Quartararo garante boa posição para ataque em Valência. Bagnaia vai no arroz e feijão

Interessado apenas na vitória, o francês conseguiu acertar a classificação e levou a Yamaha até a quarta colocação do grid do GP da Comunidade Valenciana de MotoGP, um bom lugar para pegar uma espécie de atalho rumo à tentativa de atacar o poderio das Ducati. Nadando a favor da correnteza, o italiano planeja correr com o regulamento embaixo do braço e fazer tudo que pode para não perder o título de 2022

Se fosse uma experiência gastronômica, Fabio Quartararo encararia um prato exótico no GP da Comunidade Valenciana, mas Francesco Bagnaia não desviaria uma colherzinha de café do feijão com arroz. Separados pela enormidade de 23 pontos na classificação do Mundial de Pilotos da MotoGP 2022, os dois jovens competidores vão para a corrida deste domingo (6) com estratégias absolutamente diferentes para saciar a fome.

Na frente da classificação, Pecco precisa de muito pouco para garantir o primeiro título da carreira, o primeiro da Ducati em 15 anos e o primeiro de um italiano com uma moto da Itália na classe rainha em 50 anos. Para alcançar o feito histórico, ele só não pode ceder 24 pontos a Quartararo.

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Francesco Bagnaia só precisa fazer o básico para sair campeão de Valência (Foto: Ducati)

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Ou seja, Francesco não precisa esquentar a cabeça nem em caso de vitória de Fabio. Desde que ele esteja dentro do top-14, no caso. Em 2022, Pecco esteve uma única vez fora dos 14 melhores nas corridas que completou: no GP da Indonésia, quando foi 15º. Mas foi lá no começo do campeonato, quando a Ducati e ele ainda não tinham se entendido com a GP22. E a disputa em Mandalika foi na chuva, algo que não é esperado para mim.

Em condições normais, Bagnaia não terá problemas para ser 14º. Até porque, em último caso, a Ducati pode apelar para o infame e já famoso ‘mapping 8’ e os colegas de marca podem abrir passagem. Para quem não lembra, em 2017, na última vez em que a MotoGP decidiu o campeonato na derradeira corrida, a casa de Borgo Panigale queria que Jorge Lorenzo abrisse passagem para Andrea Dovizioso em Valência e usou a mensagem de ‘mapping 8’ para avisá-lo. Daquela vez, porém, o espanhol ignorou e seguiu na frente, mas não fez diferença, já que os dois caíram mais adiante e o título ficou mesmo com Marc Márquez.

Francesco já deixou claro que não pediu por ordens de equipe, mas tampouco esconde que vai tentar fazer o feijão com arroz no circuito Ricardo Tormo. Oitavo no grid, o italiano de Torino tem condições de arriscar no início da corrida para tentar se proteger mais adiante. No caso de Pecco, o ditado que melhor se encaixa é aquele que diz: “cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém”.

Além da largada vantagem, Pecco tem outra coisa jogando a favor: as outras Ducati. Jorge Martín largada na pole e Jack Miller — que além de companheiro na equipe de fábrica é um amigo — é o terceiro no grid.

“Eu não vou pagar ninguém!”, brincou Pecco. “Qualquer um pouco ser meu companheiro de equipe nesta corrida. É difícil fazer uma estratégia, pois é difícil prever o que vai acontecer. Talvez eu precise correr algum risco nas primeiras duas ou três voltas para poder controlar [depois]”, avaliou.

“Só pedi [à equipe] que se Fabio estiver perto de mim ou atrás de mim, então [me avisem pelo pit-board]. Aí vou decidir o que fazer”, contou. “Meu compromisso amanhã não é vencer — é só ficar calmo e entender. Vou correr riscos no início para abrir vantagem. Mas aí serei esperto”, anunciou.

Questionado sobre quem venceria a corrida, Pecco respondeu: “Não sei! Jorge Martín foi muito competitivo. Miguel Oliveira foi muito competitivo. Marc Márquez, Quartararo… Eu só vou tentar não ficar fora do top-14”.

Pecco reconheceu, porém, que esperava mais da classificação. “Nós tivemos um pouco de dificuldade com o feeling da dianteira. Você sente menos, mas pode frear mais forte — é estranho. Nesta pista, isso não está me ajudando. Com pneus usados, somos competitivos”, avaliou. “Mas minha equipe está tendo boas ideias. Eles podem me ajudar”, completou.

Para Fabio, porém, o cenário é o completo oposto. Por mais saboroso que seja, um prato de feijão com arroz não vai servir para deixá-lo saciado. Ele precisa de algo mais pomposo, digno de um restaurante estrelado pela Michelin. Só uma combinação de sabores muito bem equilibrada vai matar a fome de título de ‘El Diablo’.

Fabio Quartararo precisa de uma combinação de resultados muito mais sofisticada (Foto: Yamaha)

Questionado se precisa de um milagre em Valência, Quartararo respondeu: “Não estou pensando nisso. Estou pensando na corrida. Se eu vencer, talvez algo aconteça…”.

“Meu principal objetivo será lutar pela vitória. É a única coisa que eu posso fazer por mim mesmo”, frisou. “Vamos começar em uma boa posição, o ritmo é bom, então estou confiante”, contou.

O piloto da Yamaha reconheceu, porém, que terá de se expor para poder conquistar a vitória.

“Amanhã é o dia para fazer o que eu quiser! Estou 23 pontos atrás, então essa é a única coisa positiva que consigo encontrar”, apontou. “A minha situação é de ir com tudo. Não preciso provar nada. Mas quero vencer. Preciso ser agressivo, mas inteligente. Claro, preciso ser agressivo desde o início”, anunciou.

Fabio prometeu, porém, não se atentar com a posição de Bagnaia ao longo da corrida.

“Eu não ligo. Na TV, parece que sou só eu e ele, mas eu preciso focar em mim”, defendeu. “Não é como se a diferença fosse de cinco pontos e fosse uma luta próxima. Tem uma diferença enorme. O que ele faz, não é problema meu. Quando o plano é tão claro, não gasto energia com mais nada”, assegurou.

Diferente do que aconteceu em boa parte da temporada, Quartararo parece não só relaxado, mas também com a moto completamente na mão.

“Me sinto super, super bem. Hoje foi um dos melhores sábados da temporada! O TL4 foi bom, o ritmo era ótimo”, comemorou. “Hoje eu decidi ir com tudo. Estou muito feliz com a minha posição. Não luto pela vitória desde a Alemanha, então é importante lutar até a última volta”, considerou.

“O feeling é duro. A moto não é fácil. Balança na freada da curva 1”, relatou.

Mesmo com a defesa do título tão ameaçada, Quartararo se disse orgulhoso da campanha que fez como campeão vigente.

“Sim. Cometi erros. A equipe cometeu erros. Mas, considerando o que aconteceu conosco no início da temporada, estou bem feliz e aprendi muitas coisas”, encerrou.

O jogo do GP da Comunidade Valenciana será de ataque contra defesa. Quartararo terá de se expor para buscar os 25 pontos de que precisa, mas, na posição em que se encontra, ele não pode mais garantir o título sozinho. Ele precisa de um erro ou de uma prova muito ruim de Bagnaia para poder virar o jogo. Cabe ao #63 se defender o bastante para não colocar em risco um título que já é praticamente dele.

A largada do GP da Comunidade Valenciana de MotoGP está marcada para as 10h (de Brasília) de deste domingo. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade.

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GRANDE PRÊMIO prepara esquenta para decisão do título da MotoGP. Confira aqui (Foto: Divulgação | Arte: Rodrigo Berton)

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