Retrospectiva 2020: KTM segue evolução gradativa e se permite pensar em títulos
A KTM entrou em 2020 com ambições modestas, mas sai com três vitórias, pilotos em alta e a certeza de que títulos não devem ficar apenas nos sonhos e podem ser conquistados em um futuro não muito distante
Antes da temporada 2020 da MotoGP começar, a KTM era uma grande incógnita. Com grande ajuda do trabalho de Dani Pedrosa, pilotos de testes da equipe, a expectativa era de um ligeiro avanço depois de um conturbado 2019 com Johann Zarco. O que se viu, no entanto, foi um supreendente resultado que faz a casa de Mattighofen soltar alto para o futuro.
A evolução da KTM é nítida com os anos. Em 2019, foram 134 pontos com a equipe principal e mais 42 da Tech3, time parceiro há dois anos. Na conturbada e difícil temporada 2020, foram 222 da equipe de fábrica e mais 152 da satélite, com três vitórias no total. Uma mudança que poucos esperavam, mas que agora a tornam a bola da vez no grid da MotoGP.
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É possível dizer que as mudanças no calendário, afetado pela pandemia da Covid-19, e a ausência do dominante Marc Márquez abriram uma chance para a KTM alçar voos maiores do que os esperados no início do ano. Top-5? Pódios? Esses sonhos eram possíveis e, de alguma forma, foram alcançados com Pol Espargaró e Brad Binder — do time principal —, além de Miguel Oliveira, da KTM. Apenas Iker Lecuona destoou no quarteto e fez míseros dois top-10 ao longo do ano.
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A primeira grande surpresa do ano para a KTM surgiu logo na terceira corrida da temporada, em Brno, quando Brad Binder dominou a prova para conseguir a primeira vitória na carreira ainda como novato na categoria e tentando se entender com a nova moto. Parecia um sonho, é verdade, mas apenas uma boa demonstração do que poderia acontecer no certame. É verdade que esta foi a única vitória do time principal em 2020, mas o potencial do modelo RC16. Apesar disso, o sul-africano não manteve a regularidade, o que é normal para um estrante, e foi apenas o 11º na tabela de pontos.
Ainda que não tenha conquistado nenhuma vitória, Pol Espargaró bateu na trave em diversas oportunidades, com cinco pódios. Mais experiente, o espanhol deixou boa impressão. Sua grande chance de vencer uma prova foi na Estíria, quando liderava até a última curva, mas a intensa disputa pela liderança com Jack Miller abriu espaço para a conquista do improvável Miguel Oliveira — calma, ainda vamos falar dele por aqui. Como prêmio pelo bom ano, Pol vai para a equipe de fábrica da Honda no próximo ano.
A outra equipe com motos KTM em 2020 foi a Tech3 novamente. Com Miguel Oliveira em seu segundo ano, e com a missão de capitanear o time no meio do pelotão, a surpresa foi geral com o rendimento apresentado. Miguel Oliveira foi apenas o nono colocado no campeonato, é verdade, mas conseguiu duas grandes vitórias no ano: a primeira, na Estíria, foi com uma ultrapassagem dupla na última curva; em Portugal, sua corrida de casa, dominou de ponta a ponta sem dar chances para os concorrentes.
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O amadurecimento do português rendeu a ele uma chance de subir para a equipe de fábrica em 2021. Enquanto isso, porém, Iker Lecuona estacionou. É bem verdade que ninguém entendeu bem a escolha pelo espanhol de resultados medíocres na Moto2, então não houve uma grande decepção pelos resultados ruins na MotoGP. Houve, no entanto, uma percepção de que é necessário mais tempo para analisar o desempenho e, por isso, outra chance foi dada para 2021, dessa vez ao lado de Danilo Petrucci.
A evolução da KTM foi nítida e o top-3 no campeonato foi mérito de um trabalho iniciado em 2017 e aprimorado com maestria nas últimas temporadas. Diante do quinto ano na categoria, e do que fez nesta temporada, não é loucura pensar que a montadora austríaca pode, sim, brigar por muito mais em 2021: o título, de pilotos e equipes, deixou de ser um sonho distante para virar uma missão possível. Basta apenas seguir a fórmula de sucesso encontrada no meio do caos que foi o ano de 2020.
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