase em 100% em toda a corrida, e esperar para ver como todas as motos vão funcionar com tantas voltas. É esperar o momento”, completou.
 
Superado no detalhe, Dovizioso lamentou a pole perdida, mas se disse satisfeito com a performance exibida neste sábado.
 
"Estou muito, muito contente, porque marcamos tempos muito rápidos. Poderia ter sido melhor, mas, infelizmente, entramos todos juntos e aí ninguém queria forçar", justificou. 
Yamaha está perto de seu maior jejum (Foto: Yamaha)
O #4, porém, acredita que a disputa com Márquez e Lorenzo será definida por coisas mínimas.
 
"Entre nós três, serão detalhes. Você pode ter uma ideia nos treinos, mas na corrida as coisas mudam. Não faz sentido se fiar muito nos décimos, porque as situações de corrida mudam”, ponderou. “Não sei se somos os mais rápidos, pode ser que sim, mas o importante é ter uma estratégia acertada e gerir bem a corrida. Pessoalmente, acho que trabalhamos bem. Não sei se será o suficiente, mas sabia que podia ser muito competitivo antes de chegar aqui e agora estou ainda mais contente”, frisou. 
 
Márquez, por outro lado, não pôde mostrar a que veio no TL4, já que sofreu uma queda em meados da sessão e precisou voltar para a pista com a moto reserva depois de perder alguns minutos da atividade. O #93, entretanto, tem uma situação para lá de confortável no campeonato e não pretende arriscar além do necessário.
 
"O terceiro lugar é bom, mas eu podia ter lutado pela pole. Cometi um erro na última volta", avaliou Marc. "Aqui todo mundo força e se repete um pouco a tônica das últimas corridas: as duas Ducati e eu no meio", apontou.
 
"A verdade é que eles têm um pouquinho mais do que nós, mas, em termos de ritmo, estamos bastante parecidos. O TL4 pode confundir um pouco, mas, antes de cair, eu tinha um bom ritmo com o pneu do fim da corrida", ressaltou. “No ano passado, cheguei com zero pontos de vantagem e cinco pontos eram muito importantes. Este ano, tenho 67, então se descontarem cinco, nove ou onze, não tem nada", considerou.  
 
Enquanto Ducati e Honda estão cheias de motivos para celebrar, a Yamaha caminha a passos largos para consolidar a maior seca de sua história. Se não vencer amanhã, o que parece bastante improvável dado o desempenho apresentado no MotorLand até aqui, a casa de Iwata vai atingir a marca de 23 corridas sem subir ao topo do pódio, superando, assim, o jejum registrado entre as 15 corridas de 1997 e as primeiras sete de 1998, que, até então, representam a maior estiagem do time na classe rainha.
 
Neste sábado, Maverick Viñales foi o melhor a bordo da YZR-M1, mas o #25 ficou apenas com o 11º posto do grid, já 0s929 atrás de Lorenzo. Valentino Rossi, por sua vez, foi muitíssimo pior. Praticamente de turismo na segunda metade do Q1 ― por onde, aliás, os dois titulares da equipe patrocinada pela Movistar tiveram de passar ―, o #46 fez sua melhor volta só em 1min48s627, 1s746 mais lento que o #99, repetindo, assim, seu pior desempenho em classificação em pista seca, que tinha sido registrado com um 18º lugar no GP da Holanda de 2006 ― quando o italiano lidava com lesões no pé e no punho.
 
“Durante o Q1, perdi tempo demais e não pude fazer todas as voltas que queria", explicou Rossi. "Nós fomos lentos treino após treino. Fizemos todo o possível, testamos o que dá para testar nos vocês, mas percebemos que o problema segue sendo o mesmo”, constatou.
Andrea Iannone foi a melhor Suzuki em Aragão (Foto: Michelin)
"Hoje nós quisemos provar coisas novas e foi tudo pior. Preciso testar outras coisas amanhã para ver se melhoramos", falou. "A corrida de amanhã vai ser complicada. Já que estou aqui, temos de seguir lutando", completou.
 
Além de ter ficado para trás no Q1, Viñales ainda terá de lidar com uma punição, já que foi sancionado por ter atrapalhado Bradley Smith na classificação e perdeu três posições no grid. 
 
Mas esse não foi o maior problema do dia. Maverick ainda teve de lidar com um problema com um sensor da M1. 
 
“Não tinha controle de tração, nem antiwheelie e nem nada”, relatou. “Por sorte, não sai voando de forma espetacular”, reconheceu.
 
Maverick afirmou, também, que sabe que não fez seu melhor no Q2, mas falou em tentar pontuar na corrida de domingo.
 
“No Q2, eu realmente não pude fazer um bom tempo, não fiz o melhor. O ritmo era para sexto ou sétimo”, admitiu. “Vamos ver como estará a pista amanhã. Vamos tentar fazer o melhor possível, estar entre os dez primeiros e tirar conclusões positivas. Não tenho nem ideia de onde vou acabar amanhã. Estamos sofrendo muitíssimo. A moto não funciona agora e vamos tentar tirar um pouco mais daquilo que temos”, concluiu. 

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