Símbolo racista, nó de forca é encontrado na garagem de Wallace

O nó de forca virou símbolo de linchamento em ataques racistas nos Estados Unidos. Foi justamente isso que Bubba Wallace, único preto no grid da Nascar, encontrou em sua garagem em Talladega. A categoria prometeu expulsar responsável

O domingo (21) deveria ter sido de corrida da Nascar em Talladega. A chuva caiu, a prova foi adiada, e um assunto muito mais sério ganhou as manchetes: um nó de forca, símbolo associado ao linchamento e à morte em ataques racistas nos Estados Unidos, foi encontrado na garagem de Bubba Wallace, único piloto preto da categoria.

O nó foi encontrado na garagem do carro #43. Apesar de o espaço pertencer à equipe Richard Petty Motorsports, poderia ser acessado por membros de qualquer outra da Nascar. A categoria se comprometeu com uma investigação para determinar o responsável pelo ato, que será “eliminado do esporte”.

“A Nascar tomou conhecimento de que no fim desta tarde um nó de forca foi encontrado na garagem da equipe do #43”, disse a Nascar através de comunicado. “Estamos irritados e indignados. Não podemos destacar o suficiente como estamos levando a sério esse ato abominável. Nós lançamos uma investigação imediata e vamos fazer de tudo para identificar os responsáveis e os eliminar do nosso esporte. Como já deixamos claro, não há lugar para racismo na Nascar. Essa atitude só fortalece nosso comprometimento para tornar esse esporte aberto para todos”, seguiu.

Bubba Wallace virou símbolo antirracista na Nascar (Foto: Nascar Media)

A demonstração racista vem em um momento de transformação da Nascar. A categoria apoiou manifestações antirracistas após o assassinato de George Floyd, preto asfixiado pela polícia americana em maio. Depois, proibiu a exibição da bandeira confederada, símbolo associado ao supremacismo branco. Nos dois frontes, foi Wallace quem fez questão de se colocar em destaque.

“O detestável ato de racismo e ódio de hoje me deixa incrivelmente triste e serve como um lembrete doloroso de como ainda precisamos avançar enquanto sociedade e como precisamos ser persistentes na luta contra o racismo”, escreveu Wallace em suas redes sociais. “Ao longo das últimas semanas, eu recebi muito apoio de pessoas na comunidade da Nascar, incluindo outros pilotos e membros de outras equipes. Juntos, fizemos nosso esporte se comprometer com uma mudança verdadeira, com a defesa de uma comunidade que precisa aceitar todo mundo. Nada é mais importante e não seremos interrompidos por atos daqueles que espalham ódio. Como minha mãe me disse hoje, “eles só estão tentando te assustar”. Isso não vai me derrubar, não vou desistir ou parar. Vou seguir defendendo o que acredito com orgulho”, seguiu.

O uso do nó de forca como símbolo racista encontra suas raízes ainda no Século 19. Na época, com a escravidão já abolida nos Estados Unidos, grupos como a Ku Klux Klan passaram a promover linchamentos de afroamericanos. As vítimas seriam repetidamente golpeadas por brancos e, depois, amarradas com o nó em árvores.

É nesse contexto, de ameaças racistas e caça aos responsáveis, que a Nascar vai realizar a corrida de Talladega nesta segunda-feira.

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