Hepta da Nascar, Petty vai a Talladega de última hora “para abraçar Wallace”

Richard Petty evitava ir a provas da Nascar por medo do coronavírus, mas decidiu ir a Talladega para apoiar Bubba Wallace, vítima de ataque racista no domingo. O FBI entrou na investigação para identificar o infrator

Bubba Wallace, vítima de ameaça racista ao encontrar um nó de forca amarrado em sua garagem em Talladega, segue recebendo grande apoio da Nascar. Depois de mensagens de conforto de virtualmente o grid inteiro da categoria, chegou a vez do lendário Richard Petty se fazer presente. O heptacampeão, chefe de Wallace, decidiu ir de última hora ao Alabama para “abraçar meu piloto”.

Petty, assim, aparece em um autódromo pela primeira vez desde março. Com 82 anos, o heptacampeão estava afastado para minimizar riscos de contrair coronavírus. A situação extrema, entretanto, levou Richard a abrir uma exceção: “o mais importante para mim agora é poder abraçar meu piloto”, disse, de acordo com a ESPN.

Em nota oficial, Richard comentou que está bastante irritado com o ato e chamou atenção para o longo caminho até erradicar o racismo na sociedade.

“Estou enfurecido pelo ato de colocarem uma nó de forca na garagem do meu time. Não existe espaço no nosso esporte ou na sociedade para o racismo. Esse ato sujo vai servir de exemplo do quão longe ainda precisamos ir para erradicar o preconceito, e inflamou meu sentimento de usar os recursos da Richard Petty Motorsports para criar uma mudança. O doente que fez este ato precisa ser rapidamente encontrado, exposto e expulso da Nascar. Eu acredito de coração que este ato não representa os competidores que vejo a cada dia nas garagens da Nascar. Eu permaneço ombro a ombro com Bubba ontem, hoje, amanhã e qualquer dia em diante”, declarou o heptacampeão e dono de 200 vitórias na categoria.

Richard Petty vai apoiar Bubba Wallace em um momento difícil (Foto: Nascar Media)

O nó de forca é um símbolo associado ao linchamento em ataques racistas nos Estados Unidos. Seu uso como símbolo racista encontra raízes ainda no Século 19. Na época, com a escravidão já abolida nos Estados Unidos, grupos como a Ku Klux Klan passaram a promover linchamentos de afroamericanos. As vítimas seriam repetidamente golpeadas por brancos e, depois, enforcadas com o nó em árvores.

Ainda não se sabe quem promoveu o ato. A investigação continua, com a Nascar prometendo expulsar o responsável. A garagem de Wallace, assim como todas as outras, é acessível por funcionários de qualquer equipe e por empregados de Talladega.

A Nascar, entretanto, não vai lidar com a situação por conta própria. De acordo com a agência AP, a categoria entrou em contato com o FBI, o departamento federal de investigação dos Estados Unidos. A agência já participa da busca de informações sobre o infrator.

Alabama pede desculpas a Wallace

O ato reverberou ainda mais no Alabama, onde Talladega fica. Kay Ivey, governadora local, fez questão de manifestar apoio a Wallace. O piloto do #43 é nascido em Mobile, a quarta maior cidade do estado.

“Eu fiquei chocada ao saber do ato de ódio de ontem contra Bubba Wallace em Talladega”, disse Ivey em comunicado. “Não há espaço para demonstrações nojentas de ódio no nosso estado. Racismo e ameaças dessa natureza não serão toleradas e eu me comprometo em ajudar a garantir que o responsável por isso seja encontrado e punido. Apesar de já termos uma conversa sobre reconciliação racial no país inteiro, fica claro quanto trabalho ainda precisa ser feito. Wallace é um de nós, nasceu em Mobile [cidade no Alabama] e, em nome de todos alabamienses, peço desculpas a ele, à família e aos amigos”, seguiu.

O Alabama tem história particularmente conturbada quanto o assunto é conflito racial. O estado foi um dos que rompeu com os Estados Unidos durante a Guerra Civil, optando por fazer parte da Confederação, grupo que defendia o uso de escravos na agricultura. Mesmo na história mais recente, a região foi palco de repressões violentas a protestos que pediam o direito de voto à comunidade afroamericana. O principal exemplo disso, as marchas de Selma a Montgomery, completou 55 anos em março.

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