FIM mantém suspensão provisória e adia decisão final sobre doping de Iannone

A Federação Internacional de Motociclismo aceitou adiar por diz dias a decisão final sobre o caso de doping de Andrea Iannone após a defesa do atleta propor um teste no cabelo do italiano

A Federação Internacional de Motociclismo anunciou, na tarde desta terça-feira (4), que o julgamento final do caso de Andrea Iannone foi adiado e o italiano segue suspenso de forma provisória. Desta forma, o piloto da Aprilia irá perder os testes coletivos de pré-temporada da MotoGP, marcados para Sepang, na Malásia, nos próximos dias.
 
O comunicado da FIM é lacônico e afirma apenas que "a audiência da Corte Disciplinar Internacional aconteceu hoje, na sede da FIM e na presença de um painel com três juizes, onde o Sr. Iannone pôde apresentar sua defesa". E seguiu afirmando que "a investigação segue em curso até que uma decisão seja tomada. Iannone continua provisoriamente suspenso até lá".
 
Entretanto, de acordo com o site italiano 'GPone.com', a defesa de Iannone pediu um adiamento para realizar uma teste no cabelo do atleta e demonstrar que não há indícios de esteroides anabolizantes – o que ajudaria a manter a tese de que a substância foi ingerida em pequena quantidade por meio de um bife. Para isso, a decisão foi suspensa em dez dias.
 
Ainda ontem, Iannone desafiou o bom senso e foi a uma festa num clube chamado 'The Doping Club', em Milão, em festa organizada pela namorada dele.
Andrea Iannone (Foto: Divulgação/MotoGP)
Entenda o caso:
 
Foi na mesma Sepang, no primeiro fim de semana de novembro, que Iannone testou positivo para “substância não especificada nos termos da seção 1.1.a) esteroides androgênicos anabólicos exógenos (AAS)”. Mais tarde, a defesa do piloto pediu a contraprova e viu confirmação do doping.
 
A substância encontrada no exame de urina de Andrea é a drostanolona, um esteroide anabolizante injetável derivado do DHT. A drostanolona é muito comum em fisiculturismo, já que é eficaz no crescimento muscular.  
 
A drostanolona, aliás, é a mesma substância encontrada em Anderson Silva, lutador do UFC, num exame feito em 2015. A droga, descoberta em 1950, pode causar impotência, infertilidade e acne, além de aumentar o risco de câncer de próstata, de problemas cardíacos e de trombose.
 
Desde o início, a defesa alega que a droga entrou no sistema de Iannone por conta do consumo de carne animal durante os dias em que passou na Ásia, entre os GPs da Tailândia e da Malásia. Além de Iannone, outros oito pilotos foram testados em Sepang ― Romano Fenati, Ai Ogura, Marcos Ramírez, Remy Gardner, Joe Roberts, Xavi Vierge, Jorge Lorenzo e Marc Márquez ―, todos com resultado negativo.
 
Ainda que a ingestão do anabolizante tenha sido acidental, isso não livra Iannone imediatamente de uma suspensão, já que o grau de culpa ou negligência é o que vai determinar o tamanho do gancho. Além disso, o fato de ser uma droga presente na lista de substâncias proibidas da WADA (Agência Mundial Antidoping) também interfere no cálculo da sentença.
 
Apesar de a terça-feira ser um dia decisivo, pode ser que Andrea saia do encontro com o CDI sem uma resposta definitiva, já que, pelo regulamento da FIM, a corte tem até 45 dias para emitir uma decisão por escrito. Essa deliberação, que deve ser feita em inglês ou francês, tem de contar com uma justificativa e o período de inelegibilidade do atleta. Se for o caso, também é necessário justificar o fato de a pena não ter sido a maior punição.
 
No caso de Iannone, a drostanolona é uma substância que consta na lista da WADA como “proibida o tempo todo”, o que significa dentro e fora de competição. O artigo 4.2.2 do Código Mundial Antidoping determina que “todas as substâncias proibidas devem ser consideradas como ‘substância especificada’, exceto as substâncias nas classes S1, S2, S4.4, S4.5, S6.A, e métodos proibidos M1, M2 e M3”. A drostanolona faz parte da classe S1, de agentes anabólicos. 
 
No julgamento desta terça-feira, o caso Iannone será avaliado por dois juízes, um vindo da Comissão Internacional de Juízes e outro da Comissão Médica Internacional. A WADA ou a Federação Nacional de Motociclismo podem acompanhar a audiência, mas apenas como espectadoras.
 
A decisão da Corte Disciplinar Internacional, porém, só pode ser contestada no Tribunal Arbitral do Esporte.
 
Levando em conta a substância do doping, Iannone pode receber uma ampla gama de punições, que variam de quatro anos a uma reprimenda sem afastamento do esporte. As penas, aliás, dependem da substância, da forma de contaminação e do grau de culpa do piloto.
 
A pena máxima, de quatro anos, será aplicada se, em se tratando de uma substância especificada, a FIM comprovar que o uso foi intencional. Caso Andrea consiga provar que não tem uma parcela de culpa significativa ou que não foi negligente, a suspensão pode chegar a dois anos, dependendo do grau de culpa.
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