O que faz Márquez ser tão melhor que os outros no Circuito das Américas? A resposta passa pelas pistas de terra

Marc Márquez pode não ter um passaporte norte-americano, mas reina absoluto nos Estados Unidos na MotoGP. Desde o debute na classe rainha, em 2013, o Mundial fez dez paradas no país hoje comandado por Donald Trump, e o #93 tem um aproveitamento de quase 100%, já que perdeu uma pole ― em Laguna Seca para Stefan Bradl ― e uma volta mais rápida ― para Andrea Iannone em Austin em 2015.

 

Se levarmos em conta os anos de Moto2, a invencibilidade de Márquez nos EUA sobe para 12 anos, já que o catalão venceu em Indianápolis em 2011 e 2012. Antes disso, Marc tinha como melhor resultado os dois sextos lugares de seus primeiros anos nas 125cc.

Apesar dos impressionantes números registrados nos Estados Unidos, é difícil imaginar que tal performance do piloto da Honda no país que declarou sua independência da coroa britânica em 4 de julho de 1776 tem relação com o clima, com a água ou até com a posição geográfica.

 

Mas, se o segredo não está no território, onde haveria de estar? Uma análise das vitórias de Márquez na MotoGP dá um indício: a orientação do traçado.

 

Das 36 vitórias de Márquez na MotoGP, 58,3% delas foram conquistadas em circuitos anti-horários: seis em Austin, cinco em Sachsenring, três no MotorLand, duas em Phillip Island, uma em Valência, três em Indianápolis e uma em Laguna Seca.

 

Se levarmos em conta os números globais da carreira do já tetracampeão da classe rainha, considerando os anos de 125cc e de Moto2, Marc conquistou 46,7% de suas 62 vitórias em circuitos que tem a maioria das curvas para a esquerda. E estes, aliás, são minoria no campeonato. Dos 21 circuitos pelos quais Márquez passou desde a chegada no Mundial em 2008, apenas sete tem sentido anti-horário.

 

Mas como o irmão de Álex consegue se dar tão bem em circuitos com predominância de curvas para a esquerda? Por conta de sua paixão e seus treinos de dirt-track.

 

Modalidade de motociclismo de velocidade, o dirt-track nasceu nos Estados Unidos e é praticado normalmente em circuitos ovais de terra, sempre no sentido anti-horário. Nesta disciplina, os pilotos derrapam com as motos nas curvas, o que exige uma habilidade significativa no controle dos freios, na inclinação da moto e também muita sensibilidade com o acelerador.

 

Praticante da modalidade deste pequeno, Márquez acredita que, além de auxiliar no preparo físico, o dirt-track ajuda em sua performance na MotoGP.

 

“É uma das melhores e mais divertidas formas de treinar e manter contato com o acelerador”, disse Marc. “Em todas as disciplinas do motociclismo você pode aprender pequenas coisas que te ajudam na hora de pilotar a MotoGP. No caso do dirt-track, é muito útil para trabalhar o controle de derrapagem e o tato com o acelerador”, explicou.

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