Conta-giro: Campeão da Moto3, Álex Márquez se afasta da sombra do irmão e ajuda Marc a escrever história do Mundial

UM NOVO CAPÍTULO na história do Mundial de Motovelocidade foi escrito a quatro mãos no último fim de semana. Ao cruzar a linha de chegada do circuito Ricardo Tormo no terceiro posto, Álex Márquez se juntou ao irmão, Marc, no rol de campeões do certame. 

 

Nesses 65 anos de história do campeonato, nunca dois irmão tinham sido coroados campeões em suas respectivas categorias. Álex e Marc o fizeram e em um mesmo ano. 

Inicialmente, Álex sonhava ser mecânico de Marc, mas a paixão pelas motos logo falou mais alto. Aos poucos, o mais jovem dos irmãos de Cervera foi traçando seu caminho e chegou ao Mundial definitivamente após conquistar o título do CEV (Campeonato Espanhol de Velocidade) — um título que o mais velho nunca conseguiu. 

 

Também amparado por Emilio Alzamora, Álex logo mostrou que tinha capacidade para estar no Mundial, mas a sombra do irmão sempre foi uma constante. Marc é um daqueles pilotos de talento descomunal que não aparecem com tanta frequência. 

 

Por ser o caçula de um já tetracampeão mundial, Álex sempre teve atenção da imprensa, que o acompanhava para saber se a velocidade estava no DNA. O sucesso do irmão acabou representando uma pressão extra para o piloto de 18 anos.

 

Em 2014, a aposta da Estrella Galicia 0,0 pela Honda parecia ser um tiro n’água, mas a reconhecida capacidade técnica da montadora nipônica garantiu que a NSF250RW conseguisse fazer frente à KTM.

 

Além da pressão pelo histórico familiar, Álex teve de fazer frente a Jack Miller, um piloto mais experiente e um tanto falastrão. Em uma tentativa de pressionar o rival, o australiano colocava no pequeno os erros do mais velho e chegou a dizer que “a família Márquez gosta de mandar”.

 

No olho do furacão, Álex encontrou amparo no irmão mais velho. Do alto de seus 21 anos, Marc se empenhou em tirar a pressão do irmão, ressaltando que o fato de ele próprio ter sido campeão não podia coagir Álex a fazer o mesmo.

Depois do GP da Malásia, onde Miller foi extremamente agressivo em suas manobras para cima de Álex, Marc subiu um pouco o tom, mas sempre com seu já tradicional sorriso no rosto. “Acho que meu irmão tem potencial o bastante e corpo o bastante para fazer isso também”.

 

De forma insistente, Marc sempre reforçou que suas conquistas e seus erros não deveriam recair sobre o irmão. Ao mesmo tempo, o piloto da Honda se converteu em um conselheiro.

 

Quando Álex foi para a pista do domingo, ele enfrentou a mesma situação vivida pelo irmão no ano anterior, com um rival tentando reduzir o ritmo para aproximar o pelotão. Assim como Marc, o jovem de 18 anos soube manter a cabeça fria e garantir o resultado de que precisava. Não correu muitos riscos, não fez bobagem. 

 

Após a conquista de Álex, Marc era o retrato da felicidade e chegou a dizer que estava mais feliz pelo triunfo do irmão do que pelo seu bicampeonato na MotoGP.

 

A coroação dessa temporada brilhante aconteceu ainda nesta segunda-feira, na própria pista de Valência. Presenteado pela simpática Honda, Álex teve a chance de testar a RC213V do irmão, que não perdeu a chance de acompanhar o caçulinha.

As imagens do teste mostram a preocupação de Marc com Álex. Sempre olhando para trás, esperando, cuidando. Roser e Julià não só criaram dois ótimos pilotos, mas também criaram dois homens capazes de cativar o público e de manter os pés no chão mesmo em momentos de pressão. Dois garotos que ainda cumprem com suas tarefas  domésticas, mesmo eu já tenham seus nomes gravados na história do Mundial de Motovelocidade.

As imagens exclusivas do domingo em Valência
#GALERIA(5142)