Conta-giro: líder da Moto2, Rabat descarta pressão por favoritismo e diz que coloca em prática lições de 2013

Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO, Tito Rabat afirmou que está colocando em prática tudo que aprendeu na temporada 2013 da Moto2. Favorito ao título, espanhol negou que a pressão o abale e frisou que ninguém o cobra mais do que ele próprio

Depois de flertar com o título na temporada 2013 da Moto2, Tito Rabat começou o ano como favorito absoluto ao Mundial. Com a mudança de Pol Espargaró e Scott Redding para a MotoGP, o espanhol ganhou status de estrela principal, mas a pressão não o assusta. “Tento fazer o meu melhor cada vez que vou para a pista”, explica.

Ao contrário de muitos de seus pares, que seguiram a carreira dos pais no motociclismo, Tito escolheu um caminho completamente diferente do negócio da família – que atua no mercado de luxo –, mas nem por isso deixou de ter a influência do pai.

A atração pelo esporte a motor começou com o automobilismo, mas, aos poucos, o amor pelas duas rodas falou mais alto e Rabat logo se entregou a sua nova paixão.

Tito Rabat iniciou 2014 como favorito absoluto ao título da Moto2 (Foto: Marc VDS)

Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO, Tito contou que deu seus primeiros passos no esporte nas corridas de carro, mas a opção pelas motos foi feita aos 11 anos.

“Quando era mais novo, disputei uma corrida de carro, porque o meu pai levou a mim e ao meu primo para a corrida”, contou. “Depois disso, nos fins de semana, nós íamos para as montanhas para rodar com motos de enduro e também um pouco de pista”, seguiu o piloto.

"Depois eu disputei o Campeonato Catalão de Automobilismo, aos 10 anos de idade. Aos 11, não sei por que, percebi que gostava mais das motos e mudei”, resumiu. “Todos os sábados eu ia andar de moto de enduro e todo domingo eu ia para corrida de carro quando era mais novo. No fim, eu preferi as motos. Mudei para focar só em motos. Por isso que eu comecei. Eu gosto muito de correr de moto”, ressaltou.

A estreia no Mundial de Motovelocidade aconteceu em 2005, quando, aos 15 anos, o piloto de Barcelona disputou o GP da Valência das 125cc. No ano seguinte, foram 11 provas, até que Rabat se fixou como piloto permanente.

Até o ano passado, quando conquistou seu primeiro triunfo no Mundial, Tito só tinha representado equipes espanholas, mas a saída da Pons no fim de 2013 resultou em uma nova fase na carreira. Agora, Tito defende as cores da belga Marc VDS, onde encontrou uma forma diferente de trabalho.

“Para mim, é uma grande mudança, pois é muito mais profissional. Eu me sinto bem, gosto de trabalhar dessa maneira, mas é a mesma coisa”, ponderou. “Você precisa focar em você, transmitir aos técnicos a melhor informação e ser o mais rápido possível. É o mesmo trabalho, mas a cada ano é mais emocionante”, definiu.

Depois de praticamente sete temporadas perseguindo a vitória, tendo conquistado apenas alguns esporádicos terceiros lugares, o catalão chegou a primeira vitória no GP da Espanha de 2013, quando recebeu a bandeirada em Jerez de la Frontera com 4s261 de vantagem para Redding.

Após quebrar o jejum de triunfos, Tito ganhou em consistência, mas foram as provas de San Marino, Aragón e Malásia – terceiro, segundo e primeiro, respectivamente – que o colocaram em condição de disputar o título.

Pela primeira vez na carreira, Tito Rabat não defende uma equipe espanhola (Foto: Marc VDS)
Depois do triunfo em Sepang, Rabat chegou aos 196 pontos, 28 a menos que Redding, que tinha a liderança da classificação, e nove a menos que Espargaró, seu companheiro de Pons e segundo no Mundial. Na etapa, seguinte, entretanto, a disputa ganhou contornos trágicos.
 
Redding se acidentou e não pôde correr na Austrália, entregando a liderança para Espargaró. O britânico fez um esforço sobre-humano para correr no GP do Japão, mas o Mundial acabou exatamente na largada, quando um acidente tirou Tito e Scott da corrida ainda nos metros iniciais, garantindo a conquista do agora piloto da Tech3.
 
Mesmo sem o título, o piloto de 24 anos tirou lições importantes da temporada 2013 e agora coloca tudo isso em prática. Depois de quatro corridas em 2014, Tito lidera o Mundial com 16 pontos de vantagem para Mika Kallio, somando duas vitórias, um segundo lugar e uma quarta colocação. 
 
