Conselho de equipes cobra novo modelo de negócios e boicota reunião com Nascar

Os donos relataram dificuldades para manter financeiramente as equipes e entenderam que a Nascar "não negociou de boa fé" os repasses do lucro. Em comunicado, categoria rebateu as críticas

A Nascar vive um impasse do ponto de visto dos negócios. Nesta quarta-feira (5), um comitê de negociação, composto pelas principais equipes no grid, não compareceu à reunião trimestral com representantes da categoria norte-americana. De acordo com a agência de notícias Associated Press, os donos dos times boicotaram o encontro como um protesto, diante da demora em encontrar uma solução no que diz respeito à receita que chega aos times.

Os proprietários consideram que o atual modelo de negócios da Nascar em relação às equipes é falido, porque a maior parte do lucro é destinada às pistas que recebem a temporada e à Nascar. Já as equipes são forçadas a financiar suas organizações por meio de patrocínio externo. Ainda, a principal dificuldade alegada pelos donos é que a parcela repassada de todo o lucro do campeonato é muito pequena e não possibilita o funcionamento sem grandes apoiadores – que chegam a bancar de 60% a 80% dos custos operacionais dos times. Por esse motivo, quando as equipes não conseguem esse aporte financeiro vindo de fora, a única solução é cortar funcionários, o que empobrece a estrutura.

Essas reclamações foram apresentadas em outubro do ano passado à Nascar, que prometeu avaliar um novo modelo de negócio, com mudanças nos acordos com as equipes. Isso, porém, não aconteceu e, segundo a apuração da AP, alguns times “acreditam que a Nascar não negociou de boa fé”. As esquadras também revelaram que desejam que o diretor-executivo da categoria, Jim France, e a vice-presidente executiva, Lesa France Kennedy, estejam presentes nas reuniões.

À Associated Press, os líderes do comitê das equipes disseram que um progresso acentuado foi feito com a Nascar em muitas questões importantes, mas os dois lados chegaram a um “impasse significativo”.

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William Byron comemora vitória na etapa de Las Vegas da Nascar com o carro #24 adesivado com vários patrocinadores (Foto: Nascar)

Por sua vez, a Nascar rebateu as alegações em um comunicado emitido também nesta quarta. Na nota, a categoria ressaltou que “está comprometida regularmente com um diálogo aberto e produtivo com todas as partes interessadas do setor” e que também segue empenhada “em continuar as discussões no espírito de colaboração e com o objetivo comum de desenvolver nosso esporte para o benefício de todas as partes interessadas”.

Ainda segundo a Nascar, todas as equipes recebem cerca 40% da receita gerada pelo popular campeonato dos Estados Unidos. Em 2015, também foi assinado um acordo de direitos de mídia em torno de US$ 8,2 bilhões (aproximadamente R$ 25 bilhões, conforme a taxa de câmbio da época). Deste montante, 65% foi enviado para as pistas, 25% para as equipes e 10% para a Nascar. Os circuitos, porém, são administrados em sua maioria pela própria Nascar, que pertence à família France.

Esse contrato expira em 2024, assim como os acordos de franquia que permitem a participação das equipes no campeonato. Portanto, a categoria se vê na necessidade de oferecer melhores condições a fim de evitar um esvaziamento da série principal. As negociações com a Fox Sports e a NBC Sports para renovação já estão em andamento e têm prazo até início de maio para encerrar. Só depois a Nascar vai preparar uma proposta aos donos das escuderias.

O presidente da Nascar, Steve Phelps, disse em fevereiro que estava confiante de que uma solução poderia ser encontrada. “Dissemos publicamente e continuaremos a dizer publicamente que precisamos ter equipes financeiramente saudáveis. Times financeiramente saudáveis vão colocar um produto melhor na pista, e isso é ótimo para o esporte em geral”, garantiu.

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