Na Honda do irmão, Álex Márquez elimina variáveis e alimenta comparações
Até então separados por categorias, Marc e Álex Márquez conviviam com um padrão desigual de comparação. Ao dividir a Honda, porém, o #73 alimenta os paralelos e abre caminho para ser mais e mais pressionado
Álex Márquez alcançou o sonho da MotoGP. E em grande estilo. Na última segunda-feira (18), a Honda anunciou o caçula dos irmãos de Cervera como substituto de Jorge Lorenzo, que optou pela aposentadoria depois de um ano difícil com a RC213V.
Campeão de Moto3 e Moto2, Álex tem, sim, o currículo necessário para alcançar a classe rainha, mas, por mais que ninguém, ao menos em sã consciência, vá recusar a poderosa Honda, o ingresso na vencedora da tríplice coroa de 2019 tem lá sua dose extra de desafios.
Irmão de Marc Márquez, Álex convive faz tempo com as comparações entre os dois. E isso não é exclusividade dele. Ralf foi comparado com Michael Schumacher, Luca Marini é comparado com Valentino Rossi, Popó foi comparado com Cacá Bueno, Bruno foi comparado com Ayrton Senna, Nelsinho foi comparado com Nelson Piquet, Daniel é comparado com Chico Serra e etc. Os vínculos familiares sempre acabam por estabelecer paralelos. Mais ainda se os atletas em questão forem contemporâneos.
Álex Márquez (Foto: Repsol)
Apesar dos tradicionais comparativos, muitas vezes é difícil nivelar os parentes por igual. Afinal, é preciso considerar diferenças de equipamento, de nível de grid e até de momento histórico.
Ao se juntar à Honda, porém, Álex elimina as variáveis. Munido da mesma RC213V do irmão hexacampeão, o #73 deixa apenas um diferencial para ser avaliado: o piloto.
Álex é tão bom piloto quando Marc?
Muito desta avaliação pode partir de um ponto de vista pessoal, claro, mas a frieza dos números é também um ponto a ser considerado. O caçula chegou ao Mundial em 2012 e, nas oito temporadas que disputou até aqui, passou por Moto3 e Moto2, disputou 135 GPs, venceu 12 vezes, somou um total de 38 pódios e 15 poles e conquistou dois títulos ― da Moto3 em 2014 e da Moto2 em 2019.
No mesmo intervalo de oito temporadas, portanto, entre 2008 e 2015, Marc passou por três categorias ― 125cc, Moto2 e MotoGP ―, disputou 132 GPs e conquistou 50 vitórias, 78 pódios e 58 poles no caminho para quatro títulos mundiais ― um nas 125cc, um na Moto2 e dois na MotoGP.
Claro, existem diferenças consideráveis entre as categorias e os momentos de cada uma, o que inviabiliza boa parte desta comparação. O fato principal, porém, é que Márquez precisou de menos tempo para alcançar a classe rainha do que o irmão.
De 2013 para cá, especialmente, o talento de Marc foi mais do que provado. O #93 enfileirou títulos na MotoGP, destruiu recordes e se tornou o maior vencedor da história da Honda.
Marc, hoje, é quem mais conhece a RC213V. É quem melhor a pilota pelos circuitos do mundo. Sendo assim, é de se esperar que o #93 facilite a adaptação de Álex. Afinal, o piloto de 26 anos pode encurtar o tempo de adaptação do irmão.
No entanto, já está mais do que provado que a Honda é uma moto difícil. A versão de 2019, por exemplo, só teve sucesso nas mãos de Marc. Se o protótipo do ano que vem seguir a mesma linha, a adaptação de Álex pode ficar ainda mais difícil.
Marc Márquez acompanha dos boxes o trabalho do irmão Álex (Foto: Repsol)
Do lado da Honda, é justo que Álex tenha sido cotado para a vaga. No fim das contas, é isso que acontece com todos os campões da Moto2. Por que seria diferente com o #73? Pelos laços de parentesco?
Mas, como quase tudo, existe um porém. Marc já admitiu que está negociando com a marca da asa dourada a renovação de seu novo contrato. E, apesar de ter dito reiteradamente que não pressionaria pela contratação do irmão, tampouco escondeu o desejo de tê-lo como companheiro. O que é normal, claro. Podendo, muitos irmãos ajudariam na carreira uns dos outros.
Então qual é o problema? É que um cenário como esse abre caminho para insinuações como: ‘se não contrata o Álex, a Honda perde o Marc’; ou ‘Álex só conseguiu a vaga por ser irmão do Marc’. As redes sociais já estão cheias de avaliações como essas.
Álex podia ter um início de caminhada muito mais tranquilo na MotoGP. Na Honda, a pressão será muito maior. A cobrança será muito maior. Seja isso justo ou não.
Resta saber se ele está preparado para resistir aos ataques que certamente virão e se será capaz de responder na pista.
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