De acordo com Tito, entretanto, a melhora na performance não é resultado de uma mudança específica, mas fruto de um processo de amadurecimento. 
 
GRANDE PRÊMIO: No ano passado você deu um grande passo com a sua performance. Você mudou alguma coisa na maneira como você se prepara para a corrida?
 
TITO RABAT: Não. Acho que você muda a mentalidade. Quando você mais novo, você é um pouco mais louco. E quando você cresce, você começa a pensar melhor e foi por isso que eu mudei muitas coisas, para poder ser mais rápido.
 
GP: No ano passado você se colocou na luta pelo título. Você pensou que seria possível conquistá-lo?
 
TR: Sim. E estou aqui para lutar pelo título neste ano, para tentar vencer todas as corridas. É por isso que eu estou aqui. 
 
GP: Em 2013, a sua chance de brigar pelo título veio na parte final da temporada. O que você poderia ter feito diferente para que essa chance viesse mais cedo?
 
TR: Nada de diferente, pois eu sempre foco em fazer o meu melhor. Tento sempre fazer o meu melhor cada vez que eu largo. Sempre tento o meu melhor. Só foco nisso. 
 
GP: O que você aprendeu com a temporada 2013?
 
TR: Aprendi muitas coisas. Aprendi a ficar na frente, aprendi a lutar pela vitória, aprendi a lutar pelo título, aprendi muitas coisas. Este ano eu estou colocando em prática todas as coisas que aprendi no ano passado.
Tito Rabat já conquistou três pódios na temporada 2014 (Foto: Marc VDS)
GP: Você lidera o Mundial de Moto2 com 16 pontos de vantagem. Você está satisfeito com a sua performance?
 
TR: Sim, estou muito satisfeito, pois me sinto 100%, me sinto bem, aproveito cada vez que vou para um treino e uma corrida, e isso é muito bom para mim.
 
GP: Você começou o ano como favorito ao título. Isso aumenta a pressão ou é uma coisa que não te incomoda?
 
TR: Não, pois ninguém pode colocar mais pressão do que eu coloco em mim mesmo. É o que eu disse antes, eu tento fazer o meu melhor cada vez que vou para a pista, focar em mim. Tento terminar a corrida o mais rápido possível e é isso.
 
GP: Seus principais adversários no ano passado subiram para a MotoGP. Quem você vê como rivais agora?
 
TR: Na Moto2 você tem muitos rivais, pois todos têm a mesma moto, os mesmos pneus, o mesmo peso, o mesmo chassi e muitos pilotos estão lá. Em algumas pistas, uns, em outras pistas, outros. O importante é ser consistente ao longo do ano, ser inteligente nas corridas e, claro, quando puder vencer, lutar para vencer. 
 
GP: Qual a melhor e a pior parte do seu trabalho?
 
TR: A melhor parte é que eu gosto das corridas, gosto dos treinos, de quando estou treinando. Me sinto bem. A pior parte são as quedas, sempre. Essa é a parte ruim deste trabalho, mas também tem muitas coisas boas.
 
RUFEA TEAM
 
Em 2008, quando Marc Márquez deu seus primeiros passos no Mundial de Motovelocidade, foi Tito Rabat quem aconselhou o amigo sobre este novo mundo. Seis anos mais tarde, a dupla permanece unida, mas agora é o piloto da Marc VDS quem recebe as orientações do campeão de 2013 da MotoGP.
 
Hoje em dia, apesar dos muitos compromissos do piloto da Honda, Marc sempre encontra tempo para ir treinar na pista de Rufea, em Lleida, na Catalunha, com o irmão mais novo, Álex, e Tito. O treinamento conjunto vem dando resultados e, aos ser questionado pelo GP se Márquez é um bom professor, Rabat garantiu que sim. 
Tito Rabat e Marc Márquez treinam juntos na pista de Rufea (Foto: Marc VDS)
“Sim, sim. É muito bom treinar com Marc e Álex, porque eu aprendo muito”, comentou. “Nós lutamos muito, curtimos muito”, completou.
 
Apesar da amizade de longa data, Tito não ficou exatamente surpreso ao ver Márquez conquistar o título da classe rainha do Mundial de Motovelocidade em sua primeira tentativa no ano passado.
 
“Não, não fiquei surpreso, pois… Bom, na verdade, eu fiquei surpreso, pois é a MotoGP”, declarou. “Mas eu sei que ele é um piloto muito bom e, claro, sei que ele está lá”, concluiu o espanhol. 
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